Review de Show: Paul Di'Anno em Porto Alegre (19/04/2013)

quinta-feira, 25 de abril de 2013


Antes de mais nada, peço desculpas aos nossos leitores pela demora em publicar essa resenha. O primeiro motivo do atraso foram as fotos do show que eu gostaria de incluir nessa matéria, mas que infelizmente não estão presentes no post. E o segundo motivo são os problemas de saúde que tive durante a semana. Agora vamos ao que interessa.
Sexta-feira com clima de festa com a despedida de Paul Di'Anno na Rock N' Bira. Para quem não sabe, a Rock N' Bira é uma festa mensal que a Abstratti Produtora realiza uma vez por mês no Bar Opinião, em Porto Alegre. Geralmente, é uma festa open bar com a presença de bandas prestando tributos a lendas do rock, mas dessa vez a ocasião era mais do que especial. Para celebrar os 10 anos da produtora, a grande atração da noite seria o eterno ex-vocalista do Maiden.

Quem deu início aos trabalhos da noite foi o Scelerata, banda veterana do cenário nacional e muito conhecida pelos gaúchos. E como você pode imaginar, time que joga em casa leva vantagem, o que faz com que não seja uma surpresa o fato de muitos estarem vibrando com a banda de abertura. A banda apresentou algumas músicas de seu álbum mais recente, "The Sniper", como a ótima "Breaking The Chains", além de um cover de "Master Of Puppets", do Metallica. 
Verdade seja dita, apesar de toda a saturação do Power Metal atualmente, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, o Scelerata ainda consegue destacar-se dentro da proposta trabalhada. É inegável o talento e profissionalismo da banda, ótimos músicos que têm uma grande presença de palco. A última vez que vi a banda ao vivo foi em 2009, então fiquei bem surpreso com a performance do vocalista Fabio Juan, um dos melhores frontman do gênero, eu diria. 
O show do Scelerata já havia terminado e muita gente estava recém entrando no Opinião. De fato, a procura por ingressos antecipados do evento foi grande, o que gerou uma enorme fila do lado de fora. Importante ressaltar que um cartaz na frente do local já anunciava que o limite da casa é de pouco mais de 1.700 pessoas, sinal de que a preocupação com a segurança de todos foi valorizada. Vale lembrar também que algumas câmeras estavam espalhadas pelo Opinião para registrar o show para um futuro lançamento em DVD.
Após um pequeno atraso, o já tradicional telão do Opinião que anuncia os próximos shows ergue-se e lá estava ele no palco, Paul Di'Anno, atração principal da noite, acompanhado dos músicos do Scelerata. Após uma breve intro, a banda já começa mandando "Sanctuary" e "Purgatory", dois clássicos absolutos do Iron Maiden. Quanto a Di'Anno, são visíveis os motivos pelos quais o vocalista pretende aposentar-se: seu problema no joelho agravou-se e ele mal consegue locomover-se pelo palco. Di'Anno não lembra nem um pouco o homem que foi frontman do Maiden entre o final dos anos 70's e começo dos 80's. 
Na sequência, tivemos "Wrathchild", talvez o momento mais empolgante da noite. Foi realmente lindo ver um circle pit se formando durante essa música, além de todos na pista pularem ao ritmo dela. Em muitos momentos do show, Di'Anno pedia para o público cantar no lugar dele, o que era prontamente atendido em uníssono por todos. Fechando o começo do show com clássicos do Maiden, ainda tivemos "Prowler", outra que obviamente fez todos os presentes vibrarem. 
"Marshall Lockjaw" veio logo em seguida, originalmente lançado no ótimo "Murder One", do Killers, em 1992. Uma pena que poucos presentes conhecem a carreira de Di'Anno pós-Maiden, pois o vocalista participou de excelentes trabalhos que não receberam seu devido valor. Mais uma do Maiden na sequência: "Murders In The Rue Morgue", canção imortalizada no álbum "Killers". Outra vez, cantada por todos os presentes do início ao fim. 
Mais duas grandes canções de Di'Anno pós-Maiden vieram na sequência: "The Beast Arises" (também do "Murder One") e "Children Of Madness" (faixa-título do segundo álbum do Battlezone, de 1987). Essa última, possivelmente a música mais bem recebida pelos presentes, excluindo as canções do Maiden, é claro. A instrumental "Genghis Khan" veio logo depois e Di'Anno aproveitou a pausa para fumar um cigarro. Impossível não destacar a incrível precisão do pessoal do Scelerata ao executar essa música. 
A próxima música, segundo o vocalista, seria dedicada a Clive Burr, ex-baterista do Maiden que faleceu em março passado. "Remember Tomorrow" foi um dos momentos mais emocionantes da noite. O que seguiu foi uma série de clássicos dos dois primeiros álbuns do Maiden: "Charlotte The Harlot", "Killers" e "Phantom Of The Opera". Em certo momento, Di'Anno simplesmente sentou à frente a bateria, aparentemente a dor em seu joelho estava insuportável. Mesmo assim, o vocalista seguiu em frente enfrentando suas limitações. 
Após uma pequena pausa, o Scelerata entra no palco e mandou ver em "Transylvania", instrumental presente no primeiro álbum da Donzela de Ferro. Di'Anno retorna ao palco com a ajuda de um roadie e antes de tocar a última música do bis, falou um pouco com o público. Ele reiterou o fato dessa ser sua última turnê, uma vez que seu problema no joelho torna muito difícil ficar viajando o tempo inteiro, além de querer dedicar mais tempo para sua família. Ainda completou falando que ele faz isso por puro amor à música e não por dinheiro. Finalizado o breve discurso, "Running Free" fechou a noite com chave de ouro, com participação de Ricardo Finocchiaro no vocal, promotor da turnê e proprietário da Abstratti. 
Fim do show e a conclusão que chegamos é que valeu muito mais pelo seu valor histórico, uma vez que Di'Anno não deve retornar a Porto Alegre. O Scelerata fez, mais uma vez, um ótimo trabalho acompanhando o vocalista. Magnus Wichmann e o recém chegado Edson Aires reproduziram cada linha de guitarra com exímia perfeição, Gustavo Strapazon, além de ser um ótimo baixista, tem uma ótima presença de palco que empolga a todos, e o baterista Francis Cassol mais uma vez mandou muito bem. Minha única queixa é não incluirem no repertório nenhuma música do "Nomad", meu álbum favorito de Di'Anno. 
Di'Anno foi um sujeito que levou aos extremos o estilo de vida do Rock'n'Roll e agora está pagando preço por isso. Sua voz falhou em alguns momentos, mas muitos não ligaram para isso, pois como eu disse anteriormente, o show estava valendo muito mais pelo seu valor histórico. Mesmo assim, acredito que o vocalista merece todos os méritos possíveis pelo seu esforço em ainda tocar ao vivo mesmo com tantos problemas que precisa encarar.  

Set list:

Sanctuary
Purgatory
Wrathchild
Prowler
Marshall Lockjaw
Murders In The Rue Morgue
The Beast Arises
Children Of Madness
Genghis Khan
Remember Tomorrow
Charlotte The Harlot
Killers
Phantom Of The Opera
---
Transylvania
Running Free 

Nenhum comentário:

Postar um comentário