Review de CD: HIM - Tears On Tape

segunda-feira, 29 de abril de 2013


Em janeiro desse ano eu fiz um post com um Top 5 dos álbuns mais aguardados de 2013 e o HIM recebeu uma menção honrosa. O motivo foi uma declaração do vocalista Ville Valo de que o álbum seria um encontro entre Rambo e o livro "50 Tons de Cinza", o que obviamente chama a atenção pelo teor humorístico da declaração. O problema é que agora eu finalmente escutei o álbum mas ainda não consegui encontrar o Rambo no meio disso tudo. Infelizmente, ele está muito mais para "50 Tons de Cinza", ou seja, um trabalho de gosto duvidoso e totalmente voltado para as massas.
O novo álbum dos finlandeses chama-se "Tears On Tape" e chegou as lojas finlandesas no último dia 26, com o lançamento para o resto da Europa hoje e amanhã chegando nas lojas da América do Norte. O petardo em si não é ruim, possivelmente os fãs da banda gostarão do novo trabalho. Mas para um ouvinte mais ocasional da banda, "Tears On Tape" vai ser apenas mais do mesmo. Tudo bem você repetir continuamente a mesma fórmula se sua banda chama-se Slayer ou AC/DC, mas estamos falando de HIM. Jamais questionaria o talento deles, mas persistir num som que sempre tem as mesmas características acabou tornado-se incrivelmente chato. 


O álbum abre com a intro "Unleash The Red", que por sua vez nos conduz a "All Lips Go Blue". A canção é bem pesada, com guitarras realmente marcantes e a tradicional levada da banda. Típica música de abertura de um álbum do HIM, inclusive lembrando em muito "In Venere Veritas", faixa de abertura de seu álbum anterior, "Screamworks - Love In Theory And Practice". Logo depois temos "Love Without Tears", uma bela canção com aquilo que o HIM sabe fazer de melhor, ou seja, um refrão que você vai decorar logo na primeira audição. 
A quarta faixa é "I Will Be The End Of You", primeiro single do disco, mais uma daquelas faixas típicas da banda. E é aí que começam os problemas, pois você passa a ter o pior tipo de sensação que um álbum pode passar, aquele momento em que você acredita estar vivendo um deja-vu. Os riffs são exatamente iguais a inúmeros outros que Mikko Lindström já compôs, o que é uma pena pois ele é um guitarrista incrivelmente talentoso. Depois dessa música, você fica com a impressão de que todo o resto do álbum vai ser assim e ao final dele percebe que essa impressão estava certa. 
A faixa-título vem logo a seguir, uma boa canção que dá continuidade a tradição da banda de escrever boas baladas. Tem tudo para ser um verdadeiro sucesso radiofônico, refrão marcante e o teclado com uma melodia harmoniosa que repete-se pela música toda. Aliás, se alguém sabe me explicar o motivo pela qual Janne Puurtinen sempre usa os mesmos efeitos de teclado, eu agradeceria. Mais do mesmo... de novo!
As próximas faixas são "Into The Night" e "Hearts At War", músicas que tem bons riffs, especialmente a segunda canção que tem um trecho muito pesado e realmente bem bacana. Só que quando você fica empolgado por ter encontrado o Rambo do início do texto, ele faz apenas uma ponta e logo desaperece para não retornar mais. A vinheta "Trapped In Autumn", tão expressiva quanto o álbum do Metallica com o Lou Reed, nos conduz a "No Love". Essa sim, uma música que merece destaque no álbum, com riffs mais pegados e sem muitos exageros nos vícios de Ville como vocalista. Quem já é familiarizado com o som da banda sabe do que estou falando, Ville é um ótimo vocalista, mas sua carreira inteira pecou em repetir pequenos detalhes que jamais seriam notados se tivessem sido aplicados incessantemente. Mas ele deve fazer isso por gosto, garotas devem ter ataques histéricos toda vez que escutam seu suspiro "sugando o ar". 
"Drawn & Quartered" também não acrescenta nada ao álbum, até a vinheta "Lucifer's Chorale" chama mais atenção com seu clima macabro. Mas "W.L.S.T.D." dá mais esperança ao ouvinte, possivelmente o melhor momento do álbum com seu riff arrastado e Ville cantando em um tom mais baixo. Apesar disso, alguns clichês do HIM continuam repetindo-se nessa música, como as melodias de teclado no refrão. "Tears On Tape" é encerrado com a outro "Kiss The Void", por incrível que pareça, pouco mais de dois minutos com ruídos que são mais divertos que 80% do álbum.
Resumindo, se você é fã de HIM, possivelmente vai gostar do álbum ou talvez fique com a mesma sensação que eu tive, ou seja, só mais um trabalho para figurar na discografia da banda. Mas se você nunca gostou do Love Metal dos finlandeses, não vai ser "Tears On Tape" que mudará sua opinião. Particularmente, eu nem queria muita coisa, ao menos uma música mais experimental, como "Sleepwalking Past Hope" (do álbum "Venus Doom"), já me deixaria feliz. Em contrapartida, ele tem tudo para ser um grande sucesso comercial, assim como tudo mais que essa banda já lançou.
Se alguém encontrar o Sylvester Stallone em uma das 13 faixas, por favor me avise. Ao menos eu consegui a edição especial da revista Metal Hammer, que tem como bônus 7 músicas antigas regravadas ao vivo em estúdio. Clássicos como "Heartkiller", "Buried Alive By Love" e "The Funeral Of Hearts". Ajuda a recuperar os 40 minutos de tédio com "Tears On Tape".

Nota: 3







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