Once Upon A Time: Type O Negative

quarta-feira, 10 de abril de 2013


Sexta-feira, 13 de maio de 2005. O site oficial do Type O Negative posta uma notícia de que seu vocalista, Peter Steele, havia falecido. Considerando que a banda era conhecida por seu humor negro, ninguém ficou surpreso ao ser revelado que tudo não passava de uma farsa. Em 14 de abril de 2010, a mesma notícia era divulgada, só que dessa vez era realidade. Infelizmente, o Green Man havia nos deixado devido a problemas cardíacos. 
O Type O Negative é uma banda que dispensa apresentações. Com seu som totalmente único e características que levaram a banda para muito além de seu nicho, foi um dos grupos mais relevantes da cena mundial durante seus mais de 20 anos de existência. A banda é nossa homenageada da vez na sessão Once Upon A Time, coluna dedicada a relembrar grandes bandas do rock e metal que já encerraram atividades. 
O grupo sempre diferenciou-se através de pequenos detalhes que deram origem a uma personalidade própria que sempre foi exaltada pelos fãs. Musicalmente, o som sempre foi obscuro e com diversas influências de gothic e doom, mas sempre acrescentando elementos mais experimentais. Tanto que, não é difícil notar algumas influências do rock'n'roll dos anos 70 em alguns trabalhos da banda. As letras também são uma atração a parte no TON, sempre carregadas de muito humor negro. Todos os álbuns sempre foram creditados como uma produção feita em Vinnland, uma terra fictícia que seria uma espécie de unificação entre os EUA e o Canadá. Enfim, detalhes que tornaram essa banda totalmente impar. 


A banda foi formada no Brooklyn nova-iorquino em 1987, logo após Peter Steele deixar o Carnivore. Antes de chamarem-se Type O Negative, tiveram outros três nomes: Repulsion (1987), New Minority (1988) e Sub-Zero (1989). Sua formação original contava com, além de Steele no baixo e vocal, Kenny Hickey (guitarra), Josh Silver (teclados) e Sal Abruscato (bateria). Lançaram seu primeiro álbum, "Slow, Deep And Hard", assim que assinaram um contrato com a Roadrunner Records, em 1991. Na época, o trabalho não teve uma grande repercussão e ainda estava muito longe de mostrar todo o potencial do Type O Negative que todos conhecem. 
No ano seguinte, a banda lançaria "The Origin Of Feces", uma grande evolução musical em relação ao seu debut. Esse é um álbum realmente único, que foi inteiramente gravado em estúdio, mas sons de uma platéia fictícia foram adicionados para dar a impressão de um álbum ao vivo. Inclusive, em uma das músicas a banda chega a interromper o "show" devido a uma ameaça de bomba no local onde ele supostamente aconteceu. Algumas das faixas são, na verdade, versões como novos arranjos de músicas do primeiro álbum, enquanto outras já nos trazem um Type O Negative muito mais próximo dos trabalhos futuros, como "Are You Afraid" e "Kill You Tonight".


Foi em 1993 que a banda realmente alcançou um status invejável ao lançar o que é considerado por muitos como seu trabalho definitivo: "Bloody Kisses". Esse foi o primeiro álbum da Roadrunner que alcançou disco de ouro e platina, um álbum repleto de clássicos da banda, como "Black No. 1", "Christian Woman", "We Hate Everyone", "Too Late: Frozen" e tantos outros. Em meio a toda essa explosão na mídia mainstream, com clipes passando na MTV e VH1, Sal Abruscato deixa a banda para juntar-se a outra banda do Brooklyn, o Life Of Agony. Quem assumiu as baquetas foi Johnny Kelly, até então técnico de bateria da banda, dando origem a formação definitiva da banda. 



Demoraram 3 anos para um novo trabalho do Type O Negative ser lançado, quando "October Rust" chegou as lojas, em 1996. O álbum segue de onde seu antecessor havia parado, nos brindando com o som já característico do quarteto. Mais uma vez, uma série de canções que tornaram-se hinos imortais da banda: "My Girlfried's Girlfriend", "Love Me To Death", "Wolf Moon", "Be My Druidess", "Die With Me"... o álbum inteiro é absolutamente magnífico! É comum os fãs da banda dividirem-se entre os que tem "October Rust" como seu favorito e os que preferem "Bloody Kisses". Mais uma vez, o álbum ganhou disco de ouro, apesar de não ter sido um sucesso comercial superior a "Bloody Kisses". 


Em 1999, a banda lançou "World Coming Down", possivelmente o álbum que mais diverge as opiniões dos fãs. Está muito longe de ser um trabalho fraco, pelo contrário, mas também não alcança o mesmo nível de qualidade dos dois mega sucessos lançados anteriormente. Há também quem o considere como um dos pontos altos da discografia da banda. Possivelmente, a canção mais lembrada desse álbum é "Everything Dies". Vale dar destaque também para a longa faixa-título, que só foi executada ao vivo anos mais tarde durante a turnê de "Dead Again". O álbum foi seguido por uma coletânea, "The Least Worst Of", lançada um ano depois. 


"Life Is Killing Me", álbum lançado em 2003, é aquele tipo de trabalho que uma banda lança e é aprovado de forma unânime pelos fãs. O álbum contém ótimas músicas, como "Anesthesia", "Nettie" e o single "I Don't Wanna Be Me", que ganhou um clipe incrivelmente hilário. Na mesma época, a banda ainda gravou um cover de "Highway Star", do Deep Purple, para a trilha sonora da Nascar. 


Depois de muito tempo na estrada, a banda lançou o DVD "Symphony for the Devil (The World of Type O Negative)", contendo um show gravado em 1999, no festival alemão Bizarre Festival, e um documentário contendo cenas de bastidores. Lançamento obrigatório para todos os fãs, mostrando a insanidade que era a banda quando estava na estrada. Outro ponto alto desse material é uma entrevista onde Peter relata o período que esteve preso. 


Depois de deixar a Roadrunner, a banda assinou com a gravadora SPV e lançou "Dead Again", em 2007. Esse seria o último trabalho lançado pela banda e, certamente, um de seus melhores. O álbum conta com as ótimas "The Profit Of Doom", "September Sun" e "Halloween In Heaven" (essa última uma homenagem a Dimebag Darrell, que era amigo dos integrantes da banda). Para divulgar o álbum, a banda saiu em uma grande turnê que incluiu grandes festivais como Rock Am Ring e Wacken Open Air. 


A banda ainda sairia em turnê em 2009 e começava a pensar em um próximo álbum de estúdio. Peter Steele estava empolgado, pensando em escrever canções com uma afinação mais baixa e preparando várias ideias. Mas, infelizmente, esse álbum jamais seria gravado, uma vez que o mundo soube de sua morte em abril de 2010. 
Uma matéria sobre o Type O Negative jamais conseguirá fazer juz ao legado da banda ao tentarmos cobrir mais de 20 anos. O que fizemos aqui é apenas uma apanhado geral da carreira dos nova-iorquinos. Aguardem, pois mais matérias especiais em homenagem a Peter Steele estão a caminho.


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