Entrevista: Pinche Peach (BRUJERIA)

segunda-feira, 8 de abril de 2013





Para celebrar em grande estilo o retorno do All That Metal, trazemos até vocês uma entrevista com Pinche Peach, músico responsável pelos samples e backing vocals do lendário Brujeria. O grupo liderado por Juan Brujo dispensa apresentações, sendo um dos principais a contribuir com a globalização da cena mundial. O Brujeria, formado em 1989, foi uma das primeiras bandas a quebrar as barreiras da língua inglesa como a única a ser usada por bandas que faziam um som mais pesado. Obviamente, outras bandas já faziam isso na cena underground, mas o Brujeria foi uma das primeiras a obter um reconhecimento maior. Completam o line-up da banda, hoje em dia, os guitarristas Hongo (Shane Embury, baixista do Napalm Death) e Aa Kuernito (Chris Paccou), o baixista/vocalista Fantasma, El Clavador (Daniel Erlandsson do Arch Enemy, ex-Carcass) na bateria, El Cynico como baixista (Jeff Walker do Carcass) e a frontwoman Pititis, que divide os vocais com El Brujo.
Ao longo de sua existência, o Brujeria tornou-se um ícone do Grindcore com sua imagem  misteriosa que permanece mesmo nos dias atuais, onde a internet nos faz saber tudo que grandes músicos fazem em suas vidas particulares. É comum muitas pessoas ainda acreditarem que a banda é formada por lordes do tráfico no México. Se isso é verdade ou não, quem sabe você descubra na entrevista. O fato é, a banda já teve e ainda tem formações que dão inveja a qualquer banda, considerando os grandes músicos que já passaram pelo 'Ejercito de Brujeria'.
Antes de dar início a entrevista, segue uma história curiosa. Em meu trabalho do dia-a-dia, costumo vez ou outra viajar para diversos lugares. Certa vez, estava em um vôo de Porto Alegre para Brasília que tinha uma parada em São Paulo. Na parada, entram outros passageiros e, dentre eles, quem estava lá? Isso mesmo, o pessoal do Brujeria! Foi assim que passei a ter contato com Pinche Peach, que estava ao meu lado e bateu um papo bem-humorado comigo ao longo da viagem. Definitivamente, um momento único.
A entrevista foi realizada em janeiro desse ano, mas como vocês sabem, o blog esteve inativo e só agora está sendo postada. Falamos sobre o próximo trabalho de estúdio do Brujeria (que está devendo um novo álbum aos seus fãs já faz um tempo, não acham?), o tributo a banda recentemente lançado ("Quijotizmo", com bandas como Final Cunt, Vomitando Bilis, Matadero, Rato Raro, Legacy Of Brutality e muito mais) e diversos outros assuntos. Optei por deixar alguns trechos em espanhol mesmo, com a respectiva tradução ao lado, já que Pinche tem uma maneira bem única e engraçada de misturar inglês com espanhol. Brujeria tiene marijuana.



ALL THAT METAL: E aí Pinche, como vai você? Antes de mais nada, você pode nos dizer o que o Brujeria está fazendo no momento? Algum plano para o futuro?
PINCHE PEACH: Nós estamos nos preparando para sair em turnê no final de fevereiro e começo de março em parte dos Estados Unidos e México. E também tentando finalizar nosso próximo álbum, "Pocho Aztlan".


ATM: Já faz um tempo desde que foi anunciado que um novo álbum estava chegando. Então, como está o progresso até agora? Eu aposto que muitos fãs estão esperando por um novo lançamento.
PEACH: Nós ainda continuamos trabalhando nele. Nós estamos quase terminando ele, existem alguns trechos que nós queremos trabalhar um pouco mais, mas é difícil de juntar todo mundo. Com sorte vai estar pronto em algum momento durante o verão. Nosso verão, isso seria o seu inverno, certo?



ATM: Existe um álbum tributo ao Brujeria chegando em breve, certo? Você pode nos contar um pouco mais sobre isso?
PEACH: Saiu mês passado [dezembro de 2012]. 'Esos Españoles' fizeram um bom trabalho. Agora eu quero ouvir um do Brasil.

ATM: Décadas atrás, o Metal era algo mais centrado em bandas dos Estados Unidos e Reino Unido. Foi no final dos anos 80 e começo dos 90 que as coisas começaram a mudar e nós tivemos um tipo de globalização na cena. O Brujeria foi muito importante para o surgimento de bandas hispânicas, isso é um fato. Então, na sua opinião, você acredita que a banda foi uma influência além desse nicho? Eu digo, talvez a banda encorajou muitas pessoas a tocar Metal em sua própria língua e falando sobre sua própria cultura, você não acha?
PEACH: Eu acredito que cantar em espanhol ou em qualquer outra língua sempre existiu mas nunca ganhou toda essa atenção. Possivelmente porque a qualidade musical não era tão boa quanto a maioria das bandas internacionais que falavam inglês. E como várias bandas ao redor do mundo decidiram "por que não fazer em nossa própria língua mas com música boa de qualidade e letras", o Google teve uma ideia no momento certo e isso funcionou e continua funcionando. Se é bom não importa em que língua é, se é bom e feito da maneira certa eles não se importam, mesmo que você não entenda.

ATM: Vocês sempre tiveram músicos de diferentes partes do mundo e currículos diferentes na banda. Então como funciona para juntar todo mundo e fazer a banda funcionar?
PEACH: Antes de mais nada você precisa saber como seguir ordens. Brujo es El jefe [El Brujo é o chefe]. O que ele diz acontece. Si no, fuera [se não, fora]... E você deve estar pronto para seguir nossa 'vibe', ideologia, atitude e entre outras tantas coisas fazer as coisas do jeito que nós fazemos. Nós somos muito diferentes de qualquer outra banda conforme nós vamos fazendo as coisas. No fundo de nosso núcleo nós somos muito punk rock, simplesmente sem bobagens. Tem que ser olhos atentos e uma dúzia de ovos [!?]. Sem efeitos especiais, sem tratamento especial para ninguém em particular. Se você pode lidar com isso e muito mais, então você está dentro.


ATM: Quando eu falei com você durante a turnê sul-americana ano passado, você disse que a banda quase tocou no festival Metal Open Air. Eu acredito que você sabe o que aconteceu no festival, certo? Mas esse tipo de coisa não acontece apenas no Brasil, até onde eu sei, o Wild Metal Festival no México [evento realizado em Cancún] também teve seus problemas. A questão é, depois de tocar em vários lugares pelo mundo, o que você acredita que deveria melhorar na cena Metal da América Latina?
PEACH: Confiança. Pessoas que não querem tirar vantagens do público e das bandas.

ATM: Vocês tocaram com João Gordo ano passado. Vocês tem algum tipo de relação com outros músicos brasileiros?
PEACH: Os irmãos Cavalera (Max e Iggor). Apesar de que nós não temos falado com eles por algum tempo, continuam a ter um lugar especial no 'Ejercito de Brujeria'. Ikaro Santana do Guianas e tantas bandas que nós encontramos ao longo das turnês que fizemos no Brasil.


ATM: Eu tenho falado com vários músicos que alegam que muitas coisas mudaram ao longo dos últimos anos na indústria musical. Coisas como promover um novo álbum e sair em turnê. Eu te pergunto, que tipo de dificuldades uma banda como o Brujeria precisa lidar hoje em dia?
PEACH: Nós do Brujeria realmente não nos preocupamos com a indústria. De maneira nenhuma mesmo, nós somos 100% independentes. Brujeria está em um patamar onde nós podemos escolher um distribuidor se você quer fazer isso ou distribuir nós mesmos. Nenhum selo pode nos dizer quando e o que gravar. Nós fazemos o que nós fazemos, quando queremos fazer, simples assim.


ATM: Brujeria é uma das poucas bandas que mantém uma espécia de imagem misteriosa até mesmo hoje em dia quando alguns músicos são desmistificados pela internet. Eu já sei como a banda é fora do palco, mas eu gostaria que você contasse aos nossos leitores, o que é o Brujeria quando a banda não está se apresentando?
PEACH: Eu não posso contar a vocês o que somos nós quando não estamos nos apresentando. Se eu contar, eu vou ter que matar você e então Coco Loco vai ganhar vida e me matar. Desculpe, mas eu simplesmente não posso contar, vocês precisam descobrir por si próprios. Desculpe.

ATM: Eu vou citar algumas bandas para você e me diga o que acha das músicas deles, ok? [típica pergunta do ATM, mas Pinche fez melhor que isso...]
PEACH: Wow, eu não gosto de dar minha opinião pessoal sobre outras bandas. As vezes as bandas lêem isso ou lêem aquilo e eles levam isso a mal. Desculpe, mas eu não faço por respeito. Cada banda e cada tipo de música tem seu tempo e seu momento certo. Eu acho que esse é o melhor jeito de responder a pergunta. Eu gosto de todos os tipos de música, exceto por um... country. A menos que seja Willie Nelson ou Johnny Cash. Tudo depende do humor que eu estou. Se eu me sinto muito otimista e agitado eu possivelmente vou escutar um pouco de música eletrônica ou techno ou metal industrial. Você sabe, algo rápido. Ou se eu me sinto como movendo 'my bunda' [a expressão exata que ele usou foi "Or I feel like moving my bunda"] então eu vou escutar alo de música dance. Dependendo de como eu me sinto então é esse tipo de música que eu vou escutar no dia, se estou zangado, se estou faminto, se estou excitado... e no dia seguinte eu posso odiar completamente. Você ficaria surpreso e possivelmente iria rir com as músicas que ficam presas na minha cabeça ao longo do dia. 

ATM: Bem, eu entendo completamente porque isso é algo que eu faço também. As pessoas nunca imaginam que as vezes eu estou escrevendo para esse blog sobre metal enquanto estou escutando EBM, por exemplo... Eu lembro também que você estava escutando algo bem diferente naquele vôo, apenas não lembro o que era, mas certamente algum tipo de música que as pessoas nunca imaginariam que um membro do Brujeria escutaria. Obrigado pela atenção, cara! Por favor, deixe uma mensagem para seus fãs no Brasil.
PEACH: Greñudos locos, soldados del gran ejército de Brujería. Gracias por todo su apoyo por todos estos años. Ya pronto vendrá el nuevo disco de Brijeria. Y ya saben macohna si y que viva el desmadre!!! [literalmente colei o que foi dito por ele, se não entenderam, busquem a tradução...]

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