As polêmicas envolvendo o Slayer

quinta-feira, 6 de junho de 2013


O Slayer sempre foi o tipo de banda que envolveu-se em polêmicas ao longo de sua carreira. Seja por suas letras ou sua postura, a banda sempre despertou a ira dos mais puritanos e pessoas que defendem a ideia de que o Metal é uma má influência para os jovens. Os problemas sempre foram maiores no país natal da banda, os Estados Unidos, onde o Slayer costuma ser atacado por grupos religiosos. Até mesmo no memorial de Jeff Hanneman alguns extremistas realizaram protestos contra o guitarrista.
O fato é: tudo isso contribuiu (e muito) para formar a reputação da banda, tanto entre pessoas que pertencem ao meio da música pesada quanto para quem não escuta Metal. Antes da banda surgir já existiam outros grupos que abordavam temas obscuros e macabros em suas letras, mas o Slayer foi o primeiro que levou isso para o mainstream, influenciando inúmeros jovens a trilharem o mesmo caminho no futuro. Assim surgiu a lenda que todos conhecem e admiram hoje em dia.
Para celebrar o Dia Internacional do Slayer, apresentamos esse artigo falando um pouco sobre as maiores polêmicas que sucederam-se ao longo dos mais de 30 anos de carreira. Basicamente, vamos dividir o texto em três partes: nazismo, satanismo e os fãs da banda. Os dois primeiros assuntos foram escolhidos devido a acusações que a banda sempre sofreu, pessoas alegando que a banda faz apologia a tais filosofias. Por fim, vamos falar um pouco sobre os fãs mais extremistas do Slayer, assunto que poderia resultar em um documentário ou TCC.


Nazismo

Uma das acusações mais comuns em relação à banda sempre foi o apoio ao nazismo. Basicamente, isso tudo começou por dois motivos: a letra de "Angel Of Death" e a águia no logo da banda. A canção que gerou esse assunto é um clássico absoluto da banda, faixa de abertura de "Reign In Blood", um daqueles álbuns obrigatórios para qualquer fã de Metal. Já a águia que ilustra várias camisetas do Slayer tem uma grande semelhança à que foi usada durante o regime nazista na Alemanha, usada como emblema junto de uma suástica e presente também nas moedas que circulavam pelo país nas décadas de 30 e 40.
Em 1986, o Slayer lançava o petardo que entrou para a história do Heavy Metal, revolucionou o gênero e elevou a banda a um novo patamar. "Reign In Blood" foi produzido por Rick Rubin e gravado pela formação original da banda. Quase todas as músicas foram escritas pelo recém falecido Hanneman, que também contribuiu com letras, assim como Kerry King que colaborou tanto com letras quanto com riffs. Honestamente, se você não escutou esse álbum então preciso perguntar: o que você está fazendo aqui no All That Metal? É sério, se você nunca escutou "Reign In Blood", então você não sabe nada. Saia daqui e vá escutar o mais obrigatório de todos...
"Angel Of Death" foi inteiramente escrita por Hanneman, que fez todas as linhas de guitarra e as letras. A música aborda os experimentos de Josef Mengele, um Oficial da SS alemã e médico no campo de concentração de Auschwitz. Mengele tinha uma atração especial por realizar experiências em irmãos gêmeos, sendo responsável por inúmeras monstruosidades com judeus no campo de concentração. Entre seus companheiros na SS, Mengele recebeu a alcunha de "Anjo da Morte", o que explica o título da canção do Slayer. Após a II Guerra Mundial, ele ainda residiu em Buenos Aires, Argentina, e faleceu aos 67 anos em uma cidade do interior de São Paulo. Para saber mais sobre sua vida, clique aqui.


O lançamento de "Reign In Blood" fez o Slayer ser reconhecido mundialmente e a partir disso começaram as associações com o movimento neonazista. Na mesma época havia sido criado do PMRC (Parents Music Resource Center), formado por um grupo de esposas de homens influentes que não tinham mais nada para fazer, todas lideradas por Tipper Gore, esposa de Al Gore. O PMRC atacou inúmeras bandas de Heavy Metal na época e o Slayer não ficou de fora, com suas letras sendo consideradas impróprias para os jovens. Obviamente, "Angel Of Death" foi a principal responsável pelas acusações. 
O mais irônico disso tudo é o fato de que os puristas americanos levam a letra de "Angel Of Death" a sério, enquanto os judeus não se importam nem um pouco. No documentário "Global Metal", do antropólogo Sam Dunn, músicos de Israel que integram bandas como Orphaned Land e Salem (assumidamente judeus, diga-se de passagem) reconhecem que é uma forma de expressão artística da banda que sempre abordou temas do gênero em suas letras. E, como o próprio Slayer já afirmou, é apenas uma música que retrata atrocidades durante o regime nazista, não existe nenhum tipo de apologia na música. Mas, obviamente, estadunidenses tem o péssimo hábito de tentar controlar tudo, passando a condenar a banda e chamá-la de nazista.


Outro fator que influenciou nas acusações é justamente o logo da banda, muitas vezes acompanhado de uma águia que também está presente na simbologia nazista. Chamado Reichsadler ("Águia Imperial"), era um símbolo heráldico muito usado por imperadores romanos. Na Alemanha do regime nazista, sua cabeça virada para a direita de seu ombro representava o Reich, ou seja, o estado, o país, o império teutônico. A cabeça voltada para seu ombro esquerdo representava o partido nazista. O Reichsmark, moeda corrente da Alemanha na época, possuía a mesma águia em um de seus lados, que passou a ser acompanhada da suástica a partir do ano de 1938. 


Outro episódio polêmico envolvendo o nazismo aconteceu após o lançamento de "Undisputed Attitude", em 1996. Dentre os covers que compõem esse lançamento, a banda decidiu incluir "Guilty Of Being White", originalmente gravada pelo Minor Threat. Algum integrante do Slayer (possivelmente Araya ou King, nunca houve uma confirmação de quem foi) decidiu fazer um pequeno trocadilho no último refrão, trocando a frase "guilty of being white" ("culpado de ser branco") por "guilty of being right" ("culpado de ser certo"). Foi o que bastou para iniciar mais um debate de que o Slayer apoiava movimentos de supremacia branca, com o próprio vocalista do Minor Threat, Ian MacKaye, declarando que achou ofensiva a atitude da banda.


Satanismo

Certamente, esse é a acusação mais comum de ver por aí, pois muita gente ainda leva a sério essa ideia de que os integrantes do Slayer são satanistas. E não é por menos, a própria banda decidiu entrar no jogo e colaborar ainda mais com essa polêmica. Desde o álbum de estreia, "Show No Mercy", o assunto vem acompanhando o quarteto da Bay Area. Canções como "The Antichrist", "Black Magic" e "Tormentor" abordavam o tema, além da capa onde encontramos o logo da banda em meio a um pentagrama e um demônio ao lado. 
O Slayer sempre abordou temas satânicos em suas letras, foi a maneira que eles encontraram para provocar as pessoas e fazer a banda tornar-se ainda mais conhecida. A diferença é que a banda trata desse assunto de uma forma que está muito mais próxima de uma paródia do satanismo real, bem longe da filosofia de LaVey, por exemplo. Isso tornou-se ainda mais visível após tornar-se público o fato de que Tom Araya é católico.


A banda amadureceu muito suas letras ao longo dos anos, pois se no começo bastava partir para algo mais direto, anos depois Kerry King sentiu que estava na hora de criar algo mais elaborado. O ápice desse amadurecimento sucedeu-se no álbum "God Hates Us All". O álbum contém a música "New Faith", uma severa crítica ao cristianismo que está anos-luz à frente das letras dos álbuns mais antigos. Os trabalhos seguintes também mostram um conteúdo mais complexo, como na faixa "Jihad" (do "Christ Illusion", de 2006) que trata dos ataques de 11 de setembro sob a perspectiva de um fanático religioso. 
Até mesmo as capas do álbuns tornaram-se mais criativas e detalhadas com o passar dos anos. "Christ Illusion" deu muito o que falar na época de seu lançamento, uma obra de Larry Carroll, colaborador antigo da banda. Inclusive, em uma cidade americana chamada Fullerton, na Califórnia, um anúncio com a capa do então novo álbum foi colocado na traseira de 17 ônibus da rede de transporte público. As autoridades da cidade acreditaram ser uma arte muito ofensiva e a gravadora foi obrigada a retirar todos os anúncios. 
O mesmo "Christ Illusion" teve todas as suas cópias recolhidas pela EMI na Índia após grupos religiosos considerarem a capa e o conteúdo do álbum muito ofensivo. Todas as cópias enviadas para o país foram retiradas das lojas e destruídas.


O ápice da relação Slayer x satanismo sucedeu-se em meados dos anos 90, quando um adolescente nos Estados Unidos assassinou uma garota de 15 anos "seguindo instruções" através da canção "Altar Of Sacrifice". Joseph Fiorella e mais dois amigos convenceram a jovem Elyse Pahler a sair de casa para fumar maconha com eles. Fiorella estuprou, torturou e assassinou a garota utilizando uma faca, para depois confessar o crime para a polícia e alegar que havia sido influenciado pela música do Slayer. Atualmente ele cumpre uma pena de 26 anos em uma prisão do estado da Califórnia.

Os fãs extremistas

Tão famosa quanto a reputação perversa do Slayer são seus fãs extremistas. É impossível você apenas gostar da banda, ou você faz parte desse grupo de fanáticos ou deve ficar bem longe disso. Muita gente acredita que os fãs mais devotos no meio do Rock/Metal são os de Kiss, Iron Maiden e Rush, mas esse grupo em questão vai muito além disso. O supracitado Sam Dunn, inclusive, já manifestou sua vontade de realizar um documentário abordando os fãs da banda e seu fanatismo.
Em 2003 a banda lançou um DVD chamado "War At The Warfield", que contém um documentário chamado "Fans Rule", com diversas entrevistas com devotos do que parece um culto em nome da banda. O vídeo coletou declarações de vários fãs comentando sua adoração pela banda, algumas delas bem engraçadas até. O próprio entrevistador foi bem irônico, por exemplo, quando um jovem fala que toda a sua família escuta Slayer e logo é perguntando se eles realizam sacrifícios enquanto escutam as músicas juntos. Apenas uma curiosidade: o diretor de "War At The Warfield" chama-se Anthony Bongiovi, irmão de um certo vocalista famoso que deve apresentar-se no Rock In Rio em setembro.


Já em "Live Intrusion", um home video lançado em 1995 (relançado em DVD em 2010), temos um fã no início do vídeo que decidiu usar um bisturi para escrever o logo da banda em seu braço esquerdo. Logo depois, ele ainda utilizou álcool e colocou fogo para deixar uma cicatriz. A imagem causou um grande impacto e até hoje é lembrada como um dos atos mais extremos já feitos em nome do Slayer. Tanto que é comum acharmos pela internet alguns vídeos de outras pessoas fazendo a mesma coisa. 


Vocês sabiam que Sasha Grey é fã de Slayer?

O Dia Internacional do Slayer no ATM fica por aqui. Espero que vocês tenham honrado Jeff Hanneman hoje e escutado muitas pérolas dessa banda histórica. Apenas repetindo as mesmas palavras que usei em nossa homenagem a Jeff: "sempre acreditei que uma pessoa que não gosta de Slayer simplesmente não é digna de escutar Heavy Metal".
Fiquem com a mensagem de Kerry King para os fãs de todo o mundo hoje. E antes que eu esqueça... SLAAAAAAAAAAYYYYYYYYYYYYYEEEEEEEEEERRRRRRRR!

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