Once Upon A Time: Cacophony

terça-feira, 23 de abril de 2013


Nossa coluna dedicada a bandas que já encerraram suas atividades, Once Upon A Time, traz hoje uma banda americana chamada Cacophony. Uma banda que pode até ser desconhecida por muitos, mas seus dois fundadores são nomes bem conhecidos: Marty Friedman (ex-Megadeth) e Jason Becker (ex-David Lee Roth). Apesar do visual Glam como vocês podem ver na foto acima, a banda estava muito, muito, muito distante mesmo das bandas de Hard/Glam que explodiram no final dos anos 80. Musicalmente, a banda fez uma mistura entre Speed, Neoclassical e Shred, mas de uma maneira que ainda é criativa até os dias atuais. 
O Cacophony foi formado em 1986 por Marty e Jason, em San Francisco, California. Na época, a cena Thrash Metal da Bay Area estava sendo lançada ao mundo, mas a cena da música pesada ainda era dominada por bandas de Hard/Glam. Em contrapartida a isso, o que conhecemos hoje como Neoclassical Metal estava recém dando origem aos grandes nomes que revolucionaram o gênero. Em meio a tudo isso, surge o Cacophony com sua música de tempos rápidos, duelos de guitarras, solos melódicos e muita influência de música erudita. 
 

Antes de formar a banda, Marty já havia passado pelas bandas Vixen, Hawaii e Aloha. Completando o line-up original da banda, Peter Marrino (vocal) e Atma Anur (bateria). O álbum de estréia da banda chamou-se "Speed Metal Symphony", gravado entre maio e junho de 1987 e lançado no mesmo ano. Marty gravou as linhas de baixo do debut, uma vez que a banda não contava ainda com um baixista em sua formação.
Em "Speed Metal Symphony" encontramos uma banda totalmente revolucionária para a época. Boa parte das músicas possuem partes instrumentais longas, brindando o ouvinte com uma trechos repletos de criatividade. Um exemplo disso são os duetos de guitarra, totalmente diferentes do que era feito na época (e até do que é feito hoje em dia). Explicando de uma forma melhor para quem entende um pouco de teoria: bandas que deram origem a duetos de guitarra, como Iron Maiden e Judas Priest, normalmente utilizam-se de harmonização de terça. Já o Cacophony criava esses trechos baseado em regras de contraponto, algo comum em música erudita. Se você não entende nada sobre teoria, isso pode parecer totalmente irrelevante, mas acredite, existe uma enorme diferença. 


Destaques de "Speed Metal Symphony" incluem canções como "The Ninja", uma música com muitas escalas exóticas, obra de Marty. "Burn The Ground" também chama a atenção por sua exímia técnica, tanto nas guitarras quanto no ótimo trabalho do baterista Atma. E o que falar então da épica faixa-título? Uma faixa instrumental de 9 minutos e meio que atravessa momentos incrivelmente épicos com a técnica fabulosa de Marty e Jason nas guitarras.


Após o lançamento do debut, o baixista Jimmy Oshea juntou-se a banda para a posterior turnê. Apesar do Cacophony não ter alcançado o status de banda mainstream em seu país natal, a banda teve um grande reconhecimento em alguns países da Europa e no Japão. Inclusive, na Europa o Cacophony passou a ser considerada, de certa forma, uma banda cult, com quase todos os seus shows lotados no velho continente. 
Para o segundo álbum de estúdio, foi recrutado o baterista Deen Castronovo para ocupar o lugar deixado por Atma. Na verdade, Deen gravaria apenas o álbum seguinte do Cacophony e deixaria a banda. Hoje em dia ele está no Journey, além de já ter tocado com Ozzy Osbourne, Steve Vai e vários outros grandes nomes. 
"Go Off!", segundo e último trabalho de estúdio do Cacophony, foi lançado em 1988. Aqui já encontramos uma banda com uma abordagem um pouco mais acessível do que em seu primeiro álbum, mas ainda assim algo distante de ser comercialmente acessível. Na verdade, o álbum foi um grande fracasso comercial, mas também foi o responsável por fazer crescer a admiração pela banda na Europa. Canções como "Stranger", por exemplo, estão bem longe de ser algo ruim, mas não trazem a mesma genialidade do álbum de estréia. Destaques do álbum que devem ser mencionados incluem a ótima "Black Cat", "Sword Of The Warrior" e bela instrumental "Images".



Logo após o lançamento de "Go Off!", Marty e Jason gravaram seus respectivos álbuns solos, "Dragon's Kiss" e "Perpetual Burn". O Cacophony ainda realizou mais apresentações ao vivo até 1990, com Kenny Stavropoulos na bateria e um novo vocalista, Dan Bryant. Mas nesse ano Jason foi chamado para substituir Steve Vai na banda solo de David Lee Roth, pois o mesmo havia acabado de juntar-se ao Whitesnake. Logo depois, Marty foi convocado por Dave Mustaine para tocar no Megadeth e, a partir disso, creio que sua história é bem conhecida por todos. Dessa forma, foi encerrada a curta, porém marcante, carreira do Cacophony. 


Quando estava gravando o álbum "A Little Ain't Enough", de David Lee Roth, Jason passou a sentir uma fraqueza em uma de suas pernas e decidiu consultar um médico. Foi assim que o guitarrista foi diagnosticado com a Doença de Lou Gehrig, também conhecida como Esclerose Lateral Amiotrófica. Um fim triste para o jovem guitarrista de talento impar, que foi perdendo os movimentos de seu corpo pouco a pouco.
Apesar da expectativa de vida dada pelos médicos ter sido de apenas 5 anos, Jason continua vivo até hoje. Infelizmente, ele perdeu também a capacidade de falar, mas consegue viver com a ajuda de software de computador capaz de identificar os movimentos de seus olhos, desenvolvido pelo seu próprio pai. Graças a isso, Jason continua a compor músicas que são gravadas por outros guitarristas. Sem dúvida alguma, um exemplo de perseverança.
Para quem já é fã de Jason, acho que não é uma surpresa eu terminar esse post com essa música...






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