Bandas que mudaram com o tempo

sexta-feira, 14 de setembro de 2012


A ocasião: você comprou ou baixou o novo álbum daquela banda que já escuta há anos e está realmente muito empolgado para escutar esse novo trabalho. Mas ao dar o play vem a surpresa: sabe-se lá o que passou pela cabeça do artista/músico/banda que você admira, mas o som deles mudou. E muito! Nem parece mais a mesma banda.

Quem nunca passou por isso?

É impossível listar todos os casos de bandas ou músicos que mudaram sua sonoridade de forma brutal de uma hora para a outra. Portanto, vamos debater apenas 5 casos bem famosos: WASP, Moonspell, Anathema, Avenged Sevenfold e Emilie Autumn.






Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que esse post não tem o intuito de debater que essa ou aquela fase de determinada banda é melhor ou pior. Lembrem-se: eles são músicos e fazem música! E tem o direito de fazer aquilo que bem entenderem com seus respectivos trabalhos. Até porque, o sujeito que fica fazendo exatamente a mesma coisa durante anos e anos deve sofrer um tédio terrível na hora de subir num palco. Mas é óbvio que há excessões, AC/DC e Slayer, por exemplo, vem gravando o mesmo álbum há décadas e ainda assim o fazem com exímia perfeição.
Obviamente, sempre temos casos mais polêmicos. Nem preciso citar o Metallica nessa categoria, certo? Recentemente, a banda mais tradicional que assustou os fãs com seu novo lançamento foi o Morbid Angel, com o experimental "Illud Divinum Insanus". Mas esse pretendo deixar para um próximo post por merecer comentários que adentrem mais afundo na obra em questão.
Por hora, vamos abordar de forma mais superficial as 5 bandas citadas no início do post.


WASP

Acho que muita gente até hoje lembra do WASP através do que eles fizeram nos anos 80, em seus 3 primeiros álbuns. Ou seja, uma banda de Shock Rock com um som que tinha uma certa influência da cena Hard de Los Angeles dos anos 80. Mas relacionar a banda exclusivamente a esse período é um grave erro. O som da banda do polêmico Blackie Lawless começou a mudar em "The Headless Children", de 1989. Esse álbum já apresentava um WASP mais maduro, com composições mais trabalhadas e mais pesadas também. Mas ainda assim a banda tinha muito a percorrer. Depois de mandar todo mundo embora e embarcar sozinho em sua própria loucura, Lawless voltou a dar as caras em 1992 com o clássico absoluto da banda, "The Crimson Idol". Certamente esse foi o ápice de Lawless como compositor, um álbum conceitual excelente sobre um garoto chamado Jonathan que fugiu de casa para tornar-se um dos maiores rockstars de sua geração. Mas ao longo do caminho, Jonathan descobre tudo que existe de mais podre por trás da indústria fonográfica e passa a envolver-se com drogas pesadas para aliviar a dor da solidão. Até hoje "The Crimson Idol" é considerado uma das maiores obras-primas do Heavy Metal tradicional, e sua sonoridade não lembra em nada o WASP clássico dos anos 80. Mas a maior mudança estava por vir: após o fraquíssimo "Still Not Black Enough", Lawlesse decide recrutar novamente o guitarrista Chris Holmes, que havia participado de todo o período clássico da banda. Todos esperavam um álbum que voltasse as raízes da banda, certo? Errado! O que surgiu o foi controverso "Kill-Fuck-Die", um álbum repleto de influências de industrial e sons eletrônicos. Com certeza é o álbum que mais divide os fãs de WASP. Nesse trabalho, Lawless elevou ao máximo todo clima obscuro que a banda sempre quis passar através de músicas como "Kill Your Pretty Face" e "The Horror", além de faixas mais pesadas como "Killahead" e "Take The Addiction". O que veio nos anos seguintes foi um retorno ao "padrão WASP" de criação. Mas "Kill-Fuck-Die" vai ficar marcado para sempre na memória dos fãs que arriscaram-se em conhecer a fundo esse trabalho.




MOONSPELL

Faz anos que sou fã de Moonspell e nunca consegui definir exatamente o que é o som da banda. O que é algo bom! O maior orgulho do metal português deu início a sua carreira sob o nome de Morbid God, em 1989. Na época, a banda criava um som que tinha como base o Black Metal, misturando com influências da música folclórica lusitana. Esse padrão seguiu até adotarem o nome Moonspell, em 1992, e lançarem seu debut, "Wolfheart". Lançado em 1995, o álbum é considerado um clássico do gênero, com um som relativamente cru, mas já mostrando um pouco das influências futuras da banda em músicas como "Vampiria". A partir do segundo álbum, "Irreligious", o Moonspell reinventou-se de uma forma abrupta: o álbum traz uma sonoridade mais próxima do Gothic Metal de bandas como Paradise Lost, Anathema (que falaremos logo adiante) e Type O Negative. Mas foi justamente esse álbum que lançou o Moonspell ao mundo e transformou a banda no que conhecemos hoje em dia. Nos próximos anos, o Moonspell passaria a experimentar diferentes sonoridades, mesclando até mesmo sons eletrônicos a suas composições (como em "Sin/Pecado" e "The Butterfly Effect"). Em 2006, lançam "Memorial", praticamente um retorno as raízes mas de uma forma ainda melhor, uma vez que a banda já possuía mais experiência para compor e conseguiu reinventar-se pela 23443564ª vez em sua carreira. Esse ano lançaram "Alpha Noir/Omega White", álbum perfeito para agradar os fãs de todas as épocas da banda, uma vez que trata-se de um álbum duplo onde exploram quase tudo que já fizeram ao longo de sua carreira. Deixo para vocês o clip de "White Skies", do novo álbum, que tem um detalhe muito interessante: a banda chamou as principais Suicide Girls portuguesas para participar. 




ANATHEMA

O Anathema é uma banda formada na Inglaterra, em 1990, que tornou-se notória por fazer um som que mesclava Death e Doom Metal. Não há como questionar a importância do Anathema para a cena britânica dos anos 90, numa época onde houve a ascensão de bandas até hoje mundialmente reconhecidas, como Cradle Of Filth, My Dying Bride, Paradise Lost, dentre outras. Mas o grupo de Liverpool conhecido pelo seu Death/Doom Metal passaria por drásticas mudanças quando o vocalista Darren White (que para quem não sabe, foi o camarada que ensinou Dani Filth a cantar daquele jeito) saiu e o guitarrista Vincent Cavanagh assumiu o microfone. Com Cavanagh nos vocais, a banda gravou "The Silent Enigma", primeiro passo para a mudança significante que houve com o passar dos anos. O Anathema mudou drasticamente sua sonoridade ao longo dos próximos trabalhos, chegando ao ponto de lançar dois álbuns que contem exclusivamente regravações de faixas antigas em formato semi-acústico e com algumas de suas melodias refeitas. O que pode-se falar desses trabalhos: a banda evoluiu, os músicos evoluíram, buscaram algo totalmente novo (e conseguiram). O clip a seguir é algo que nenhum fã clássico também jamais poderia imaginar em meados dos anos 90. Essa música chama-se "Dreaming Light" e faz parte do álbum "We're Here Because We're Here". Prova definitiva que a banda deixou para trás seus dias de sons pesados e obscuros, e optou por fazer algo mais lento, calmo e um pouco mais "para baixo".




AVENGED SEVENFOLD

Um dia, há muitos e muitos e muitos anos atrás, existiu um outro Avenged Sevenfold. Acreditem, isso é verdade! Quando ninguém sonhava que surgiria a tal "família Sevenfold", o que, perdoem-me os fanáticos pela banda, na minha opinião de homem maduro e trabalhador soa tão ridículo quanto "família Restart". O fato é: no final dos anos 90, um bando de piás queria formar uma banda pra tocar um som pesado e inovador. Surgiu assim o Avenged Sevenfold, que lançou dois álbuns que não tem nada a ver com o que eles fazem hoje em dia, "Sounding The Seventh Trumpet" e "Waking The Fallen". E digo mais, são dois álbuns realmente muito bons!  Na época, a banda tocava algo que talvez estava próximo da New Wave Of American Metal, aquelas bandas da terra do Tio Sam que fazem um som que tem o Metalcore como base e que aqui no Brasil as pessoas insistem em achar que isso é New Metal. Mas um dia eles lançaram o álbum "City Of Evil" e mudaram para sempre sua trajetória. Não que esse álbum seja ruim, na verdade há boas composições nele, assim como há outras canções agradáveis no subsequente álbum autointulado. Logo mais o baterista The Rev morreu, eles lançaram "Nightmare" e o resto todo mundo já está careca de saber, não é mesmo? Enfim, eis o Avenged Sevenfold que pouca gente conhece:





EMILIE AUTUMN

Por fim, deixei essa beldade e ícone da cultura neogótica: Emilie Autumn. Obviamente, ela não faz nem nunca fez um tipo de música pesada, ao menos não nos padrões que muitos consideram pesado. Mas não tem como negar que sua imagem e música hoje em dia já está intimamente ligado ao gênero. Emilie é um caso semelhante ao do Avenged Sevenfold, muita gente não sabe o que ela fazia há anos atrás. Emilie passou a ter maior reconhecimento através do álbum "Opheliac", de 2006, obra que definiu sua música totalmente única com misturas de música erudita, industrial e dark cabaret. Mas antes disso, essa moça de muito talento já havia lançado dois álbuns: "Enchant" (2003) e "Your Sugar Sits Untouched" (2005). Em "Enchant", temos uma mistura de New Age e Folk com uma pegada bem Pop. Já "Your Sugar Sits Untouched" não é exatamente um álbum com músicas de Emilie, mas sim uma espécie de audiobook de seu livro de poesias lançado em 2001, "Across The Sky & Other Poems". Outro trabalho de Emilie que vale a pena dar uma conferida é "Laced/Unlaced", de 2007. Na verdade, esse álbum é um relançamento de um álbum instrumental gravado por Emilie em 1997, chamado "On A Day". No geral, ele é um apanhado de músicas gravadas por Emilie ao lado de amigos, composições de Bach, Corelli e outros, além de canções da própria Emilie. A seguir, "Chambermaid", do álbum "Enchant", talvez a música mais conhecida de Emilie dessa fase pré-Opheliac.



No geral, essa é uma lista minúscula comparado a todas as bandas que já mudaram sua sonoridade ao longo dos anos. E vocês? Que bandas já te decepcionaram com uma mudança na sonoridade? Ou então quem sabe agradou a mudança? Bem, daí vai do gosto de cada um...

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