Entrevista: BULLSEYE

sábado, 17 de agosto de 2013


por Paulo Momento

A banda Bullseye, um quinteto de Pelotas/RS me recebeu em seu ensaio em uma sala que eles alugam para tal fim em um antigo prédio comercial da cidade. Formada por Álvaro Peter e Rafael Reis nas guitarras, Solano Ferreira no baixo, Lorenzo Cassuriaga na bateria e William Knepper nos vocais, a banda tem o foco nas composições próprias, fazendo um Stoner pesado, cadenciado e que tem tudo para agradar aos fãs do estilo. Como de praxe, fiz um vídeo totalmente cru e sem edição alguma, para mostrar bem o clima do ensaio da banda, que tocou a séria candidata a hit “Nevermore”, de sua autoria. Sintam o peso da Bullseye e confiram a entrevista.



ALL THAT METAL: Começando pela pergunta inevitável: fale um pouco sobre a história da banda.
RAFAEL REIS: Como muitas bandas acredito eu, começamos como uma brincadeira de amigos. Eu, o Álvaro e o Rodrigo, nosso primeiro vocalista com quem aliás eu tinha uma banda de rock exclusivamente covers, tínhamos gosto muito parecido, e resolvemos tocar um projetinho à parte que, por incrível que pareça nasceu como covers voz e violões de clássicos do metal. Uma viagem! Logo a coisa foi ficando divertida mas cada vez que nos juntávamos pra comer um churrasco, tomar uma cerveja e tocar, a veia metal falava mais alto e algo nos dizia: Violão o cacete! Vamos plugar as guitarras e fazer um bom e velho som alto e pesado! Chamamos o Lorenzo, que era baterista nessa antiga banda de rock que eu e o Rodrigo tínhamos e o Tiago, nosso primeiro baixista e fomos ensaiar em um estúdio. A coisa deu liga e estamos aí até hoje, tendo mudado apenas o baixista para entrada do Solano e o vocalista quando o Rodrigo resolveu abandonar o metal e virar evangélico. Brincadeira, o Rodrigo precisou se dedicar a outras atividades, mas segue parte da família, aliás acho que não teve sequer um show que ele não cantou pelo menos uma música conosco. Foi ele também quem indicou o atual vocalista, o William. Mas ainda na época do Rodrigo, lá por meados de 2009 já começou a compor material próprio e hoje nos dedicamos 95% aos nossos sons, apenas incluímos covers porque não adianta, a galera adora covers e nós também nos divertimos tocando algumas. Quanto ao nome da banda, obviamente faz menção ao nome da guitarra do Zakk, mas criamos esse nome para batizar nosso projetinho lá nos primórdios. Não esperávamos que fosse virar uma banda mais séria como temos hoje, e estamos ligados a esse nome para o bem e para o mal. Chegamos em um determinado um momento a pensar em trocar, para não ficar tão vinculados assim, mas resolvemos manter porque já tínhamos um nome estabelecido. Mostramos a camiseta com nosso nome para o próprio Zakk no Meet & Greet do show em Porto Alegre em 2011 e ele não ficou brabo e nem nos bateu, então mantivemos hehe.

ATM: A Bullseye já teve vários vocalistas, enquanto o restante da banda se manteve ao longo dos anos. O William me pareceu uma excelente aquisição, visto que seu timbre de voz fecha bastante com o estilo. Ouvi dizer que foi difícil encontrar o vocalista ideal para a banda, conte-nos como foi isso...
SOLANO FERREIRA: Eu sabia que o William além de tocar, cantava em outra banda. Já conhecia o maluco pela parceria que havíamos feito na época que ele era baixista da sua ex banda, a Calavera. Bastou um convite para o maluco e ele aceitou prontamente, pois já conhecia o resto da gurizada da banda. A gente soube que era ele quando começou a cantar os nossos sons no primeiro encontro.

ATM: O nome da banda, que faz referência à guitarra usada por Zakk Wylde, já entrega uma das influências musicais de vocês. Que outras bandas e estilos os influenciam?
FERREIRA: Eu gosto de tudo que gosto. Não me prendo a um tipo de som. Acho que sou o mais eclético da gurizada (risos).
REIS: Bom, tem bastante coisa “debaixo do capô” Além de obviamente BLS e Black Sabbath bebemos em fontes menos óbvias como Nevermore, Killswitch Engage, Iced Earth, Fear Factory, entre outras.

ATM: A Bullseye possui algum material gravado? Como os leitores podem fazer para conhecer os sons da banda?
REIS: Nos convidem pra tocar! Fora isso temos o myspace <https://myspace.com/bandabullseye> e o youtube, com nosso novo xodó, o clipe da "Hate Me" .

ATM: Vocês recentemente gravaram um clip que ficou bem legal, para a faixa Hate Me. Driblando uma possível falta de recursos, meteram a mão na massa e fizeram muito com pouco, mostrando que o que conta é uma idéia na cabeça e uma câmera na mão. Conte-nos como foi o processo de gravação do vídeo.
ÁLVARO PETER: Para a produção deste vídeo invertemos literalmente o processo de criação, onde normalmente busca-se recursos para executar-se uma ideia, nós avaliamos nossas reais possibilidades e assumimos que faríamos o melhor com o que tivéssemos. Desta forma fomos resolvendo problemas pontuais tais como: locação (disponibilizamos de uma sala de ensaio e obrigatoriamente será gravado lá), ambientação (a sala não tem um visual apropriado, então apagamos a luz e forçamos os planos fechados para não vazar nada), iluminação (alguém consegue uma lanterna?), equipamento (não temos nada profissional e o melhor que conseguimos foi um ipad), e por aí vai. O ápice da pré-produção foi todo mundo passar uma flanela nos instrumentos e comprar cerveja hehe. O material bruto final tinha quase 1h de gravações, dando início a outra etapa, de pura transpiração mesmo, para editar aquele que seria o primeiro (e suado) videoclip da banda.

ATM: Algum show em vista? O ensaio que eu vi, focado totalmente nos sons próprios, mostrou que repertório é o que não falta, e muito menos entrosamento entre os músicos. Quando veremos esses petardos executados ao vivo em cima de um palco?
FERREIRA: Tá para rolar uma parceria com as bandas que dividem a sala. A Freak Brotherz, minha outra banda, e a Postmortem. É coisa para daqui um mês no máximo. Mas aceitamos convites também (risos)!!!

ATM: A seu ver, quais são as maiores dificuldades para se conseguir manter uma banda underground atualmente? Já foi mais fácil ou mais difícil?
FERREIRA: Acho que o primeiro passo é gostar do que se faz e saber que isso não será sua fonte de renda. Muitas vezes mais se gasta do que se ganha (risos)!!! O resto é ensaio, dedicação, estudo e ser muito persistente!!! Não tem como ser diferente! Quando começamos a tocar ao vivo viemos com a proposta de apresentar o nosso trabalho. É claro que rola uns covers, mas nosso show é 70 a 80% de músicas autorais, então até a galera conhecer os sons demora um pouco, mas isso está sendo solucionado com a gravação delas em estúdio.

ATM: Os músicos da Bullseye já estão há bastante tempo na cena underground de Pelotas e região. Como vocês vêem a cena hoje em comparação com antigamente? Bandas, espaço para shows, etc...
FERREIRA: A gente (O entrevistador, risos) que faz parte da mesma geração começou a correr atrás no início dos anos 90. Se não existia um espaço, se criava um. Geralmente era aquele bar que já tava quebrando e aceitava qualquer coisa que propusessem para eles. Hehehe. Acho que todos nós começamos fazendo música autoral, o que complicava muita coisa, pois não existia essa coisa de gravar em casa que tem hoje. No máximo o cara colocava um microfone no meio da peça e seja o que ele captar. Aí aquela fita era passada para os amigos. Hoje tudo é mais fácil. Tem como se gravar em casa, existem bares que abrem espaço para galera. Até adquirir um equipamento bom é fácil. Mas isso torna a coisa mais trabalhosa, pois tu tens que correr atrás para que as pessoas conheçam o teu trabalho. São muitas opções, por isso os amigos são fundamentais, pois eles se transformam em multiplicadores na divulgação do trabalho.

ATM: O som da Bullseye é intenso e transborda sentimento. Quais os temas abordados nas letras de suas músicas?
PETER: Nunca tivemos a pretensão de criarmos um disco temático. O Dark Ritual, nome mais cotato para o primeiro disco da Bulls, trará letras muito intimistas e por vezes soturnas, que tratam de situações pontuais de cada integrante da banda. Como não existe um letrista oficial, a banda se torna extremamente heterogênea, fazendo heavy metal com situações cotidianas que vão desde a solidão de Nevermore, o ódio da Hate me, até a queima desenfreada de gasolina só por diversão de Live to ride.

ATM: Por fim, agradeço a todos pelo convite e pela atenção, em especial ao Lorenzo pela cerveja (risos)! Deixe então sua mensagem final aos nossos amigos leitores do All That Metal. Muito obrigado!
PETER: Valeu All That Metal pelo espaço, Valeu Torrado. Metal neles. Up the Bulls!


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