Entrevista: Paulo Schroeber (Hammer 67, Astafix, Fear Ritual, ex-Almah)

sábado, 31 de agosto de 2013


por Caio Botrel

Paulo Schroeber é guitarrista, produtor, compositor e professor, já tocou na banda Almah e hoje em dia atua nas bandas Hammer 67, Astafix, Fear Ritual e Paulo Schroeber solo. Nesta entrevista, Paulo nos contou um pouco sobre sua trajetória na música até chegar ao reconhecimento, sobre sua saúde, dicas e exemplos de perseverança. Fiquem aqui com esta grande aula do grande mestre Paulo Schroeber!



ALL THAT METAL: Olá Paulo, tudo bem?
PAULO SCHROEBER: Tudo tranquilo, primeiramente gostaria de agradecer ao brother Caio Botrel por ter me concedido essa entrevista.

ATM: Paulo, você poderia nos contar um pouco sobre seu começo na música?
SCHROEBER: Quando eu era muito mais jovem, acho que tinha lá meus 15 anos, fiz uma guitarra em casa, com uma porta velha que havia no quintal, acho que foi coisa de vocação mesmo. Após várias tentativas frustradas, finalmente meu pai me deu um violão velho, e logicamente não fazia a mínima idéia do que eu estava fazendo, até que novamente ele encheu o saco de ouvir aquela barulheira que eu fazia todo o dia e me pagou algumas aulas com um professor local.
Ao mesmo tempo em que fazia essas coisas tive o meu primeiro contato com o Metal, com o clássico "Restless and Wild" do Accept, que o namorado da minha irmã trouxe em vinil lá em casa, pois não existia cds na época, e já na primeira ouvida fiquei maravilhado com aquelas guitarras e o vocal agressivo do estilo. Depois foi como uma bola de neve, cada vez mais fui conhecendo mais bandas e comecei a comprar meus próprios discos.

ATM: Como era a sua rotina de estudos para a guitarra e o violão?
SCHROEBER: Depois que fiz algumas aulas com meu primeiro professor, resolvi mudar, pois eu aparecia nas aulas mais do que ele, e comecei a fazer aulas de violão clássico, com um professor que era uma das referências da cidade aqui em Caxias do Sul.
Era um ótimo professor, eu estudava umas seis horas de violão clássico e mais umas seis horas de guitarra por minha conta, mas esse período durou uns três anos, pois depois não aguentei a rotina do violão, que era muito pesada e disciplinada, estava em plena adolescência e queria curtir a vida.
Continuei os estudos com a guitarra e comecei a dar aulas, contra a vontade de minha família, que queria que eu fizesse faculdade, mas persisti, e até foi bom que as coisas aconteceram dessa forma, pois analisando de outro ponto de vista provei para eles que é possível, se você é dedicado no que faz, colher bons frutos com o que quer que você escolha fazer da sua vida.



ATM: Você é professor, guitarrista, produtor, qual dica você daria para as pessoas que estão querendo viver de música e tocar em uma banda?
SCHROEBER: Para viver bem de música você tem que fazer de tudo um pouco, na realidade, ao contrário do que muitos pensam por aí, o músico sério trabalha muito, toca na noite, produz, dá aulas, tem suas bandas além de sempre ter que estar se aperfeiçoando, depende das escolhas que a pessoa faz.
Eu atualmente infelizmente estou semi aposentado, devido ao meu problema de saúde, então dou apenas algumas aulas.
A minha dica é simples, caia de cabeça no que quer que você escolha e trabalhe duro, se quiser ser professor, vai ter que se adaptar a rotina, tocar de tudo, se escolher ser produtor a mesma coisa e por aí vai, o fator mais importante é ser eclético, pois tem que trabalhar com qualquer tipo de música.

ATM: Paulo, você é integrante das bandas Astafix, Hammer 67, Fear Ritual, Naja e sua carreira solo, e também é ex integrante da banda Almah, como você consegue conciliar seu tempo para tocar em todas estas bandas, dar aulas e produzir?
SCHROEBER: Como disse anteriormente, devido a minha atual situação, estou no momento apenas dando algumas aulas, gravando em vídeo meus trabalhos anteriores do Almah e futuramente de meu disco solo.
Inclusive o produtor Alex Milesi está em fase de gravações de meu primeiro videoclipe de meu cd instrumental, da música “To my Father” que acredito que será único e especial.
O Astafix está totalmente parado, pois o Wally está no aguardo do que vai acontecer comigo, e a Naja acabou já faz bastante tempo.
Tenho me dedicado bastante a Fear Ritual, que exige um trabalho enorme, pois o som é bem complexo, nós temos feito alguns ensaios, mas vai ainda demorar para a gente gravar, porém todas a guitarras estão já gravadas, faltando apenas alguns solos, mas vai ser difícil também cair na estrada com a banda, pois queremos apenas, eu e Ale Amorin registrar nosso trabalho de 15 anos atrás.
Com a Hammer 67 sempre que o Paganela (vocal) está disponível estamos compondo, e logo virá outro cd por aí, talvez com bem menos samplers e bem mais trabalhado que o primeiro registro, que era algo na linha do Rock/Metal Industrial, estilo pouco apreciado aqui no Brasil.



ATM: Poderia nos contar um pouco sobre suas bandas e os estilos?   
SCHROEBER: Minha primeira banda foi o Sepulchred, que era noise total, totalmente underground na época. Depois veio a Fear Ritual, o som já era bem mais trabalhado, na linha do Technical Death Metal, com partes melódicas também acrescentadas nas músicas.
Gravamos um EP com três músicas pela Wild Rags Records de Los Angeles, e foi muito legal, mas devido a problemas internos e eu estar cada vez mais obcecado por colocar cada vez mais riffs nas músicas, a banda acabou se dissolvendo, devido  ao desgaste dos músicos e a saída de Ale Amorin.
Como eu estava totalmente quebrado financeiramente e o mercado na época era muito favorável conheci uma garota chamada Tita Sachet e convidei ela para montar uma banda de Rock Alternativo, que tocava muito na época nas grandes rádios aqui no Sul.
Foi aí que comecei a ganhar dinheiro e minha família aceitou minha escolha profissional, pois rodamos o estado inteiro fazendo de dois a três shows por semana por muitos anos, essa banda se chamava FallUp.
Devido a problemas nas cordas vocais da vocalista e problemas pessoais, fomos obrigados com a banda já no topo, com contrato com uma grande gravadora e muitos shows, trocar de nome e encontrar outra vocalista. Optamos por uma garota de Porto Alegre chamada Izmália Ibias, e gravamos um cd e um DVD, a banda teve seus bons momentos, ganhamos alguns prêmios, como o Prêmio Açorianos de melhor intérprete, fizemos bastante shows, mas a vocal optou por ficar apenas com sua carreira solo.
Até fizemos uma última tentativa com outra vocalista, mas a banda já estava muito desgastada e optei por acabar a banda.
Fiquei acho alguns anos tocando alguns covers do Pantera, até que surgiu a oportunidade de fazer um teste para tocar no Almah. O Edu gostou do meu estilo de tocar, acabei entrando na banda e ao mesmo tempo eu e Niuton Paganela já estávamos planejando fazer alguma coisa diferente, que acabou se tornando a Hammer 67, e conheci o Wally em um bar em SP, ele me convidou para fazer uma participação no disco e acabei entrando no Astafix, que já é uma praia Thrash/Death old school.
Hoje em dia obviamente estou fazendo bem menos coisas do que antigamente, pois ainda não tenho condições de tocar ao vivo.

ATM: Você saiu da banda Almah devido a problemas de saúde, como está a situação hoje em dia?
SCHROEBER: Muita gente, mas muita gente mesmo me pergunta sobre isso hoje em dia, e tento na medida do possível responder a todas elas.
O fato é que estava com Miocardiopatia Hipertrófica no último estágio da doença, ou seja, estava morrendo, e não havia mais condições de eu continuar com nada.
Atualmente vivo uma vida tranquila, na medida do possível, pois ficar só em casa me deixa muito ansioso, gasto muito dinheiro com medicamentos, e obviamente minha família me ajuda, pois os custos são altos.
Emagreci 20 quilos desde a minha terceira cirurgia, mas posso afirmar que estou melhor, mas longe de estar ao ponto de viver uma vida normal, pois tem dias que passo muito mal, e tem dias que estou muito bem.
É uma doença bem instável e a pessoa tem que tentar pelo menos manter um astral bom, o que não é nada fácil, pois praticamente tudo faz mal. Desde a alimentação, esforço físico e é claro bebidas alcoólicas.
Obviamente não faço tudo o que o médico diz, pois senão a pessoa não se sente viva e entra em depressão.
Aprendi a conviver com isso, e tem dias que fico mal, mas vou vivendo um dia de cada vez e tentando ocupar sempre minha mente com alguma coisa, e não girar minha vida em torno da doença.
Além disso, logo após a terceira cirurgia acabei um relacionamento de 8 anos, que foi muito doloroso para mim, pois estava muito debilitado e precisava muito de alguém ao meu lado, na época.
Por isso sou eternamente grato a minha mãe, sem sombra de dúvidas sem ela não teria conseguido, não tenho palavras para expressar minha gratidão a essa pessoa maravilhosa que ficou ao meu lado todo esse tempo.
Atualmente sinto um pouco de falta de ar, ansiedade e cansaço, mas dá para ir levando, e depende também muito do dia.
Em outubro farei outra ecografia e vou ter um parecer mais claro de minha situação.



ATM: Você sente falta da rotina de shows e como é para você, saber que tem tantos fãs ao redor do mundo e que mesmo muitos não te conhecendo pessoalmente, estão torcendo por você e por sua melhora e sucesso?
SCHROEBER: Cada show para mim em todas as minhas bandas, tocava como se fosse o último de minha vida, até por isso optei por parar de tocar ao vivo, pois exige um esforço físico considerável de minha parte.
Sinto muita falta do calor do público, principalmente no Almah, onde o pessoal me tratava com muito carinho, foi realmente um sonho realizado ver no final do show que os fãs gostavam de mim de verdade, é uma experiência muito gratificante.
E pode ter certeza que sou extremamente grato a todas as pessoas que estão sempre acompanhando meus trabalhos, me mandando mensagens positivas, e torcendo por mim, aqui deixo meu muito obrigado do fundo do meu coração a cada uma delas.

ATM: Você poderia nos contar uma história engraçada de alguma turnê que você fez?
SCHROEBER: Foi engraçado na época que o Almah fez a turnê no Nordeste, e como o Marcelo Moreira conseguiu o tão cobiçado quarto separado, pois na época esse status era só do Edu.
O homem quando dorme ronca tão alto, mas tão alto que é praticamente impossível dormir perto do cara, imagina ao lado dele, e sempre sobrava para mim dormir no mesmo quarto do rapaz.
Eu demoro mais ou menos uma hora para pegar no sono, ele já é instantâneo, e começa a roncar praticamente na hora, chega a ser engraçado.
Dessa vez estávamos em uma pousada não lembro em qual lugar, em um quarto pequeno, onde as duas camas eram praticamente coladas uma na outra. Não deu outra, quando o bixo dormiu já começou aquela barulheira infernal, e eu tinha esquecido meus protetores de ouvido, lembro que coloquei no celular um Mastodon a todo o volume, não estou exagerando, e ainda ouvia ele roncando.
Resultado...não consegui dormir nada e estava completamente acabado no café da manhã, e o resto da banda me vendo naquele estado, ficaram apavorados, pois estava branco e com muitas olheiras, daí contei o que tinha acontecido.
A partir desse dia foi decidido que o Moreira ia dormir em quarto separado, pois os caras ficaram com tanta pena de mim que o quarto single seria dele depois do que aconteceu.
Fora o dia em que estávamos em Brasília, e preferimos dormir no andar de cima da casa do Marcelo Barbosa, em quatro pessoas no segundo andar, todos apertados, do que dormir do lado do Moreira que estava com todo o primeiro andar da casa só para ele...(risos)... lembro do Edu dormindo embaixo da mesa do computador do Barbosa, tamanho o medo dele de dormir do lado do cara.

ATM: Nós sabemos que a cena do heavy metal nacional, não é muito a favor dos músicos e bandas, devido ao fato de o estilo não ser muito popular no Brasil, você poderia nos dizer como realmente funciona para as bandas nacionais que não são mainstream?
SCHROEBER: Olha, talvez essa pergunta seja mal interpretada, não é que o público não seja a favor das bandas underground, apenas não se pode viver disso, e as vezes erroneamente se culpa o público a esse fato.
Bandas que estão começando vão tocar para poucas pessoas, a não ser que paguem para abrir para uma banda maior, e mesmo as bandas “mainstream” do Metal Nacional exigem muitos custos, aí sempre tem que fazer alguma coisa por fora para ganhar mais alguma grana, como dar aulas, workshops, etc.
Conheço vários exemplos, que não vou citar, obviamente de bandas que o público pensa que os caras moram em uma mansão, mas na realidade o cara mora com a família (não vejo prolema algum nisso) e a banda apenas dá um certo status, e outras que tiram seu sustento com outros negócios.
O lance é meter a cara e fazer porque gosta, o que vier depois é resultado do trabalho.

ATM: Por fim, gostaria de saber qual foi até então o momento mais marcante em sua carreira musical?
SCHROEBER: Olha fiquei muito lisongeado quando o Edu Ardanuy ainda recém saído do Almah me comprimentou e disse que ele estava sendo muito bem substituído...foi realmente muito gratificante ouvir de um músico do nível e ao mesmo tempo da simplicidade e carisma dele essas belas palavras.
E também todo o processo que passei com o Almah, foi muito legal conhecer pessoas novas, passar por uma banda que estava tocando até razoavelmente bastante na época, e ver como funciona de verdade o mercado do Heavy Metal Nacional e como se pode ou não tirar sustento disso.

ATM: Muito obrigado pela entrevista Paulo! Desejo a você o melhor, melhoras e sucesso!
SCHROEBER: Eu é que agradeço novamente a oportunidade, e espero continuar com meu trabalho e também sempre lembrando de agradeçer a todas as pessoas que vem me acompanhando nessa luta.
ATM: Muito obrigado Paulo! Cara, te desejo melhoras, sucesso e obrigado por ser uma inspiração também!

Paganus Saga: projeto ousado e inovador


Paganus Saga é uma banda de Folk metal pernambucano composto de um Power trio (de baixo/Vocal, bateria e guitarra) onde instrumentos típicos da cultura Europeia são adicionados levando o ouvinte a um sincretismo sonoro entre Metal e temáticas folclóricas, com especial atenção à música Irlandesa (Irish folk music). Para somar a sonoridade o projeto conta com Flautas Tin whistle (Irish fea dog), Fiddle, Bandolim, Bouzouki, Bodhrán, Derbak e o medieval Hurdy gurdy. Na Europa este tipo de performance já não é novidade (através de bandas como Eluveitie, Vogelfrey e outras...), todavia no Poente poucas foram as bandas que se interessaram pelo estilo, até mesmo pelo difícil acesso aos instrumentos como a Bag-pipe e o próprio Hurdy Gurdy (que teve seu fim declarado no início do século XX e só voltou a ser artesanalmente trabalhado a partir de 1920). O trabalho de pesquisa quanto ao estilo começou em 2012, mas só agora estamos podendo tornar o resultado das pesquisas em produção audiovisual. No Brasil maior referência é o grupo Tuatha de Dannan.

Até o final de 2013 será lançado o EP "Paganus Saga". No segundo semestre de 2014 se iniciam as gravações do álbum de estreia "Wishful thinking", A doce ilusão.

O Projeto conta com a participação de músicos e parceiros de longas datas, além de um convidado especial o musico e compositor curitibano, Raine Holtz tocando o Hurdy gurdy.

Composto pelo vocalista, compositor e multi-instrumentista Edardna D’Searom no baixo, bandolim, Tin whistles. Conta ainda com a participação do guitarrista Joabson Silva e as programações de bateria ficam por conta do baterista Erik Cavalcanti, ambos da banda de Epic Thrash Metal pernambucana Uncivilized.

Informações e contato:
Perfil: www.facebook.com/edardnadsearom
E-mail: edardnadsearom@gmail.com
Tel.: + 55 81 88 57 96 43
Site Oficial: www.facebook.com/paganusaga

Confira abaixo alguns teasers do EP que será lançado em breve pela banda:

Review de show: Bokada Festival (17/08/2013 - Wong Bar – Pelotas/RS)


Texto, fotos e vídeos por Paulo Momento

O Wong Bar, atualmente a única casa em Pelotas a dar espaço ao metal, abrigou mais uma edição do Bokada Festival no sábado, 17 de Agosto. Nunca é demais parabenizar a Bokada Produções pelo zelo demonstrado em todos os detalhes dos eventos que organizam. Desde a bebida a preços bem acessíveis, passando pelo tradicional telão com vídeos e pela qualidade da aparelhagem. Mais um festival de respeito, para firmar cada vez mais o nome de Pelotas na cena underground gaúcha e nacional.

A primeira banda a se apresentar foi a Chirriro, de Rio Grande, até então desconhecida por aqui. Tocando um metal alternativo, estilo que particularmente não cai no meu gosto, fez uma apresentação que acabou ficando cansativa pelos longos intervalos entre as músicas, nos quais a banda parecia estar em um ensaio e não num show, pois não se relacionava muito com o público. Mas essa atitude não fez com que o público deixasse de dar o seu apoio à banda, que trouxe uma excursão de Rio Grande para o evento. Contando com duas mulheres em sua formação (baterista e vocalista), com o Marcelo (Escöria e Carnage of Deformed) no baixo, e com um guitarrista competente e de boa presença, a Chirriro tocou um repertório bem pesado e cadenciado, com destaque para as letras em português. Veja o vídeo da música "Dane-se":


A seguir veio a Vetitum, banda já bastante conhecida na cena, que toca um doom/gothic metal e também conta com mulheres em sua formação, com exceção do baixista. Desenterrando músicas antigas e apresentando novas composições, a banda fez um set coeso e impecável, mostrando estar em um excelente momento de sua carreira. A vocalista Daniela Moreira, dona de grande técnica vocal, vem melhorando a cada apresentação no quesito performance de palco. Os backing vocals agressivos da guitarrista Paula Oliveira trazem o contraste perfeito. A cozinha estava inspirada. Formada pela baterista Luísa Branco, dona de grande personalidade e precisão, aliada ao baixista Gustavo Knopp, com sua pegada fortíssima e firme, fizeram desse show um dos melhores shows da Vetitum que pude assistir até hoje. Destaque para a já conhecida "Red Solution", que possui um vídeo oficial, e para a até então inédita "Crystal Illusions". Veja vídeo:


A terceira e última banda a se apresentar foi a portoalegrense Losna. Tocando um thrash metal old school, bem oitentão mesmo, fazia já um tempo que não aportava em palcos pelotenses. Impossível não destacar a performance do baterista Marcelo Índio, pesada, firme e técnica. Mandou muito bem nessa apresentação e a meu ver é o grande responsável pela desenvoltura que a banda tem ao vivo. A baixista e vocalista Fernanda Gomes e a guitarrista e vocalista Débora Gomes completam o power-trio e executam bem suas funções. Soltaram uma série de petardos, um atrás do outro, sem muito papo, só lenha e lenha. Simpatia pode não ser de fato o forte das meninas na linha de frente da Losna, mas atitude metal é o que não falta, a performance compensa e o público respondeu à altura, formando rodas de mosh na pista do Wong. Um problema com o amp da guitarra foi rapidamente resolvido e a banda voltou com mais fúria ainda! O vídeo é do cover do Destruction, "Thrash Till Death", que ficou ótimo, mas a banda também mandou muito bem nas músicas próprias. No final, tiveram que tocar dois bis, pois o público não parava de gritar ‘mais um’!


Hora de ir pra casa, e nem os chatos que ficaram do lado de fora incomodando quem saía conseguiram estragar essa noite! Que venham os próximos eventos! Continuem apoiando e prestigiando a cena e as bandas locais e nacionais. Longa vida ao metal underground!

Confira também a galeria de fotos exclusivas:
 

Review de show: Soulfly (28/08/2013 - Bar Opinião - Porto Alegre/RS)


Quando decidi criar o All That Metal, em setembro do ano passado, jamais poderia imaginar todas as consequências que isso poderia me trazer. Foi com muito esforço que conseguimos desenvolver um blog com conteúdo diferenciado, investindo em artigos e apoiando a cena underground, seguindo o caminho oposto das inúmeras páginas que resumem-se a postar notícias que você encontra em qualquer site da web. Toda a dedicação foi devidamente recompensada ao longo do tempo com reconhecimento do público e das bandas, o que nos proporcionou certas vantagens dentro da cena. Tais vantagens incluem escutar trabalhos das bandas antes mesmo do lançamento, entrevistar músicos que você admira e muitas outras coisas. Mas nada disso compara-se a oportunidade de fazer reviews de shows, pois é esse o momento mágico em que você pode ver seus ídolos em ação. Tudo isso e mais o fato deste ser o último review do ATM antes de completarmos um ano de atividades me fez tomar a liberdade de fazer um relato mais pessoal e detalhado do show do Soulfly, algo semelhante ao que vocês podem ler na matéria da passagem do Moonspell por terras gaúchas.

Quem acompanha o blog sabe que temos uma relação muito especial com a família Cavalera (clique aqui para mais detalhes). Como fã declarado do legado de Max Cavalera, a espera por uma apresentação em Porto Alegre foi longa, o que gerou um grande entusiasmo de minha parte quando foi anunciado o show do Soulfly na capital gaúcha. Infelizmente, não foi possível fazer um credenciamento para uma cobertura ideal do show, ou seja, não temos uma galeria de fotos como vocês estão acostumados a ver em nossos reviews. Mas para a minha surpresa, poucas horas antes do show fui informado por Gloria Cavalera que meu nome estava na lista de convidados da própria banda! Agora imagine você, fã de Max, Soulfly, Sepultura e fã apaixonado por Metal, a honra que é ser agraciado com esse "presente". Confesso que surgiu um orgulho muito grande, certamente o maior reconhecimento que já tive do meu trabalho no ATM.

A noite prometia ser longa e repleta de clássicos, daqueles que você cresceu escutando na sua adolescência em fitas K7 e decorou cada uma das letras. Acabei chegando tarde no Bar Opinião e perdi o show da Distraught, o que é uma pena por tratar-se de uma das minhas bandas nacionais favoritas e imagino o quão especial foi esse momento em sua história. Prometo que vamos remediar isso com uma matéria especial com a banda em breve. Pouco antes do Soufly subir no palco, o público já estava com sangue nos olhos, apenas aguardando a aparição de Max.

O próprio Pisca, produtor da turnê nacional, foi quem subiu no palco para dar início a contagem regressiva para o caos sonoro que seguiria-se pela próxima uma hora e meia. O Soulfly entrou no palco detonando tudo com "Plata O Plomo", do álbum "Enslaved" (de 2012), com Max mostrando todo seu poder como frontman ao fazer a platéia cantar a música do início ao fim. Na sequência já mandaram ver em "Prophecy", do álbum homônimo de 2004, abrindo o primeiro circle pit da noite e fazendo as paredes do Opinião tremer com o público cantando o refrão. Após o final brutal de "Prophecy", surge o som do berimbau nas caixas, era o momento do Soulfly tocar "Back To The Primitive". A trinca que deu início ao show já foi o suficiente para ganhar o público pelo resto da noite, que permaneceu empolgado do início ao fim da apresentação.

É óbvio que Max está muito longe de ser aquele frontman que todos lembram dos dias do Sepultura, mas quem assiste a banda ao vivo reconhece o motivo pela qual ele ainda é considerado uma das maiores lendas vivas do Metal. O tempo inteiro ele faz o público manter-se ativo, em uma troca de energia contínua entre os fãs e a banda. Falava de maneira breve entre as músicas do set list e até relembrou a vez em que o Sepultura tocou no mesmo local ao lado do Ramones, na década de 90. Marc Rizzo também chama a atenção com toda sua presença de palco e seu exímio talento como guitarrista, dono de um feeling e uma pegada totalmente únicos. O baixista Tony Campos também mostrou ter sido uma adição importante para a banda, em constante contato com o pessoal que estava na grade e contribuindo com os backing vocals. Ao contrário do que imaginávamos, Zyon, filho de Max, não assumiu as baquetas durante a turnê sul americana, cargo que ficou por conta de Kanky Lora (pseudônimo de Juan Carlos Lora), mandando muito bem em boa parte da apresentação.

O show continuou com "No Hope = No Fear", do primeiro álbum da banda, canção que foi seguida por "Seek 'N' Strike". Quem estava lá não vai esquecer tão cedo a cena do pessoal pulando ao som dessa faixa, incrivelmente épico! "I And I" veio na sequência, do meu álbum favorito da banda, "The Dark Ages". O trecho do meio da canção, antes do solo, foi tocado de uma maneira diferente da versão original do álbum. Particularmente, foi um dos meus momentos favoritos do show.

O momento seguinte foi o mais aguardado por vários dos que estavam presentes: "Refuse/Resist"! Nem sei quais as palavras certas para descrever isso, fãs de Sepultura sabem o quanto é empolgante escutar os clássicos da banda na voz de Max. O circle pit formado no meio da canção foi um dos mais violentos do show! Sem nem ao menos dar um tempo para o pessoal respirar, já deram início a outro clássico de "Chaos AD" e os fãs foram a loucura com "Territory". Se o show acabasse ali mesmo a noite já estava ótima. Mas não estávamos nem na metade ainda!

"Blood Fire War Hate" veio representando o excelente álbum "Conquer", lançado em 2008. Aliás, ao menos uma música de cada álbum do Soufly foi tocada, além dos clássicos obrigatórios do Sepultura, fazendo um apanhado geral da carreira de Max. A maior surpresa mesmo foi a faixa tocada logo a seguir, "Wasting Away", presente no primeiro e único disco do Nailbomb, projeto de Max ao lado de Alex Newport, lançado em 1994.

"Under Porto Alegre grey sky"... você sabe o que veio a seguir, certo? Isso mesmo, "Arise"! Certamente um dos momentos mais aguardados por muitos presentes. A faixa ainda foi emendada no tradicional medley com "Dead Embryonic Cells", gerando insanidade coletiva nos fãs, ainda mais no pessoal old school. Mais uma de "Dark Ages" foi tocada, "Frontlines", fazendo a galera manter o pique e mostrando o quanto os fãs recebem bem os trabalhos pós-Sepultura. E o álbum "Chaos AD" voltou a ser representado com "Propaganda". Ou seja, a partir daquele momento quem foi no show para escutar clássicos do Sepultura estava, no mínimo, muito próximo de sentir-se satisfeito com o ingresso comprado. Um breve trecho de "Walk", clássico do Pantera, ainda foi tocado ao final da canção.

A faixa que marcou a presença de "Omen", álbum de 2010, no repertório foi "Rise Of The Fallen". Mais uma boa prova da boa recepção dos fãs aos trabalhos do Soulfly foi o fato do pessoal ter cantado a plenos pulmões o refrão da canção. Algumas das linhas vocais que originalmente foram cantados por Greg Puciato (vocalista do The Dillinger Escape Plan) na versão de estúdio foram executadas por Tony. Max anunciou que a banda tocaria uma faixa de seu próximo álbum de estúdio, "Savages", que será lançado em breve pela Nuclear Blast, e convidou Ritchie Cavalera para juntar-se ao grupo no palco. Ritchie é enteado de Max e vocalista da banda Incite, além de já ter cantado em outros trabalhos do Soulfly e do Cavalera Conspiracy. Tocaram "Bloodshed", faixa que tem sido tocada com exclusividade na turnê sul americana do Soufly. Pela breve amostra que tivemos através de "Bloodshed" já dá pra saber que o próximo álbum vai ser mais uma porrada com muito peso, como tem sido nos últimos álbuns da banda.

A próxima canção é o maior hino da carreira do vocalista, "Roots Bloody Roots"! Obviamente, todos acompanharam Max cantando a música do início ao fim, fazendo da pista do Opinião um verdadeiro caos generalizado. Mais uma vez a banda já começa a mandar outro som de peso sem nem dar tempo do público parar, pois "Attitude" veio logo depois. Apenas uma ressalva sobre a execução dessa música: por mais que ela soe incrível ao vivo, nada pode-se comparar ao próprio Igor Cavalera tocando ela! A banda sai do palco com Max anunciando que se o público conseguisse fazer muito barulho eles voltariam para tocar mais, o que foi prontamente atendido por todos. O encore encerrou a noite com "Jumpdafuckup" e "Eye for an Eye", com direito a um breve trecho de "The Trooper", do Iron Maiden, tocado para finalizar de vez a apresentação.

Pouco antes do fim da apresentação, tive a oportunidade de bater um breve papo com Gloria, um momento realmente muito especial para mim. Sou um grande admirador de sua atitude e postura como profissional e tenho todo o respeito do mundo por essa mulher que manteve-se ao lado do homem que é o maior nome da história do Metal nacional. Além do mais, sempre tive orgulho do fato de ter sido com ela a primeira entrevista internacional realizada pelo ATM e desde então sempre mantemos contato. Foi um dos muitos momentos proporciados por esse blog que eu jamais vou esquecer, daqueles que fazem valer a pena todo o esforço desempenhado ao longo do primeiro ano de atividades. Só não foi perfeito porque não deu para ter contato direto com Max, pois ele saiu direto para a van que o levou até o hotel devido a apresentação do dia seguinte em Brasília.

No começo do texto comentei sobre as consequências que o ATM gerou ao longo do seu período de atividade. Há um ano atrás, jamais poderia imaginar que tudo isso seria possível! E agora posso afirmar que encerramos um ciclo na história do blog, concretizando isso através do reconhecimento de um bom trabalho pelos nossos próprios ídolos. Mas tudo isso é assunto para um próximo post que publicarei dia 14 de setembro. Algo especial como forma de agradecimento aos nossos leitores. Long live the tribe!

Set list:
Plata o Plomo
Prophecy
Back to the Primitive
No Hope = No Fear
Seek 'N' Strike
I and I
Refuse/Resist
Territory
Blood Fire War Hate
Wasting Away
Arise/Dead Embryonic Cells
Frontlines
Propaganda
Walk
Rise of the Fallen
Bloodshed
Roots Bloody Roots
Attitude
Jumpdafuckup
Eye for an Eye/The Trooper 

Para compensar o fato de que não foi possível incluir no review a tradicional galeria de imagens, fique com 3 vídeos em Full HD postados no Canal do Caveira


Possessed: declaração sobre show em Porto Alegre

sábado, 17 de agosto de 2013


Conforme foi citado no nosso review do show que o Possessed realizou em Porto Alegre no dia 8 de agosto, alguns problemas ocorreram durante a realização do evento. Não entramos em detalhes na resenha justamente pelo fato de que estávamos aguardando alguma declaração da produção do evento sobre os acontecimentos. Portanto, cá estamos com o aguardado relato.

Para quem não estava lá e não faz ideia do que estamos falando: após a apresentação de abertura da Postmortem, os dois organizadores do evento subiram no palco explicando que parte do cachê do Possessed ainda não havia sido pago. Algumas propostas para a resolução do problema foram apresentadas, o que gerou revolta de parte do público (como foi citado no review sobre a senhorita imprudente que subiu no palco com o intuito de destruir equipamentos). No final das contas, os problemas foram resolvidos e a banda apresentou-se normalmente. 

Quem fez a declaração foi Marlon Mitnel, proprietário da Mitnel Produções, através de sua página pessoal no Facebook e com o texto sendo divulgado pelo assessor de imprensa da produtora. Confira abaixo o texto postado. 


Tudo que posso afirmar é: problemas acontecem. Conheço o trabalho de Mitnel desde os tempos que ele organizava festivais em Santa Maria e posso afirmar com total certeza que está muito longe de ser um Negri, como alguns passaram a difamar. Pelo contrário: acho que foi uma atitude muito corajosa de sua parte subir no palco e deixar bem claro para o público os problemas que estavam rolando nos bastidores. Seria muito mais fácil não avisar ninguém e deixar o show rolar com o atraso mesmo, ou mesmo cancelar alegando alguma desculpa qualquer. 

Da mesma forma, vou ressaltar mais uma vez o que foi dito no review: não adianta nada o pessoal ficar reclamando da cena o tempo inteiro e não fazer nada por isso. O que foi dito na declaração é a mais pura verdade: open bar sempre lota, independente do que vai tocar. Mas se é para pagar uma apresentação de uma banda grande que veio tocar na sua cidade, ninguém tem dinheiro. Se é uma banda underground então nem se fala. E a regra aplica-se a todos: esperava ver um público maior no Morbid Angel, assim como no Angra e vários outros shows realizados esse ano. Até entendo que tem rolado vários shows grandes um atrás do outro, mas mesmo assim, vários são anunciados com antecedência. 

Nunca disse isso por aqui: quem acompanha o ATM deve ter percebido a mudança na linha editorial ao longo do tempo, pois hoje somos muito mais voltados para bandas do underground nacional. Por incrível que pareça, isso aumentou MUITO o número de acessos em nossa página, nem dá para comparar ao que era no ano passado. Esse tipo de coisa, como a forte parceria que formamos com várias bandas e o comprometimento em levar aos leitores o que existe de melhor no mercado nacional, é algo da qual tenho muito orgulho e dá uma esperança de que existem sim pessoas empenhadas em fazer isso tudo crescer. 

Moral da história: antes de criticar, faça algo. Você ao menos compra o CD daquela banda em que seu amigo toca?

Soulfly em Porto Alegre e Sepultura tocando Sex Pistols


Depois de quase duas décadas, finalmente Max Cavalera está retornando a Porto Alegre para mais uma apresentação em terras gaúchas. A maior lenda do metal nacional traz o Soulfly para realizar um show no dia 28 de agosto no Opinião. Como já virou tradição aqui no All That Metal, todo grande show que chega em nossa cidade merece uma matéria especial como aquecimento para nossos leitores. Só digo que dessa vez é diferente por ser ainda mais especial.

Muitos de vocês já sabem que além de escrever para o All That Metal também sou colaborador de um programa da Rádio Putzgrila, o New Kidz On Dead Rock, ao lado de Ana Beise. O programa é totalmente voltado para bandas independentes e é veiculado todos os sábados (CLIQUE AQUI para saber mais na página do facebook). Tivemos a honra de entrevistar Jacques Maciel, vocalista/guitarrista do Rosa Tattooada, no dia 3 de agosto, véspera do show acústico que a banda realizou no pub Malvadeza (confira a matéria do ATM e fotos do show clicando aqui).

Durante a entrevista, Jacques Maciel relatou a primeira passagem do Sepultura por Porto Alegre, na década de 80. Ele esteve com a banda em um bar clássico da capital gaúcha, o Porto de Elis, uma noite antes do show do Sepultura. A banda Replicantes estava tocando por lá e após sua apresentação, Max, Igor e Andreas subiram ao palco, pegaram os instrumentos da banda e tocaram várias músicas dos Sex Pistols.

Confira as palavras transcritas de Jacques Maciel e áudio da entrevista:

"O Sepultura veio a primeira vez [em Porto Alegre], uma noite antes do Sepultura tava rolando os Replicantes no Porto de Elis. A gente foi pra lá com eles e foi uma noite muito louca. Uma bebedeira homérica. No final do show dos Replicantes eles foram ao palco, o Max, o Igor e o Andreas Kisser, o Paulo ficou com a gente ali [no bar]. Pegaram os instrumentos dos Replicantes, trocaram os instrumentos. O Max pegou o baixo, o Andreas e o Igor no instrumento de cada um originais e mandaram uma saraivada de Sex Pistols. Os caras com uma pegada que parecia que o volume tinha dobrado. Tinha dobrado a quantidade de som na casa."



O Soulfly vai apresentar-se em Porto Alegre pela primeira vez desde sua formação após Max Cavalera ter deixado o Sepultura. A banda vem melhorando a cada lançamento desde "Prophecy", de 2004. O álbum lançado no ano passado, "Enslaved", marcou o trabalho mais pesado do grupo até então, com muitas influências dos clássicos do Death Metal a qual Max sempre declarou ser um grande fã. No próximo dia 4 de outubro será lançado "Savages", novo álbum de estúdio da banda que também conta com Marc Rizzo (guitarra), Tony Campos (baixo) e Zyon Cavalera (bateria).

Vale lembrar que a família Cavalera teve uma participação ativa no crescimento do All That Metal. Com menos de uma semana de vida, realizamos a primeira entrevista internacional do blog com Gloria Cavalera, esposa e empresária de Max. Gloria retornou ao ATM no final de 2012 quando postamos nossas listas de melhores do ano. Ainda em 2012, o ATM foi o primeiro veículo nacional a divulgar as datas da turnê que o Cavalera Conspiracy realizou pelo Brasil em novembro. 

Abaixo você encontra todas as informações sobre o show do Soulfly em Porto Alegre, organizado através da Pisca Produtora em parceria com a Opinião Produtora.

Local: Bar Opinião - Porto Alegre/RS
Endereço: R. José do Patrocínio, 834 - Cidade Baixa
Abertura das portas: 21:00hrs

Pontos de venda:

- Multisom - (Shopping Iguatemi, Praia de Belas, Barrashoppingsul, Moinhos, Total, Bourbon Ipiranga, Bourbon Wallig e Andradas, 1001).

Multisom “Grande Poa” - Shopping Canoas, Bourbon Novo Hamburgo e Bourbon São Leopoldo
A Place - Voluntários da Pátria, 294 - loja 150 – Centro. Fone: (51) 3213-8150.
Zeppelin - Marechal Floriano, 185 - loja 209. Galeria luza. Fone: (51) 3224-0668.

Vendas Online: www.opiniaoingressos.com.br

Ingressos:
1° lote – R$ 60,00 (esgotado)
2° Lote - R$ 70,00
3° Lote - R$ 80,00
4° lote – R$ 90,00

Realização: Pisca Produtora e Opinião Produtora

Fiquem agora com um vídeo do Soulfly tocando no festival belga Graspop Metal Meeting em junho e preparem seus pescoços para o vindouro dia 28 de agosto.


Entrevista: BULLSEYE


por Paulo Momento

A banda Bullseye, um quinteto de Pelotas/RS me recebeu em seu ensaio em uma sala que eles alugam para tal fim em um antigo prédio comercial da cidade. Formada por Álvaro Peter e Rafael Reis nas guitarras, Solano Ferreira no baixo, Lorenzo Cassuriaga na bateria e William Knepper nos vocais, a banda tem o foco nas composições próprias, fazendo um Stoner pesado, cadenciado e que tem tudo para agradar aos fãs do estilo. Como de praxe, fiz um vídeo totalmente cru e sem edição alguma, para mostrar bem o clima do ensaio da banda, que tocou a séria candidata a hit “Nevermore”, de sua autoria. Sintam o peso da Bullseye e confiram a entrevista.



ALL THAT METAL: Começando pela pergunta inevitável: fale um pouco sobre a história da banda.
RAFAEL REIS: Como muitas bandas acredito eu, começamos como uma brincadeira de amigos. Eu, o Álvaro e o Rodrigo, nosso primeiro vocalista com quem aliás eu tinha uma banda de rock exclusivamente covers, tínhamos gosto muito parecido, e resolvemos tocar um projetinho à parte que, por incrível que pareça nasceu como covers voz e violões de clássicos do metal. Uma viagem! Logo a coisa foi ficando divertida mas cada vez que nos juntávamos pra comer um churrasco, tomar uma cerveja e tocar, a veia metal falava mais alto e algo nos dizia: Violão o cacete! Vamos plugar as guitarras e fazer um bom e velho som alto e pesado! Chamamos o Lorenzo, que era baterista nessa antiga banda de rock que eu e o Rodrigo tínhamos e o Tiago, nosso primeiro baixista e fomos ensaiar em um estúdio. A coisa deu liga e estamos aí até hoje, tendo mudado apenas o baixista para entrada do Solano e o vocalista quando o Rodrigo resolveu abandonar o metal e virar evangélico. Brincadeira, o Rodrigo precisou se dedicar a outras atividades, mas segue parte da família, aliás acho que não teve sequer um show que ele não cantou pelo menos uma música conosco. Foi ele também quem indicou o atual vocalista, o William. Mas ainda na época do Rodrigo, lá por meados de 2009 já começou a compor material próprio e hoje nos dedicamos 95% aos nossos sons, apenas incluímos covers porque não adianta, a galera adora covers e nós também nos divertimos tocando algumas. Quanto ao nome da banda, obviamente faz menção ao nome da guitarra do Zakk, mas criamos esse nome para batizar nosso projetinho lá nos primórdios. Não esperávamos que fosse virar uma banda mais séria como temos hoje, e estamos ligados a esse nome para o bem e para o mal. Chegamos em um determinado um momento a pensar em trocar, para não ficar tão vinculados assim, mas resolvemos manter porque já tínhamos um nome estabelecido. Mostramos a camiseta com nosso nome para o próprio Zakk no Meet & Greet do show em Porto Alegre em 2011 e ele não ficou brabo e nem nos bateu, então mantivemos hehe.

ATM: A Bullseye já teve vários vocalistas, enquanto o restante da banda se manteve ao longo dos anos. O William me pareceu uma excelente aquisição, visto que seu timbre de voz fecha bastante com o estilo. Ouvi dizer que foi difícil encontrar o vocalista ideal para a banda, conte-nos como foi isso...
SOLANO FERREIRA: Eu sabia que o William além de tocar, cantava em outra banda. Já conhecia o maluco pela parceria que havíamos feito na época que ele era baixista da sua ex banda, a Calavera. Bastou um convite para o maluco e ele aceitou prontamente, pois já conhecia o resto da gurizada da banda. A gente soube que era ele quando começou a cantar os nossos sons no primeiro encontro.

ATM: O nome da banda, que faz referência à guitarra usada por Zakk Wylde, já entrega uma das influências musicais de vocês. Que outras bandas e estilos os influenciam?
FERREIRA: Eu gosto de tudo que gosto. Não me prendo a um tipo de som. Acho que sou o mais eclético da gurizada (risos).
REIS: Bom, tem bastante coisa “debaixo do capô” Além de obviamente BLS e Black Sabbath bebemos em fontes menos óbvias como Nevermore, Killswitch Engage, Iced Earth, Fear Factory, entre outras.

ATM: A Bullseye possui algum material gravado? Como os leitores podem fazer para conhecer os sons da banda?
REIS: Nos convidem pra tocar! Fora isso temos o myspace <https://myspace.com/bandabullseye> e o youtube, com nosso novo xodó, o clipe da "Hate Me" .

ATM: Vocês recentemente gravaram um clip que ficou bem legal, para a faixa Hate Me. Driblando uma possível falta de recursos, meteram a mão na massa e fizeram muito com pouco, mostrando que o que conta é uma idéia na cabeça e uma câmera na mão. Conte-nos como foi o processo de gravação do vídeo.
ÁLVARO PETER: Para a produção deste vídeo invertemos literalmente o processo de criação, onde normalmente busca-se recursos para executar-se uma ideia, nós avaliamos nossas reais possibilidades e assumimos que faríamos o melhor com o que tivéssemos. Desta forma fomos resolvendo problemas pontuais tais como: locação (disponibilizamos de uma sala de ensaio e obrigatoriamente será gravado lá), ambientação (a sala não tem um visual apropriado, então apagamos a luz e forçamos os planos fechados para não vazar nada), iluminação (alguém consegue uma lanterna?), equipamento (não temos nada profissional e o melhor que conseguimos foi um ipad), e por aí vai. O ápice da pré-produção foi todo mundo passar uma flanela nos instrumentos e comprar cerveja hehe. O material bruto final tinha quase 1h de gravações, dando início a outra etapa, de pura transpiração mesmo, para editar aquele que seria o primeiro (e suado) videoclip da banda.

ATM: Algum show em vista? O ensaio que eu vi, focado totalmente nos sons próprios, mostrou que repertório é o que não falta, e muito menos entrosamento entre os músicos. Quando veremos esses petardos executados ao vivo em cima de um palco?
FERREIRA: Tá para rolar uma parceria com as bandas que dividem a sala. A Freak Brotherz, minha outra banda, e a Postmortem. É coisa para daqui um mês no máximo. Mas aceitamos convites também (risos)!!!

ATM: A seu ver, quais são as maiores dificuldades para se conseguir manter uma banda underground atualmente? Já foi mais fácil ou mais difícil?
FERREIRA: Acho que o primeiro passo é gostar do que se faz e saber que isso não será sua fonte de renda. Muitas vezes mais se gasta do que se ganha (risos)!!! O resto é ensaio, dedicação, estudo e ser muito persistente!!! Não tem como ser diferente! Quando começamos a tocar ao vivo viemos com a proposta de apresentar o nosso trabalho. É claro que rola uns covers, mas nosso show é 70 a 80% de músicas autorais, então até a galera conhecer os sons demora um pouco, mas isso está sendo solucionado com a gravação delas em estúdio.

ATM: Os músicos da Bullseye já estão há bastante tempo na cena underground de Pelotas e região. Como vocês vêem a cena hoje em comparação com antigamente? Bandas, espaço para shows, etc...
FERREIRA: A gente (O entrevistador, risos) que faz parte da mesma geração começou a correr atrás no início dos anos 90. Se não existia um espaço, se criava um. Geralmente era aquele bar que já tava quebrando e aceitava qualquer coisa que propusessem para eles. Hehehe. Acho que todos nós começamos fazendo música autoral, o que complicava muita coisa, pois não existia essa coisa de gravar em casa que tem hoje. No máximo o cara colocava um microfone no meio da peça e seja o que ele captar. Aí aquela fita era passada para os amigos. Hoje tudo é mais fácil. Tem como se gravar em casa, existem bares que abrem espaço para galera. Até adquirir um equipamento bom é fácil. Mas isso torna a coisa mais trabalhosa, pois tu tens que correr atrás para que as pessoas conheçam o teu trabalho. São muitas opções, por isso os amigos são fundamentais, pois eles se transformam em multiplicadores na divulgação do trabalho.

ATM: O som da Bullseye é intenso e transborda sentimento. Quais os temas abordados nas letras de suas músicas?
PETER: Nunca tivemos a pretensão de criarmos um disco temático. O Dark Ritual, nome mais cotato para o primeiro disco da Bulls, trará letras muito intimistas e por vezes soturnas, que tratam de situações pontuais de cada integrante da banda. Como não existe um letrista oficial, a banda se torna extremamente heterogênea, fazendo heavy metal com situações cotidianas que vão desde a solidão de Nevermore, o ódio da Hate me, até a queima desenfreada de gasolina só por diversão de Live to ride.

ATM: Por fim, agradeço a todos pelo convite e pela atenção, em especial ao Lorenzo pela cerveja (risos)! Deixe então sua mensagem final aos nossos amigos leitores do All That Metal. Muito obrigado!
PETER: Valeu All That Metal pelo espaço, Valeu Torrado. Metal neles. Up the Bulls!


Save Our Souls: escute prévia de "Another Life"

sexta-feira, 16 de agosto de 2013


Há algumas semanas atrás comentamos aqui no ATM que a banda porto alegrense Save Our Souls está gravando seu primeiro álbum de estúdio em Capão da Canoa. O debut chama-se "Soul Domination" e vai conter 10 faixas, além de uma bônus. A capa que ilustra o topo da matéria foi desenvolvida por JDuarte. CLIQUE AQUI e confira nossa matéria com todos os detalhes do álbum.

Agora a banda liberou uma prévia de uma das faixas, "Another Life", através de um vídeo gravado de um dos ensaios. A gravação já é o suficiente para nos deixar empolgados com o que está por vir, apresentando um pouco da ótima mistura entre Gothic e Prog que caracteriza o som único da banda. 

A seguinte mensagem foi postada no site oficial da banda junto do vídeo: "A  SAVE OUR SOULS  entrou em estúdio neste final de semana para iniciar as Gravações do seu Primeiro Full Length intitulado 'SOUL DOMINATION', confiram o registro de uma das faixas mais agressivas do Album Soul Domination,  vídeo gravado no estúdio UFO em Capão da Canoa, pelos irmãos Adriano e Juliano Lanzendorf."

Você também pode conferir a entrevista exclusiva com o baterista Andrêss Fontanella e o baixista Jackson Harvelle clicando aqui

Abaixo, o tracklist de "Soul Domination" e o vídeo de "Another Life".

Tracklist:
01 – Another Life
02 – All The Lost Souls
03 – The Judgement Day
04 – The Sound Of Heart
05 – Web Of Lies
06- Soul Domination
07 – Find The Way
08 – Leave Me Alone
09 – You( Leave me Alone Part II)
10 – Dark Enigma
11 – The Sound Of Heart Acoustic Version (Bonus Track)


Entrevista: Kito Vallim (Hellarise, The Apple)

 

por Caio Botrel

Kito Vallim é músico, compositor, vocalista e baixista e toca nas bandas Hellarise (death metal melódico) e na banda The Apple (rock n roll, hard rock, heavy metal). Kito começou seus primeiros contatos com a música aos 14 anos de idade começando a escrever letras, compor músicas etc. Nesta entrevista, Kito nos contou um pouco de como foi sua trajetória desde o ínico de sua carreira até agora ao entrar para uma banda que já tem certo renome aqui no Brasil e fora, a Hellarise. Fiquem aqui com esta entrevista divertida e com este grande músico!



ALL THAT METAL: Olá Kito Vallim, como vai?
KITO VALLIM:
Vou bem, Caio, e você? Quer tc? (risos)

ATM: Bom, você é o vocalista da banda The Apple e baixista da banda Hellarise, você poderia nos contar como você começou seus estudos em música, e qual foi o caminho trilhado até hoje?
VALLIM:
Bom, eu comecei tocando teclado, com 13 anos, se não me engano, mas eu nunca fiz aula, porque eu sou um gênio hehe. Como eu era o cara que cantava menos pior, acabei virando vocalista nas primeiras bandas e a falta de baixista em todas elas me fez ir atrás de instrumentos de cordas, sempre aprendendo na raça. Atualmente eu faço aula de canto com o Edu Falaschi e isso representou um salto pra mim, tanto em qualidade como vocalista e músico, quanto como desenvolvimento pessoal. Estar ali, do lado de alguém que já passou por tanta coisa boa e ruim na vida, te faz crescer muito.
Depois de algumas tentativas de fazer a banda The Apple alavancar, a gente acabou entrando em um hiato que parecia ser permanente e eu resolvi buscar coisas novas, comecei um projeto novo que ainda não saiu do papel, chamado Final Disaster e acabei conhecendo a Flávia e a Mirella da HellArise pela internet, conversamos, acabei indo em um ensaio, em dois, em três, em quatro, em cinco... e acho que vou continuar indo por algum tempo, já que acabei entrando pra banda de vez.

ATM: Legal! Você entrou para a banda Hellarise como você disse, qual é a experiência de entrar para uma banda que já tem um certo reconhecimento em território nacional e como é fazer parte disso?
VALLIM:
Cara... é uma viagem. Um dia eu entro no estúdio e a Mirella entra com uma revista "olha, saiu uma entrevista nossa nessa revista da Malásia"... tipo QUÊ?!?!?! Minha vida inteira eu comecei bandas do zero, a única experiência que eu tive em que entrei em uma banda foi com a banda Supernova, com um direcionamento mais pop/comercial e fiquei pouco tempo, mas a banda estava bem no começo. Então é meio que bizarro, porque eu realmente não sabia como muitas coisas funcionavam e estou aprendendo a lidar com isso da melhor forma possível porque, na prática, é só chegar no ensaio e tocar, dar o melhor de si como músico. E essa parte mais de administração da banda fica com quem já está lá dentro a mais tempo, mas eu gosto muito dessa parte, então tento aprender o máximo possível para poder ser útil quando for necessário.

ATM: Bom, quais são os próximos planos para a Hellarise e para a sua carreira?
VALLIM:
Bom, eu pretendo ficar famoso e milionário do dia pra noite, acho que seria bem legal.  Mas, no improvável cenário em que meus planos falhem, eu planejo seguir sim com a música, eu vivo e respiro música 24 horas por dia sem exagero. Eu tenho um emprego chato fixo, mas estou o tempo todo pensando e fazendo coisas relacionadas à música. Eu divulgo bandas e faço piadas sem graça em uma página que tenho no facebook chamada Meavy Hetal, eu estou tentando, aos poucos entrar no mercado de produção de shows - mercado nada profissional e cheio de pessoas de intenções duvidosas e que carece de gente querendo atuar de forma positiva para as bandas - e continuar estudando música da forma que eu puder. Amo cantar, amo compor, amo tocar baixo e teclado!
Em relação à banda, estamos em estúdio gravando um EP que vai contar com 5 faixas. Uma delas é a já gravada More Mindless Violence que pode ser baixada no nosso facebook oficial. As outras estão sendo gravadas e estão matadoras! E não, não vou entregar com antecedência o título do EP (risos).... (na verdade o título ainda não foi definido)

ATM: Então, falando sobre a Meavy Hetal, conte nos mais um pouco sobre seu trabalho?
VALLIM:
Aaaah... surgiu como uma piada que virou séria! Eu queria fazer uma página estilo 9gag com piadas apenas voltadas ao metal, aquelas páginas de memes estúpidas que vc encontra facebook afora? então Meavy Hetal é mais uma! Mas é a mais legal. O detalhe é que, com o passar do tempo a coisa foi tomando uma proporção grande e resolvemos abrir um espaço para divulgar bandas. Aos poucos foram surgindo oportunidades maiores de divulgação e acabamos entrevistando algumas delas. Tray Of Gift, Aneurose, Mundo Cao, Maldita... bandas que eu admiro muito. Surgiu, também a ideia de fazer um podcast semanal e a gente tenta fazer semanalmente, mas nunca dá tempo.  Nele eu falo bobagens sobre notícias atuais, rolo uma sonzeira e divulgo bandas. Com mais de 12mil likes e uma audiência média de 100 plays por episódio, eu julgo o resultado satisfatório, lembrando que a equipe não gasta um centavo com nada relacionado ao Meavy Hetal, então é algo legal. Que eu sei que dá pra fazer crescer muito mais. Também realizamos promoções, de vez em quando, com jogos interativos entre os usuários, tentamos tornar o Meavy Hetal uma experiência divertida e descompromissada para o banger, raramente há discussões como em outras páginas/fóruns sobre metal internet afora e isso me deixa contente, significa que ainda há respeito entre as pessoas e o fã de metal, tido como intolerante em muitos casos.
vê se vai



ATM: Bem, voltando a Hellarise e The Apple, como funciona o processo de composição em ambas as bandas?
VALLIM:
Putz, composição é algo bem complexo de se colocar em palavras. No caso da banda The Apple, passamos por várias fases, houve a fase em que eu apresentava a música para os integrantes que tocavam, apenas. A fase em que eu mostrava e cada um colocava a sua cara, e a fase em que qualquer um trazia ideias e a banda ia dando uma cara de música finalizada para aquele embrião (minha fase favorita da banda), mas vale lembrar que hoje, a banda é um projeto que se encontra adormecido. É certo que a banda vai, gravar alguma coisa já acordamos que vamos gravar um EP de 4 faixas e já temos até aonde e com quem gravar, mas quando isso vai acontecer ainda é um dos muitos mistérios que existem entre o céu e a terra (ainda precisaríamos chamar mais gente pois a banda não estaria completa se voltasse hoje). Mas HellArise é minha prioridade. Não vou me abrir para projetos paralelos que prejudiquem o andamento das coisas, temos um EP, um vídeo clipe, shows e mais algumas novidades para o futuro e é nisso que eu estou focando agora 100% da minha energia, gravar com The Apple é uma vontade que todos temos, mas não são planos, de fato, que estamos fazendo. Com relação à HellArise, eu cheguei no time logo depois do processo de composição, então não sei detalhar como é o processo, essa pergunta você pode me fazer na próxima vez que quiser me entrevistar, nesse caso, com melhor e maior convívio com os demais integrantes da banda, eu poderei falar com mais autoridade e compreensão das coisas. Mas, uma coisa é certa: a Mirella (guitarrista) tem grande parte de méritos nas composições e, com certeza vai merecer os parabéns de muita gente quando ouvirem o EP.

ATM: Sobre a cena do metal nacional, o que você acha?
VALLIM:
Como aluno e fã do Edu, eu vou evitar piadinhas nessa questão (risos). Cara, eu vejo muita coisa boa e muita coisa ruim. É até complicado, se você quisesse, poderia fazer uma entrevista comigo em que essa fosse a única pergunta, mas vamos lá. A cena nacional já teve momentos melhores e momentos piores. Estamos em ascensão na cena e isso é, em geral, bom. Muito disso deve-se às próprias bandas que começaram a sair da mesmisse e se mexer à favor da cena e não mais delas mesmas. Então existem polos interessantes. Em Minas Gerais, eu enxergo um mundo mágico em que alguém colocou algo na água lá e só vejo surgirem bandas sensacionais dos mais variados estilos, Aneurose, Tray Of Gift, Motosserra Truck Clube, Hagbard e muitas outras, incontáveis. Basta ir ao Roça N Roll para ver! Agora, aqui em SP, a coisa é mais complexa, existem alguns movimentos coletivos tentando criar um cenário unido, mas eu, particularmente, acho que, para dar certo de verdade, a coisa tem que ser mais espontânea. O ponto é: todas aquelas porcarias que vemos os mais veteranos falando ainda existe amadorismo na produção de realização de eventos, existe preconceito da mídia e existe SIM (por mais que alguns neguem ou, pior, se neguem a enxergar) uma ridícula concorrência individualista entre bandas e músicos. Por outro lado, isso não é mais unanimidade na cena. Músicos estão se unindo, bandas estão caminhando juntas e temos veículos de comunicação dignos como Wikimetal, Lokaos, Heavy Nation, Maloik entre tantos outros que nos mostram como podemos crescer se fizermos as coisas direito. E, também, está cada vez mais fácil conseguirmos boas produções com gente como Brenda Duffey do Norcal Studios, Vitor Rodrigues, Irmãos Falaschi no Do It! Studios e outros grandes nomes que estão ajudando a alavancar as bandas realizando belíssimos trabalhos em seus estúdios

ATM: Dito isto, sobre a cena do Metal nacional, quais conselhos voce daria para novos musicos e novas bandas?
VALLIM:
Estude. Estude tudo. escute bandas que gosta, bandas que não gosta. estude o instrumento que vc toca (ou vocal), estude pelo menos mais um instrumento, estude a composição da música em si. Arme-se do maior leque possível de recursos para fazer a melhor música possível. E evite cair na mesmisse... nada de "que legal essa música, tá parecendo a banda X" ERRADO! Se tá parecendo a banda X, vc está copiando a banda e seu som não é original. Ninguém vai escutar uma banda que parece Iron Maiden se pode ouvir o próprio Iron Maiden, então não tente imitar o som das bandas consagradas, tente ser MELHOR que as bandas consagradas. Só assim vc vai ter alguma chance como músico/banda.

ATM: Você poderia nos contar uma história engraçada de show?
VALLIM:
História engraçada? Pior que eu acho que não... eu já cometi umas gafes. Teve um show que eu quebrei a base do pedestal do microfone. Outro show que a gente combinou de apresentar a banda durante uma parte da música e, depois de eu apresentar o guitarrista, o baterista seguiu na música e o resto da banda teve que acompanhar, então ficou meio... "a banda é só o guitarrista" e eu tive que apresentar a banda de novo depois... mas escorregão no palco, confundir músicas...
Bom.. teve uma vez... (risos)... que o zíper da minha calça quebrou durante o show e eu cantei de braguilha aperta. Acho que esse foi o maior mico que eu paguei hahaha, mas fora isso, nenhuma gafe gigante... (ainda)

ATM: Quais bandas novas você mais gostou?
VALLIM:
Existem dois conceitos para bandas novas, né? Bandas que começaram agora a carreira e bandas que eu descobri à pouco tempo. Recentemente eu tenho ouvido muito aquilo tudo que eu já comentei sobre  cena mineira. Tray of Gift, Aneurose, Motosserra Truck Clube.. e, além disso, No Way daqui de SP, Mundo Cao que já ta na ativa desde 2006 mas lançou o 1o CD em 2011 e eu só descobri ano passado, VoodooPriest e Nervosa, também. Mas também, para não me prender apenas às bandas nacionais, existem grandes bandas novas surgindo lá fora, como Outliar (EUA), Tersivel (Arg), gosto muito do Adrenaline Mob (EUA) e toda a cena de metal da Suécia, como um todo! São as bandas que eu conheci há pouco tempo que eu aconselho para as pessoas, basicamente!

ATM: Bem, obrigado pela entrevista Kito! Você gostaria de deixar uma mensagem para as pessoas que estão lendo?
VALLIM
: Ah, não... quero agradecer ninguém, não obrigado. O prazer foi todo seu. Tá, brincadeiras à parte, eu queria agradecer a vocês pelo espaço cedido para os músicos. Este tipo de iniciativa é muito legal e muito importante para todos no meio musical. Queria convidar as pessoas que tiveram paciência de ler a entrevista até o final para conhecer o meu trabalho com a banda HellArise, com o Meavy Hetal e mesmo com a banda The Apple, apesar de não estarmos mais em atividade há um tempo. E queria dizer que eu não ando com seguranças na rua justamente porque eu não me importo com os fãs vindo pedir autógrafos e tirar foto, okay? Não precisam ficar acanhados, eu sei como é estar cara a cara com uma estrela da música mundial, mas eu sou uma pessoa normal e entendo pelo que vocês estão passando ao me ver, já fui um reles mortal uma vez, então tudo bem me pedir autógrafos okay? Não se acanhem! (risos) Como é bom sonhar.

Review de show: Possessed + Postmortem (08/08/13 - Beco 203 - Porto Alegre/RS)


Que Porto Alegre já virou parada obrigatória para grandes nomes da cena mundial não é novidade para ninguém há muito tempo. O ano tem sido ótimo no que diz respeito ao número de shows. E é impossível não destacar a oportunidade única que tivemos no último dia 8 de agosto: o Possessed, banda precurssora do Death Metal, chegou em terras gaúchas para uma noite de muita brutalidade. 

O grupo de Jeff Becerra prometeu apresentar seu debut, o clássico absoluto "Seven Churches" (de 1985), na íntegra. O show foi realizado no Beco 203, que ultimamente tem recebido várias bandas de Metal em seu recinto. O evento foi realizado pela Mitnel Produções em parceria com a Heaven And Hell Rock Store. 

Não deixe de conferir a galeria de imagens no final do post 


Postmortem
 

A abertura da noite ficou por conta dos pelotenses da Postmortem, um dos nomes mais fortes do Death Metal gaúcho nos últimos anos. Abriram com "Chains Of Hipocrisy" e "Beneath The Sands Of Time", conquistando de cara o público ávido por peso que ficou um pouco impaciente com os atrasos. Inicialmente, foi dito que o Possessed subiria no palco às 22h, mas esse foi o horário em que a Postmortem começou a tocar. 

Na sequência mandaram as 3 faixas de seu trabalho mais recente, o EP "Atra Mors" (confira a matéria que fizemos sobre o EP clicando aqui): "Above All Lies", "Possession Of Spirit And Flesh" e "'Till Your Last Breath". Não é a primeira vez que tenho a oportunidade de ver a Postmortem ao vivo, mas cada vez que isso acontece a banda está ainda melhor. O baterista Douglas Veiga soa ainda mais pesado e técnico ao vivo executando as faixas da "Atra Mors". Na linha de frente, Bruno Añaña e Mou Machado mandando ver nos complexos riffs da banda e Juliano Pacheco com suas linhas precisas de baixo. Vale lembrar que Bruno também é vocalista da Postmortem. A banda funciona muito bem ao vivo e abrir para uma lenda como o Possessed é um mérito conquistado com sua música de qualidade. 

Em meio a uma ou duas pessoas que pediam pelo Possessed, Bruno anuncia a última música da Postmortem falando que ele também estava ansioso para ver a banda. "Of Mars And Wars" fechou a curta, porém brutalmente extrema, apresentação da Postmortem. Particularmente, acredito que a banda merecia tocar mais tempo, foram apenas 6 faixas tocadas, ainda mais levando em conta o atraso que sucedeu-se até o Possessed subir no palco. 




Possessed

Deveria ser por volta de 00h30min quando os integrantes do Possessed finalmente apareceram e começaram a preparar-se para a apresentação. Jeff Becerra foi o último a comparecer perante o público com uma ajuda de seguranças da casa, uma vez que ele usa uma cadeira de rodas. Não demorou muito para o massacre sonoro ter início com "The Heretic", clássico do álbum "Beyond The Gates", de 1986. Já de cara formou-se um dos circle pits mais violentos que a capital gaúcha já viu, clima que manteu-se durante toda a apresentação com os fãs completamente enlouquecidos.


Apesar de estar em uma cadeira de rodas, Jeff ainda tem a presença de um grande frontman. Manteve o público na palma da sua mão durante todo o show e fez questão de manter um contato próximo com os que encontravam-se na primeira fileira. O guitarrista Daniel Gonzalez embalou esse clima insano que instaurou-se no Beco com seus solos cheios de alavancadas. Destaque especial também para o baterista Emilio Marquez (Asesino, ex-Brujeria): aos 39 anos parece que a idade não afeta ele, mantendo o pique do início ao fim da apresentação com suas viradas rápidas e uma pegada muito forte. 

Ainda no início da apresentação, tivemos "The Eyes of Horror" (do EP homônimo de 1987) e "Beyond the Gates". Como foi dito anteriormente, foi anunciado que a banda tocaria o álbum "Seven Churches" inteiro, o que teve início com "Pentagram", definitivamente um dos maiores clássicos da história do Death Metal. Já é algo comum hoje em dia bandas que tocam seus álbuns clássicos na íntegra e muitas delas optam por tocar do início ao fim na exata sequência do álbum. O Possessed não fez isso, optando por distribuir as faixas pelo set. O que é muito melhor, uma vez que o show não torna-se previsível. 


Ainda de "Seven Churches" tivemos "Burning in Hell", "Satan's Curse" e "Evil Warriors". O segundo disco de estúdio do grupo voltou a ser representado através de "Seance". A platéia continuava em um êxtase continuo em meio ao circle pit. Muitas pessoas também subiram no palco para dar um stage diving e sempre encaravam a ira de algum segurança, apesar de ser evidente que a banda não estavam nem aí para isso e até se divertiram bastante com as pessoas que fizeram isso. E pra quem ainda tem aquela visão ridícula e machista que Death Metal é coisa de sujeito barbudo e fedorento, fique sabendo que haviam lindas garotas em meio ao caos e elas desceram a porrada em muito marmanjo. 

Em certo ponto da apresentação, uma pausa de menos de um minuto para todos respirarem que parece ter demorado uma eternidade quando começou a soar uma intro bem familiar a todos os presentes. Era "The Exorcist" chegando para quebrar mais alguns pescoços e gerar um caos ainda maior dentro do Beco. Na reta final do show ainda tivemos a faixa título do álbum de 1985, "Swing of the Axe" e "Confessions", ambas do EP "The Eyes of Horror". O encerramento era mais do que óbvio: "Death Metal"! Todos os presentes cantaram o hino junto de Jeff, um momento épico! Detalhe: enquanto isso, rolava uma festa de gosto duvidoso no andar de baixo do Beco. Tenho plena certeza que a festa deve ter parado durante a execução de "Death Metal" quando a pista transformou-se em um verdadeiro campo de guerra.  


Depois do show, Jeff ainda permaneceu um pouco na frente do local e recebeu a todos com muita simpatia. É isso mesmo, era só chegar no lado do estacionamento da Avenida Independência que você poderia tirar fotos, ganhar um autógrafo e bater um papo com Jeff Becerra. Totalmente o contrário do estrelismo de um outro vocalista de Death Metal que esteve aqui em Porto Alegre há poucos meses, que deixou a casa de shows literalmente ignorando seus fãs. 




Considerações finais

Acreditem, não foi nada fácil escrever esse review e por isso demorou alguns dias para ser publicado. Quem estava lá está ciente dos problemas que aconteceram. E antes que alguém fique acusando a total omissão do acontecimento, deixe-me explicar algo: qualquer veículo com um mínimo de profissionalismo tem um compromisso com a verdade. Sendo assim, não é justo de nossa parte sair acusando esta ou aquela pessoa sem uma declaração oficial de todos os envolvidos. As coisas vão um pouco além do que foi dito no palco, nada é tão simples. 

Depois de muitos anos envolvido no underground, posso afirmar com total certeza que conheço os dois lados: público e produtoras de eventos. O All That Metal sempre vai apoiar quem faz algo pela cena, seja organizando shows, pessoas que compram ingressos e comparecem nos eventos, quem compra os produtos das bandas, enfim, os fãs que mantém o underground vivo. É muito fácil ficar reclamando e cruzar os braços na hora do aperto, deixando de lado o fato de que estamos todos no mesmo barco. Como diria um amigo meu, a cena não é só ficar em casa baixando MP3. 

Não podemos também deixar passar em branco certas atitudes revoltadas que algumas pessoas tiveram. Tomo como exemplo a cidadã que decidiu invadir o palco para quebrar o equipamento que foi alugado para a realização do show. Nada justifica tamanha imprudência! Em contrapartida, a grande maioria do público era dotado de bom senso. Como é tradicional no Beco, não havia uma barreira entre o palco e a platéia, o que muitas vezes dificulta o trabalho de quem está fotografando a apresentação. Mesmo assim, o público foi muito respeitoso cedendo espaço para a realização do trabalho. Em suma: qualquer um tem o direito de reclamar, e felizmente muitos ali lembravam que havia profissionais que estavam trabalhando, sendo uma ínfima minoria querendo incitar atitudes deploráveis. 

No final das contas, o saldo foi muito positivo para o público, fazendo valer a pena os atrasos com o show memorável do Possessed. Quem perdeu tem mais é que se arrepender de não ter assistido uma das maiores lendas do Metal em Porto Alegre. Na minha singela opinião, um dos melhores shows de 2013 até o presente momento.

Review de CD: Prophajnt - A New Beginning


Uma das reclamações mais constantes entre as pessoas que trabalham no meio do Rock/Metal (e dos fãs também) tem sido a dificuldade em encontrar bandas com propostas diferentes e que sejam capazes de inovar. Infelizmente o gênero já caiu na mesmice há muito tempo e para cada 10 bandas novas, 9 já começam muito mal por adotarem um rótulo logo de cara. Não nego que isso já dá um certo desânimo quando aparece algum material para review. Mas as vezes você tem alguma surpresa agradável e, ao levar tudo isso em conta, uma banda como a Prophajnt acaba sendo um diferencial dentro da cena independente.

O grupo já está na ativa há algum tempo, trabalhando tanto em material próprio quanto em tributos a Iron Maiden e Dio. "A New Beginning" é o primeiro lançamento oficial da banda e traz 7 faixas que apresentam ao ouvinte uma bela mistura de Heavy Metal tradicional, Hard Rock e outras influências diversas que serão abordadas ao longo da resenha. A Prophajnt é formada por Verônica Pasqualin (vocal), Márcio Ritter (guitarra), Gustavo Refosco (baixo) e Rodrigo Marques (bateria).

O EP abre com a intro "Un Sentiment", faixa curta que contém belas melodias vocais de Verônica. "Strong Enough" vem na sequência apresentando uma síntese da proposta do grupo, com uma levada bem tradicional conduzidas por boas viradas de bateria de Rodrigo. Apesar de ser marcante desde o início as influências supracitadas, a banda sabe utilizar isso como base para criações mais ousadas e inovadoras, passando longe dos clichês que permeiam o cenário contemporâneo.

Em "Face Your Truth" é dado continuidade ao som característico da banda. Seu refrão é bem marcante e as linhas de guitarra são bem trabalhadas, culminando em um dos melhore solos de Márcio no trabalho apresentado. Na sequência temos "Inner Mess", única faixa de autoria de Gustavo e certamente um dos melhores momentos de "A New Beginning". A canção impressiona com sua pegada bem funk, tanto na guitarra quanto nos slaps do baixista. "Inner Mess" deixa bem claro que o caminho que a Prophajnt deve seguir é justamente essas misturas com influências diversificadas. Sendo sincero, de todos os trabalhos nacionais lançados até agora em 2013, "Inner Mess" é uma das canções mais criativas que escutei.

A balada "Angel Of Mine" começa com uma excelente passagem acústica, onde ficam evidentes as influências eruditas de Márcio. A canção evolui para tornar-se mais pesada, terminando com uma excelente performance vocal de Verônica. Ao lado de "Inner Mess", é uma canção que destaca-se com grandes diferenciais e valoriza o talento dos músicos da Prophajnt. Já "Escape From The Fire" é praticamente o hit pronto da Prophajnt, impossível escutar essa música e não sair cantando o refrão de primeira. Vale lembrar que foi aqui no All That Metal que a banda fez a estreia da faixa, em uma matéria de Ana Rauber na Semana Ronnie James Dio, em maio desse ano.

Encerrando o lançamento temos a faixa título, contendo apenas voz, violão e teclados. Mais uma vez, temos uma ótima performance de Verônica alternando entre tons altos e baixos com exímia técnica. Ao final, ficamos com a vontade de escutar logo um full length dessa banda promissora. O único problema é que eu conheço muito bem a banda ao vivo e fiquei com a leve impressão de que a produção não favoreceu a captação do feeling que eles tem em cima do palco. Mas isso é uma questão que não atrapalha em nada a audição do trabalho, pelo contrário, acho um lançamento mais do que digno para marcar o primeiro registro profissional da Prophajnt.

"A New Beginning" é exatamente o que diz o título: o começo de uma nova fase na carreira da Prophajnt. O EP sintetiza tudo que a banda faz e ainda é capaz de fazer. Atualmente o grupo fez uma pausa das apresentações ao vivo e deve retornar aos palcos somente no ano que vem. Inclusive, publicamos uma matéria sobre a última apresentação de 2013, você pode CLICAR AQUI para conferir todos os detalhes. Mas nada impede você de adquirir o EP na loja virtual da banda, certo? É isso mesmo, você pode escolher comprar a cópia física ou a versão digital para download. CLIQUE AQUI para mais detalhes. Altamente recomendado pela equipe do All That Metal!

Nota: 4