Review de CD: The CNK - Révisionnisme

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Esse review é para preparar vocês todos para uma matéria que estará chegando em breve. Há alguns tempos atrás, postei uma matéria sobre a cena francesa chamada Les Légions Noires e muita gente ficou surpresa com o fato de que existem excelentes bandas nesse país europeu. Sendo assim, em alguns dias estará por aqui uma matéria especial sobre as principais bandas da França que vieram depois dessa misteriosa cena Black Metal. E uma dessas bandas é justamente a que tem seu novo álbum resenhado hoje no All That Metal, a banda The CNK.
Para quem não conhece, a banda teve origem na década de 90 sob o nome de Count Nosferatu. Na época, sua proposta era tocar um Raw Black Metal direto e sem firulas. Mas o vocalista RMS Hreidmarr deixou o projeto de lado para dedicar-se ao Anorexia Nervosa (particularmente, minha banda francesa favorita). Alguns anos antes do suposto fim do Anorexia Nervosa, a banda retomou suas atividades, mas mudou totalmente o seu som, partindo para algo mais próximo do Industrial, mas ainda assim com influências mais indiretas de Black Metal. Após Hreidmarr deixar o Anorexia Nervosa, a banda seguiu adiante e passou por mais mudanças em sua sonoridade que passou a acrescentar influências sinfônicas em seu trabalho, gerando uma banda com sonoridade única. O próprio nome da banda mudou em cada um dos seus dois álbuns de estúdio, definindo-se agora no novo trabalho como The CNK. Mas, enfim, a história da banda é assunto para o próximo post que citei anteriormente, pois agora vamos falar de seu trabalho mais recente. 
O álbum "Révisionnisme" foi lançado em outubro de 2012, é o terceiro álbum de estúdio da banda. Mas não trata-se de um álbum como outro qualquer, pois ele é inteiramente composto de covers de outros artistas. Só que esse não pode ser comparado a qualquer outro álbum de covers que você encontra por aí, esse realmente é bem diferenciado, pois a banda fez questão de colocar sua personalidade em cada uma das músicas, dando uma roupagem que certas vezes torna as músicas quase irreconhecíveis. 

Outro grande mérito do álbum é a participação do vocalista Snowy Shawn (Notre Dame, ex-Therion, King Diamond, Mercyful Fate, Dream Evil e integrante do Dimmu Borgir por menos de 48 horas), que canta em várias músicas do álbum. Ainda temos as participações especiais de Swan (Black Rain) e um misterioso Mr. Pill. Completam a formação do The CNK o guitarrista Heinrich von Baalberith, o baixista Zoé von Herrschaft e o baterista Volponi.
O álbum abre com um medley de algumas canções de Gary Glitter, chamado "Gadd Ist Gott", mostrando já de cara que o álbum tem a intenção de fazer covers autênticos e repletos de referências a trabalhos anteriores da banda, com direito aos tradicionais coros militaristas (?!) no início. O álbum segue com "Sabotage", do Beastie Boys, um excelente trabalho que trouxe essa canção para uma área onde jamais poderíamos imaginar que ela poderia ser explorada.
Na sequência, temos dois grandes momentos do álbum. Primeiro, o cover de "You Could Be Mine", do Guns 'N Roses. Se algum fã da banda ler isso, certamente vai querer me matar por isso, mas ficou sim infinitamente superior a original. Podem reclamar, não ligo, não gosto de GNR mesmo. O outro ponto alto é "Everybody Knows", de Leonard Cohen. Quem conhece essa música poderia ficar surpreso com o resultado final dela, por isso mesmo que considero uma das melhores versões de "Révisionnisme". Destaque especial para o excelente trabalho vocal de Hreidmarr.


"Blood Is Thicker Than Water", do Impaled Nazarene, vem logo depois e impressiona como a banda consegue transformar essa canção em algo totalmente novo, reinventando ela do início ao fim. Aliás, a essa altura da resenha você já deve estar impressionado ao saber que esse álbum vai desde Beastie Boys até Impaled Nazarene, certo? Então ficaria mais surpreso ainda pela música seguinte: "Seasons In The Abyss", clássico absoluto do Slayer. Engraçando notar que no vídeo postado no You Tube, existe um grande número de fãs do Slayer que odiaram a versão do CNK. Honestamente, eu achei ela genial, a canção ganhou orquestrações magníficas, os vocais divididos entre Hreidmarr e Shawn também ficaram ótimos e o clima alcançado pela banda nessa versão realmente impressiona. O único ponto negativo fica para o fato de que o magnífico solo de guitarra dessa música foi trocado por um solo de teclado que não agrada muito. Vou deixar que vocês tirem suas próprias conclusões desse cover polêmico, que está logo abaixo.


A próxima faixa é "Too Fast For Love", do Motley Crue, com a participação de Swan, vocalista/guitarrista da banda de Sleaze francesa Black Rain. Certamente, não é uma das melhores faixas do álbum, mas ainda assim convence por dar uma nova abordagem a música e ainda assim manter suas principais características. "Weißes Fleisch", do Rammstein, é a oitava faixa do álbum, e certamente os alemães são uma grande influência no som do CNK. Sendo assim, é a faixa com menos "alterações" do álbum inteiro, mas ainda assim, acrescenta outros elementos bem diferentes da versão original. 



Logo mais, temos "Where The Wild Roses Grow", hit dos anos 90 que foi eternizado na voz de Nick Cave e Kylie Minogue. E que versão excelente a banda fez para essa música! Shawn interpreta de forma magnífica os vocais da cantora pop logo no começo da música, que segue uma levada mais calma que lembra bem a versão original. Mas, logo depois, a música fica bem mais pesada, alternado entre os vocais de Shawn e Hreidmarr ao lado de ótimas orquestrações.
Ainda temos "I Am The Black Wizards", um clássico do Emperor e forte candidato a ser mais uma música incrivelmente criticada por fãs mais radicais. Mais uma vez, a banda traz uma nova roupagem para a música, sem tirar seus principais elementos que é um peso absurdamente caótico. Mesmo assim, eu realmente recomendo os fãs de Emperor escutarem essa música, vale a pena. O álbum fecha com "Blood Is Thicker Than Snow", que nada mais é do que uma versão totalmente diferente da música já citada do Impaled Nazarene. Essa interessante versão, é basicamente Snowy Shawn cantando acompanhado de batidas eletrônicas e orquestrações, para ao final trazer de volta os riffs da faixa anteriormente comentada. 


De uma forma geral, esse álbum representa exatamente tudo que eu sempre disse a respeito de fazer covers. Eu acho um desperdício de tempo ficar gravando covers que vão soar exatamente iguais a versão original. Se for o caso, prefiro escutar a versão antiga, pois isso não faz sentido. Um álbum de covers é realmente bom quando a banda faz isso, arrisca-se um pouco para dar uma cara nova a canção e consegue com êxito total. É disso que trata-se o "Révisionnisme", um álbum que pode dividir a opinião de muitas pessoas, mas ainda assim, indispensável para os fãs de Industrial, assim como os fãs das bandas homenageadas no álbum.

Lista de faixas:
1.   "Gadd Ist Gott" (Gary Glitter medley cover - feat. Snowy Shaw)    
2.   "Sabotage" (Beastie Boys cover)    
3.   "You Could Be Mine" (Guns N' Roses cover - feat. Snowy Shaw & Pills from Prime Sinister)
4.   "Everybody Knows" (Leonard Cohen cover)   
5.   "Blood Is Thicker Than Water" (Impaled Nazarene cover)    
6.   "Seasons In The Abyss" (Slayer cover - feat. Snowy Shaw)    
7.   "Too Fast For Love" (Mötley Crüe cover - feat. Swan from BlackRain)    
8.   "Weißes Fleisch" (Rammstein cover - feat. Snowy Shaw)    
9.   "Where The Wild Roses Grow" (Nick Cave and the Bad Seeds cover - feat. Snowy Shaw)    
10.   "I Am The Black Wizards" (Emperor cover)    
11.   "Blood Is Thicker Than Snow" (Impaled Nazarene cover - alternate version feat. Snowy Shaw)

Nota: 4,5