Southern Extremism: ARMADA SA

domingo, 7 de outubro de 2012


Depois de tantos anos envolvido com a cena Metal, já vi dezenas de bandas surgirem, ganharem reconhecimento rápido no underground e sumirem com a mesma velocidade. Vejo muitas bandas por aí que tem um enorme potencial, mas não sabem como fazer o projeto crescer, não há profissionalismo na maneira como divulgam seu nome. Infelizmente, já perdemos bandas excelentes dessa maneira. Esse é o grande diferencial entre as bandas de garagem e bandas profissionais: saber conduzir e planejar sua carreira nesses tempos negros da indústria musical. 
Mas uma vez que os dois fatores principais para uma banda crescer, música de qualidade e profissionalismo, estejam presentes, nada pode impedir a banda de tornar-se um grande expoente do gênero. E esse é o caso do Armada SA, uma banda de Porto Alegre que sabe muito bem como unir essas duas virtudes raras hoje em dia. A banda é relativamente nova, foi fundada em setembro de 2011, mas foi o tempo suficiente para ter uma boa exposição da mídia especializada, além de formar uma boa base de fãs. Muitos podem se perguntar, como uma banda consegue tanto em tão pouco tempo? A explicação está logo acima, tudo uma questão de planejamento e uma boa visão sobre a cena atual. 
O Armada SA faz um som totalmente diferenciado, juntando elementos de Metalcore, Death Metal Melódico e diversas outras influências, tudo com uma abordagem bem moderna, fazendo com que sua sonoridade seja totalmente autêntica e própria. Uma mistura ideal de peso, técnica e melodia, sem prender-se aos rótulos e clichês que dominam a cena atual. A banda é integrada por Adriano Pasini (vocal), Ian Bernardino (guitarra), Guilherme Lederhos (guitarra), John Fiuza (baixo) e Alexandre Arriera (bateria).
Em uma entrevista, a banda contou um pouco de sua história, além de comentar a respeito da divulgação da banda e como abordam seu trabalho com exímio profissionalismo. Recentemente, lançaram seu primeiro single, "Overdose", que pode ser conferido logo abaixo. Portanto, basta dar o  play, escute "Overdose" no último volume e dê uma conferida no que a banda tem para falar.





All That Metal: Então pessoal, eu gostaria que primeiro vocês contassem um pouco sobre como surgiu a idéia da banda e um breve histórico do que vocês fizeram desde então.
Ian Bernardino:
Nós estávamos pensando em montar um projeto que levasse em consideração as coisas que a gente realmente gostava, só que ninguém tocava, e precisávamos de mais gente que tivesse o mesmo pensamento. Foi daí que o Adriano apareceu, apresentado pelo John, fez um teste na casa do Ian, que foi admito na mesma hora.
Adriano Pasini: O John estava me procurando há dias, quando ele me viu na rua ele atropelou um monte de informações. Só tinha entendido que ele queria um projeto metalcore.

ATM: E o que vem a ser essas coisas que vocês realmente gostavam?
Ian:
No caso, eu e o John nos conhecemos de longa data e sempre fomos influenciados pelo que estava bombando no exterior, no caso bandas como Avenged Sevenfold, Bullet For My Valentine, coisas que em 2005 estavam no auge da midia gringa e nem tinham chegado aqui. Então basicamente só nós gostavamos. Isso emocionou pelo fato de unir elementos que não eram normais na época. Então queríamos exatamente fugir do padrão das bandas daqui.
Adriano: Isso foi até o motivo do diferencial, porque quando eles me chamaram perceberam que eu não era influenciado por nada disso. Eu sempre tive influência do underground depois que conheci metal. In flanes, Scar Symmetry, Soilwork, Slipknot e Kamelot são basicamente minha influência vocal.

ATM: E na hora de levar a banda as palcos, quando foi? Vocês começaram com alguns covers ou já partiram direto para o material próprio?
Ian:
Eu já tinha musicas compostas, que foram as que influenciaram os caras a quererem entrar no projeto. Por verem futuro no que escutavam, então quando montamos a banda em setembro de 2011, montamos um set para nos acostumarmos um com o outro. Tocavamos Slipknot, Asking Alexandria, In Flames, Killswitch Engage, o que nos gerou um feedback impressionante do publico, que cantava conosco. Nos primeiros shows, saimos ganhadores de festivais e ganhamos uma gravação demo, que utilizamos para gravar "Stay & Fight". Mas como a qualidade ficou muito abaixo do que esperávamos, guardamos e voltamos a trabalhar.

ATM: Desde então quais momentos que vocês diriam que foram os grandes marcos na até então curta carreira da banda? Digo isso em relação a shows, gravações, etc.
Adriano:
Com certeza foram os feedbacks positivos da banda. No primeiro show da Armada ganhamos em primeiro lugar, o pessoal gostou tanto que nos chamaram para um parque aquático. Os shows sempre foram muito positivos em relação a aprovação do público.

ATM: Eu achei interessante o Adriano citar todas essas influências diversas que ele tem como vocalista. Eu mesmo notei isso não só em relação ao vocal dele, mas também no som de vocês em geral. Soa como uma grande mistura de várias influências, somado a uma abordagem bem moderna, diferenciando bem a banda. Mas eu queria saber como vocês definem o som da banda?
Ian:
Olha, nós não nos rotulamos, mas o importante sobre o nosso estilo, independente da música ou do integrante, é que todos amam Metal e tem uma atitude Rock'n'Roll. Nós sabemos quem somos e ponto. O que as outras pessoas tiverem a acrescentar nós vamos escutar com prazer.
Adriano: Na minha opinião, sinto uma grande influência de Death Melódico nas composições, mas concordo com o que o Ian falou sobre não ter exatamente um estilo rotulável.


ATM: Isso é bom, pq hj em dia a maioria das bandas tenta apenas seguir uma fórmula pronta, soando sem originalidade.
Ian:
É exatamente o que a gente vê por aí e exatamente o que não queremos fazer (risos).

ATM: Eu notei que vocês já conseguiram formar uma boa base de fãs e divulgam bem a banda em mídias sociais. Gostaria que vocês comentassem um pouco mais sobre isso.
Ian: 
Foram meses de planejamento e conversa internamente, para saber o que realmente queríamos dar para o público. Um consenso foi que não queríamos ser mais uma dessas bandas daqui, então partimos do princípio que só faríamos algo se fosse com o máximo de qualidade possível. Essa é a razao pela qual trabalhamos tanto na Internet, fazendo fotos e tanta divulgação, nossas propagandas tem sido um sucesso, muitos fãs tem nos encontrado em sites onde estão 'passeando', como 9Gag, You Tube, MTV. Isso dá a eles e a nós um senso de autoestima, onde eles podem realmente ver o nosso trabalho sendo 'valorizado'. E nós ficamos felizes com esse feedback pois nunca foi fácil, mas com o suporte de cada um que nos compartilha e escuta, tendo sido um trabalho muito mais prazeroso.
Adriano: Um do nossos fãs se tornou meu aluno de técnica vocal, porquê o potencial dele é imenso. Se chama Ariel Rangel. Esse é o tipo de coisa que eu admiro, essa proximidade com os fãs. Eu amo palco, sempre tive uma retorno positivo em estar cantando. Pra mim os fãs estarem nos acompanhandos valem muito mais do que qualquer cachê.

ATM: Isso é interessante, porquê eu vejo muita banda boa por aí que não tem o destaque que merece exatamente por uma falta de planejamento e por não saber divulgar o seu som.
Ian:
Realmente é complicado lidar com o pessoal que "cria" um ego antes mesmo de o público os aceitar. Por isso nos importamos tanta com o inverso.

ATM: A banda pretende seguir assim, de forma independente, enquanto essa fórmula estiver dando certo?
Ian:
Acredito que temos um modo de vida, onde damos liberdade de expressão ao estilo de cada um, para que isso possa ser acrescentado. Somos independentes, porque esse é o melhor no momento, mas estamos abertos a sugestões e propostas, não somos fechados nem para tocar, nem para planejar, pensamos grande e temos disposição na busca dos nossos objetivos. O mais garantido é continuar fazendo tudo com o máximo de qualidade possível em todos os sentidos.
Adriano: A independência da banda está acima de tudo no som da Armada SA.

ATM: Vocês acabaram de lançar o single da música "Overdose" e a música é realmente ótimo. Como foi o processo de gravação? Vocês tem mais músicas ou mesmo um álbum inteiro para lançar em breve?
Ian:
Bom, o processo foi extremamente objetivo, entramos no estúdio com tudo pronto e sabendo o que esperar da música. Gravamos no estúdio Suminsky, com o Vini, e ele realmente abriu um leque de opções que poderíamos utilizar e fizemos questão de testar todas possibilidade pra ter o melhor resultado possível. Temos mais músicas, mas estamos dentro deste mesmo processo de aperfeiçoamento. Não lançaremos nada por pressa, e sim primando pela qualidade. Temos o intuito de lançar mais músicas muito em breve, até porque não vamos deixar o pessoal esfriar. Quando menos esperar, vamos lancar a sequência de "Overdose", que vai ser louca (risos).


ATM: Quanto ao processo de composição, como ele funciona na banda?
Ian:
Inicialmente, todos mostram coisas que estão compondo, eu faco uma mix de todas idéias e feelings pra que nós nos sintamos fazendo algo único e compreensível, assim faço a contrução das músicas. Mas é um processo que todos são extremamente participativos no que acontece em cada parte da música. Somos uma equipe em todos os sentidos.

ATM: Quanto as letras, quem as escreve e quais os temas que a banda procura abordar?
Adriano:
Nossa base é sobre o que pensamos e desejamos para nós e para o nosso mundo em geral, assim como o mundo da cena que gostamos. Eu e o Ian escrevemos as letras até então, mas estamos sempre abertos para os demais integrantes. Abordamos temas como uma filosofia que chamamos de 'Fucking Rock And Roll'. "Overdose" fala totalmente sobre isso. O começo de tudo.

ATM: Bem vocês são mais uma das tantas bandas que está batalhando no underground em busca de mais reconhecimento. Como vocês olham a cena de hoje em dia da música pesada e os principais problemas que as bandas enfrentam? Do mesmo jeito, a banda já teve problemas com promotores ou casas de shows onde o amadorismo impera?
Ian:
Com certeza, esse é o maior problema da música nacional. Temos bandas fodas, público foda, mas não temos eventos, nem divulgação, ninguém quer por dinheiro, só tirar. Nós, como todos, já vendemos ingressos, compramos vagas para tocar, temos experiência no que diz respeito a ganhar nada para tocar. Mas o amadorismo é o que mata a cena, porque suga e não dá nada em troca. Estamos criando um novo estilo de gestão na banda, em um futuro próximo podemos expor isso para mais bandas. Mas, com certeza, não será para qualquer uma, pois sabemos bem como as bandas andam se destruindo. No âmbito interno a banda tem que trabalhar independentemente de todo externo, acreditar no seu trabalho e captar o maior número de pessoas possíveis para tornar viável a distribuicao em larga escala do que faz. Se você contrata um amador, simplesmente não tem retorno no seu investimento, essa é a cena brasileira.

ATM: Concordo com isso. E quanto ao público, eu noto que é muito difícil apoiarem bandas que possuem material próprio. Já cansei de ver shows de bandas de material próprio que vai meia dúzia de gente, daí é só anunciar banda cover de Guns, Metallica, ou seja lá o que for, que lota o local. Pelo visto vocês conseguiram fugir dessa regra graças a postura profissional da banda, certo?
Adriano:
Ouço muitas bandas reclamando da falta de apoio, você escuta o som e pensa que talvez eles não se perguntaram se apoiariam o próprio som, quando a maioria das vezes não conseguiriam responder essa pergunta pra si mesmos. A postura da Armada SA é simplesmente "se não é bom para nós, não é bom para ninguém". Não faço coisas no estúdio que não vou fazer ao vivo. Somos transparentes.

ATM: Recentemente vocês fizeram uma parceria com o Estúdio Black Stone, sorteando uma tattoo através do Facebook da banda. Como surgiu essa parceria e vocês prentendem fazer mais no futuro?
Ian:
O estúdio tem nos apoiado 100% e nós respeitamos. Pretendemos manter esse vínculo de divulgação e expansão, pois os dois possuem interesses em comum. Trabalhamos duro para fazer jus a todo apoio que recebemos, por isso acho necessário primar pela qualidade.
Adriano: Guilherme, nosso guitarrista, tem sido de vital importância na divulgação. Muita coisa não chegaria a tal ponto sem ele. Um grande visionário de fato. Tem toda nossa admiração.


ATM: Ok pessoal, agora para descontrair um pouco, vou propor para vocês eu citar algumas bandas e vocês me dizem brevemente o que acham do som deles. Pra começar, eu sei que vocês todos são fãs de Pantera, mas quero saber o que vocês acham do Down?
Ian:
Cara, Down é otimo, mas não é o Pantera. A influência é grande, e o Dimebag não é substituível.

ATM: Vocês citaram o Soilwork, então vou mandar agora uma banda semelhante. Alguém curte Sonic Syndicate?
Ian:
Adriano é muito influenciado pelas duas bandas, escuta há anos e com certeza ele adora as duas (risos).

ATM: Uma banda clássica agora, Scorpions.
Ian:
Scorpions, Whitesnake, etc. são bandas que todo mundo escutou, pelo menos o pessoal do Metal e Hard Rock.

ATM: Pra fechar, a maior lenda do metal nacional, Sepultura.
Ian:
Influência do Guilherme, ele adora, tanto como metallica.

ATM: Então pessoal, muito obrigado pela entrevista. Tenho certeza que o Armada SA ainda vai crescer muito! Deixo esse espaço para vocês comentarem de planos futuros e enviarem uma mensagem aos fãs.
Ian:
Ficamos muito felizes pela oportunidade, ficamos felizes pela iniciativa. Para nós, o apoio que a banda recebe é o que nos move. A cena é difícil e esse é um caminho árduo na manutenção do nosso trabalho, para que em um futuro próximo possamos chegar mais longes e o mais perto possível de quem quiser nos ver e escutar.

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