Metal Classics: Sarcófago - INRI

terça-feira, 2 de outubro de 2012


por Delmar Borba
 
Era Julho de 1987 e estava sendo forjado o disco que é o maior ícone do Black Metal brasileiro. Apesar de musicalmente até mesmo a banda considerar-se Death Metal, é inegável a importância do Sarcófago e desse disco em especial para a cena Black Metal mundial, sobretudo a Norueguesa. Fato esse salientado pelo próprio Euronymous (Mayhem). Depois de sair literalmente na mão com alguns integrantes do Sepultura, Wagner “Antichrist” Lamounier (então vocalista da banda) saiu e resolveu montar uma nova banda e chama-la de Sarcófago. Depois de participar da compilação da Cogumelo Records “Warfare Noise”, o grupo entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum e cravar seu nome na história do metal extremo mundial. 
Com temática puramente satânica, essa verdadeira bomba atômica começa com Satanic Lust, com seu um riff matador, e depois cai para uma avalanche sonora que só reforça a importância do álbum para o metal extremo em geral. Em pleno 1987 já apresentavam ao mundo o hoje famoso e usual blast beat (metranca, como eles costumam chamar) fazendo de D.D Crazy (Sexthrash, batera da época) um dos pioneiros dessa técnica juntamente com Pete Sandoval (Terrorizer/Morbid Angel). Fato que nunca é demais pra ser lembrado, principalmente a aqueles que acham que no Brasil só se copia o que vem de fora. Desecration of Virgin é a próxima, e é uma massa sonora tipicamente Black/Death com um ritmo frenético já emendada na sequência por aquele que com certeza é o maior clássico do metal extremo brasileiro, Nightmare. Seu riff sensacional e horripilante é a descrição perfeita do black metal, clássico absoluto, que mereceu até mesmo uma regravação mais tarde no disco Rotting, mas que não chega nem perto da original. 

 
O álbum segue com mais uma que se destaca, a faixa título I.N.R.I, com outro riff que, como não poderia deixar de ser, é a pura essência Black metal old school, bateria causticante repleta de blast beats na sua totalidade, música curta, porém perfeita pra quem admira metal extremo de verdade e sem frescura, e que termina com a celebre frase “FUCK YOU, FUCK YOU, FUCK YOU JESUS CHRIST!!!!”. Christ’s Death é a próxima e segue a porradaria a altura do restante do álbum, com direito a uma versão da marcha fúnebre de Frederic Chopin (aquela que provavelmente é a mais popular de todas elas), aos gritos de “DIE JESUS CHRIST, I HATE YOU!!” no final da musica. Satanas é outra que se destaca pelo seu refrão marcante e levada certeira e é mais um clássico desse álbum que parece uma coletânea de tão linear e empolgante. Ready to Fuck, como o título já entrega, tem letra totalmente sexista, coisa corriqueira no decorrer do álbum, porém aqui fica ainda mais explícito. Deathrash, poucas vezes um título caiu tão bem a uma musica, é só imaginar uma mistura perfeita entre Death e Black Metal, curta e grossa. The Last Slaughter é outro festival de blast beats, com um riff sensacional e mais cadenciado no meio, que da uma respirada ao ouvinte, pra rapidamente já voltar mais uma vez ao caos total até o fim e acaba com um tema circense e um som de uma legítima cagada e descarga, podre... 

 
Recrucify (The Black Vomit), não presente na versão original de 1987, tendo sido apresentada originalmente na coletânea Warfare Noise juntamente com “Satanas”, termina o disco da forma mais caótica possível, com Jesus sendo “recucificado” aos berros no inicio, acabando numa musica tão intensa e rápida, que beira ao Grindcore. Não poderia deixar de citar aqui a capa deste disco, que traz a banda em um cemitério, com os integrantes vestidos com couro e cinturões de bala, e já naquela época com o hoje comum “Corpse paint”, algo que ninguém a não ser Dead (Vocal, Morbid, mais tarde Mayhem) usava na época com temática voltada a fazer os músicos parecerem mortos–vivos no palco. Mais um pioneirismo dessa que foi e ainda é uma das bandas mais subestimadas da história, se tivesse tido mais apoio, poderia ter alçado vôos muito mais altos, com certeza.


Formação:
Wagner "Antichrist" Lamounier - vocais
Gerald "Incubus" Minelli - baixo
Zeber "Butcher": guitarra
D.D. Crazy: bateria


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