Hoje vamos estreiar a nova sessão do All That Metal, chamada Once Upon A Time. Aqui vamos comentar a história e discografia de várias bandas que já acabaram e deixam muitos fãs com saudades. E nada melhor que começar essa sessão da bandas que já partiram dessa pra melhor do que com os finlandeses do Sentenced, banda que fez o seu próprio funeral. O Sentenced foi uma banda que conquistou muitos fãs ao longo de seus 16 anos de carreira. A banda mudou muito ao longo de sua tragetória, e nós vamos comentar sobre cada uma das fases da banda nesse post.
A banda começou em 1988, na cidade de Oulu, sob o nome de Deformity e com uma proposta totalmente voltada para o Thrash Metal. Sua primeira formação contava com Miika Tenkula (vocal/guitarra), Lari Kylmänen (baixo) e Tuure Heikkilä (bateria). Porém, essa formação durou muito, pois no ano seguinte a banda assumiria o nome de Sentenced, partindo para uma sonoridade mais pesada voltada para o Death Metal. Pouco antes da mudança de nome, o baterista Tuure deixou a banda, sendo substituído por Vesa Ranta. Completando a formação original da banda, temos a chegada do guitarrista Sami Lopakka.
Com a formação original, a banda lançou sua primeira demo em 1990, chamada "When Death Join Us", que garantiu um contrato com a gravadora francesa Thrash Records. Antes de partir para o estúdio e gravar seu primeiro álbum, a banda ainda lançaria mais uma demo no ano seguinte, chamada "Rotting Ways to Misery", além de ter participado de um split da gravadora Black Out, chamado "Cronology of Death", ao lado das bandas Carbonized, Bluuurgh... e Xenophobia.
O debut finalmente foi lançado em 1991, entitulado "Shadows Of Past". Pouco antes da gravação do álbum, o baixista Lari seria substituído por Taneli Jarva, que gravou também os backing vocals do álbum. Nesse primeiro registro oficial da banda, temos ainda uma banda que tinha muito a evoluir em seu som, apesar de já mostrar ter um futuro promissor pela frente. Basicamente, seu som era rápido e pesado, mas já apresentava algumas influências da então emergente cena de Death Metal Melódico da Escandinávia.
Em 1992, a banda lançou mais um demo de forma independente, chamada "Journey to Pohjola". O trabalho foi o primeiro a contar com Jarva assumindo os vocais, deixando Miika mais livre para trabalhar nas guitarras. O sucesso do primeiro álbum, que vendeu 1500 cópias na época (ótimo número para uma banda finlandesa até então desconhecida), rendeu um contrato com a Spinefarm Records, que lançou o segundo álbum de estúdio do Sentenced: "North From Here". Esse segundo petardo, lançado em 1993, apresenta uma grande evolução da banda, nos apresentando os que viriam a ser os primeiros clássicos do Sentenced, como a sensacional "Northern Lights".
Em 1994, a banda preparava-se para gravar seu próximo álbum. Mas ainda naquele ano lançariam um EP simplesmente chamado "The Trooper", com um cover do Iron Maiden gravado em 1992. Essa versão tornaria-se bem conhecida nos anos seguintes e veio a integrar vários álbuns tributos da banda inglesa. Com um novo trabalho em mãos, a banda lançou o vindouro "Amok" no começo de 1995. O álbum é um marco na carreira da banda, repleto de clássicos como "Nepenthe", "Dance On The Grave" e "The War Ain't Over!".
"Amok" representa também mais um largo passo na carreira do Sentenced. A banda havia abandonado totalmente sua sonoridade totolmente voltada para o Death Metal que costumava executar no passado. Agora suas músicas possuiam muito mais melodias, teclados e passagens acústicas (algo que já havia sido explorado no álbum anterior). O primeiro videoclipe da banda também foi gravado na mesma época, para a faixa "Nepenthe". No geral, "Amok" marca não somente um grande momento da carreira da banda, como também do próprio Death Metal Melódico em si.
Ainda em 1995, a banda partiu para estrada ao lado de Samael e Tiamat. Lançariam também o EP "Love And Death", com 5 canções compostas e gravadas no mesmo período de "Amok", dando continuidade ao trabalho que já estava sendo desenvolvido com esse álbum. Mas esse ano não acabaria tão bem para a banda: Jarva decide sair por diferenças musicais com os outros integrantes. Depois disso, a banda nunca mais voltaria a ser a mesma.
A banda lançou seu quarto álbum de estúdio em 1996, chamado "Down". Quem assumiu os vocais foi o até então desconhecido Ville Laihiala, enquanto os baixos foram gravados por Miika. A produção ficou a cargo do polonês Waldemar Sorychta, que já produziu álbum de Moonspell, Lacuna Coil, Tristania, Rotting Christ e vários outros. Quanto a sonoridade do álbum, isso foi um choque para os fãs: não bastasse Ville ter um estilo de vocal totalmente diferente de Jarva, a banda partiu para uma sonoridade bem mais acessível, com base numa mistura entre Gothic Metal e NWOBHM.
A mudança de sonoridade da banda, na verdade, não seria um problema, pelo contrário. Essa evolução natural da música produzida pelo Sentenced elevou o reconhecimento da banda dentro da cena internacional, fazendo com que a banda conquistasse muitos fãs ao redor do mundo. "Down" também marca o momento em que a banda deu origem a uma de suas principais características, que são as letras extremamente depressivas sobre questões como morte, envelhecimento e problemas pessoais.
O próximo álbum, "Frozen", sairia apenas em 1998, pela primeira vez contando com a participação de Ville e de novo baixista, Sami Kukkohovi, nas composições. O álbum segue a mesma linha de seu antecessor, contando com ótimas composições, como "Suicider" e "Rain Comes Falling Down". A essa altura, o Sentenced já tinha firmado seu nome e proposta musical a qual seguiria desenvolvendo ao longo dos anos, participando também de grandes festivais europeus.
No ano 2000, o Senteced lança mais um dos que são considerados os melhores trabalhos de sua discografia: "Crimson". Esse álbum sepultou de vez as esperanças dos velhos fãs de ter o Sentenced antigo de volta, mas em contrapartida, abriu as portas para que a banda chegasse a outro nível em sua carreira. A canção "Killing Me Killing You" tornou-se um dos maiores hits da carreira da banda, mas o álbum também possui outras excelentes canções como "Home In Despair", "My Slowing Heart" e "The River". Mas, tirando o grande hit citado, certamente os grandes destaques do álbum são "Broken" e "Dead Moon Rising", dois grandes clássicos imortais da banda.
Logo após a turnê de "Crimson", a banda decidiu interromper suas atividades por um curto período de tempo, alegando que algumas disputas internas estavam estragando a relação dos integrantes. Durante esse período, Ville fundaria sua própria banda, o Poisonblack, que até hoje está por aí em atividade e esteve, inclusive, no Brasil ano passado. Na verdade, o álbum de estréia do Poisonblack, "Escapexstacy", só sairia em 2003, após a volta do Sentenced. Já o baixista Sami Kukkohovi formaria o Solution 13, banda que teve um curto período de vida, onde o baixista na verdade tocou guitarra até 2003.
As férias acabaram e a banda retorna a ativa com o álbum "The Cold White Light". Esse álbum, na singela opinião deste que vos escreve, é de longe o melhor trabalho já lançado pela banda. Canções como "Cross My Heart And Hope To Die", "Neverlasting", "Brief Is The Light" e "The Luxury Of A Grave" marcam essa excelente obra lançada em 2002. Temos também a ótima balada "Aika Multaa Muistot" (que significa "o tempo enterra as memórias", um ditado popular na Finlândia) e "Excuse Me While I Kill Myself", outro clássico da banda que tem uma letra repleta de humor negro.
"The Cold White Light" também marca o lançamento do que possivelmente é a música mais conhecida (e certamente a melhor da banda): "No One There". Se um dia eu postar nesse blog uma lista de todas as minhas músicas favoritas de todos os tempos, certamente "No One There" seria uma delas. Ela foi também o primeiro single do álbum, que alcançou o primeiro lugar nas paradas finlandesas. O clip da canção é uma obra de arte, expressando melhor do que nunca todos os conceitos que envolvem a banda.
Logo após o lançamento do álbum, a banda partiu para uma turnê na América do Norte, ao lado de In Flames, Dark Tranquility e Killswitch Engage. A turnê européia foi junto do Lacuna Coil, além da banda ter apresentado-se, mais uma vez, em grandes festivais, como o Wacken Open Air. Após o fim da turnê, a banda lança um single com a canção "Routasydän" ("coração congelado", traduzido), a única música da banda cantanda em finlandês. O single, na verdade, foi uma homenagem a um time de hockey finlandês, chamado Oulun Kärpät. Ironicamente, a banda foi acusa de apologia ao nazismo na Finlândia graças a essa música, fato negado pelos integrantes.
No começo de 2005, a banda anuncia seu novo trabalho, com o singelo nome de "The Funeral Album". Mas essa não foi uma boa notícia, na verdade, pois como o próprio nome indica, esse seria o último álbum da carreira da banda. Foi divulgado no site do Sentenced que a banda faria uma turnê de despedida após o lançamento do álbum, mas não foram ditos os motivos específicos do fim da banda, apenas que eram muitos os motivos, além do fato de que todos os integrantes continuavam sendo amigos e gostariam de terminar a carreira do Sentenced em grande estilo.
O derradeiro álbum da banda é realmente excelente, mesmo considerando que ele talvez não supere seus dois antecessores. O álbum possui ótimas músicas, como "Ever-Frost", "Vengeance Is Mine" e "Despair-Ridden Hearts". As tradicionais baladas estão presentes também e muito bem representadas através de músicas como "Her Last 5 Minutes" e "We Are But Falling Leaves". A faixa de abertura, "May Today Become The Day", traz uma banda mais positiva e animada, enquanto a curta instrumental "Where Waters Fall Frozen" relembra um pouco os primórdios da banda com uma sonoridade bem pesada. O álbum fecha com a última música que a banda compôs em sua história, com o sugestivo título de "End Of The Road".
O fim oficial das atividades do Sentenced sucedeu-se em sua cidade natal, no dia 1º de outubro de 2005, com uma apresentação de duas horas. Até mesmo o ex-vocalista, Taneli Jarva, juntou-se a banda para tocar 5 canções de seu período na banda. O show foi gravado e lançado um ano depois em DVD e CD, uma peça obrigatória para qualquer fã da banda. "Buried Alive", como foi chamado o registro, marca o fim de uma era na carreira desses músicos, um suicídio coletivo de cinco pessoas, como eles mesmo falaram em seu site oficial. É sem dúvida um show emocionante, onde pode-se sentir muitos sentimentos transmitidos entre a banda e a platéia, sendo os pontos altos a belíssima execução de "No One There" (com direito a neve artificial) e vindouro final com "End Of The Road". Logo abaixo, vocês podem conferir a apresentação inteira que está disponível no You Tube.
Mesmo após o fim da banda, muitos fãs (inclusive eu) ainda acreditavam que eles poderiam voltar um dia. O que jamais vai acontecer, uma vez que o líder e fundador da banda, Miika Tenkula, faleceu em 18 de fevereiro de 2009, devido a complicações cardíacas. O acontecimento sepultou de vez as possibilidades da banda retornar um dia, aumentando ainda mais a saudade dos fãs que tiveram suas vidas marcadas com a tocante música dessa genial banda finlandesa. Mais tarde, em 2009, foi lançado um box em forma de caixão contendo 16 CD's e 2 DVD's que cobrem a carreira inteira da banda, além de conter várias faixas inéditas.
Ao assistir "Buried Alive", você pode ver que o Sentenced realmente foi uma banda importante na vida de muitos de seus fãs. Muitas pessoas identificam-se com as músicas da banda, buscando alguma forma de consolo e fortificando-se através das músicas melancólicas da banda. Prova definitiva que músicas com esse teor não incentivam sentimentos negativos nas pessoas. Pelo contrário, funcionam como um estímulo para tantas pessoas que podem estar atravessando momentos difíceis, achando um conforto no que é passado pelos seus ídolos.
Ao assistir "Buried Alive", você pode ver que o Sentenced realmente foi uma banda importante na vida de muitos de seus fãs. Muitas pessoas identificam-se com as músicas da banda, buscando alguma forma de consolo e fortificando-se através das músicas melancólicas da banda. Prova definitiva que músicas com esse teor não incentivam sentimentos negativos nas pessoas. Pelo contrário, funcionam como um estímulo para tantas pessoas que podem estar atravessando momentos difíceis, achando um conforto no que é passado pelos seus ídolos.
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