por Delmar Borba
Bom, hoje
vamos falar de um dos discos mais históricos e influentes da
história do metal: “Don’t Break The
Oath”,
do grande Mercyful
Fate.
A banda
foi formada das cinzas do Brats com os guitarristas Michael Denner e
Hank Shermann, do Black Rose, de onde veio o fabuloso vocalista King
Diamond, e do Danger Zone, de
onde veio o baixista Timi Hansen e o baterista Kim Ruzz, que até
então era carteiro. Formada na Dinamarca em 1981, a banda logo no
ano seguinte já lançou seu primeiro EP auto-intitulado e em 1983
seu primeiro Album, “Melissa”, que causou furor e uma certa
estranheza na cena, pelo estilo vocal do diabólico King Diamond,
cheio de falsetes e notas extremamente altas, algo que aos ouvidos
desavisados causa certa estranheza realmente, mas que contribui
imensamente para as harmonias das guitarras e para o clima
fantasmagórico que ronda a banda e suas letras.
“Don’t
Break The Oath” foi lançado em 7 de
Setembro de 1984 e foi muito aclamado pelos fãs que, em sua maioria,
o consideram o melhor da carreira da banda, opinião da qual eu
pessoalmente compartilho. O trabalho rendeu a banda a primeira visita
aos EUA em sua tour de divulgação, porém essa visita também
renderia problemas a banda que culminariam na dissolução do
Mercyful Fate ao término da tour. A verdade é que o guitarrista
Hank Shermann se deslumbrou com o estilo de vida americano e nas
reuniões para a gravação para o que seria o próximo disco, se
disse infeliz com o direcionamento musical da banda. Ele apresentou
uma fita-demo para King Diamond que o vocalista nem ao menos teve
coragem de apresentar ao resto dos integrantes, reunindo-os e
resolvendo assim o término das atividades da banda, fato que
perdurou por longos 9 anos, até a reunião da banda, mas isso é
outra história.
Temos aqui
uma verdadeira obra de arte satânica, considerada por muitos uma das
principais influências para a criação do Black Metal, por conta de
suas letras que são um verdadeiro culto ao Satanismo, do qual King
Diamond é profundo apreciador, sendo até mesmo membro da Church of
Satan de Anton Lavey, o qual conheceu pessoalmente durante a passagem
da banda pelos Estados Unidos, realizando assim um de seus maiores
desejos.
O disco
começa com um clássico absoluto, “A
Dangerous Meeting”, com um dos melhores
riffs da história do heavy metal e uma linha vocal histórica de
King Diamond em uma das melhores músicas (se não a melhor) da banda
e do vocalista em toda sua carreira. Na sequência vem “Nightmare”,
com seu início apenas com baixo e bateria, novamente com destaque ao
vocal, notas extremamente altas e mais ao fundo que os instrumentos,
parecendo um fundo de teclado, com suas melodias perfeitamente
encaixadas. O trabalho de guitarras nessa música também se
destacam, assim como em todo o álbum, com melodias e peso
perfeitamente balanceados.
Depois
temos “Desecration of Souls”,
com um inicio que lembra vagamente Venom e depois cai em uma levada
de metal tradicional, com os vocais com bem menos falsetes e
lembrando o timbre da voz normal de Rob Halford, do qual King Diamond
é grande fã (e quem não é?). Perfeita! E os solos? A dupla
Sherman/Denner estava mais inspirada que nunca, sempre intercalando
os solos, aqui fazem um trabalho espantoso e impecável, digno de
faze-los entrar para o seleto grupo das duplas insquecíveis de
guitarristas de heavy metal, não tem como descrever com palavras o
que esses dois fazem nesse disco e principalmente nesta música...
Sensacional!
O álbum
segue com “Night of the Unborn”,
com um riff inicial mais uma vez esplêndido e uma letra mais que
explicitamente satânica, e uma linha de baixo bem destacada e
pesada.
Depois vem
“The Oath”, com
teclados tétricos e na mais pura escola Black Sabbath, com o som de
uma tempestade ao fundo, começa com uma verdadeira invocação ao
demônio proferida por King Diamond, tem uma letra (como não poderia
deixar de ser depois de uma introdução dessas) que é como se fosse
uma oração às forças do inferno, com uma linha melódica intensa
e bem pesada lembrando em algumas partes Iron Maiden, e os vocais
mais uma vez se destacando em meio a massa sonora.
“Gypsy”
é a próxima, com mais groove, mas não
deixando o peso cair um segundo, é um dos destaques do disco, com o
baixo aparecendo mais uma vez um pouco mais, com uma levada que
prende o ouvinte. O Emperor lançou na época do clássico “In The
Nightside Eclipse”, um cover perfeito dessa música que vale a pena
dar uma conferida também.
Depois
temos “Wellcome Princess of Hell”,
que começa mais cadenciada e vai crescendo gradualmente com King
Diamond comandando a melodia durante toda musica, com uma levada que
ao vivo ficaria perfeita. Emendada por uma curta instrumental só com
guitarras, que mostra toda a capacidade da dupla de guitarristas em
criar com facilidade melodias ricas e belas, dois monstros! Emendando
imediatamente no maior clássico da banda “Come
to the Sabbath”, um hino absoluto, com a
letra misturando bruxaria com satanismo, onde ele cita Melissa, nome
do primeiro disco da banda e também o nome de um Crânio humano
verdadeiro que King Diamond carinhosamente guardava como amuleto e
ostentava em suas apresentações ao vivo. Até ela ser roubada e
nunca mais encontrada por seu “dono”, King Diamond, que é
responsável por todas as letras, tanto do Mercyful Fate quanto de
sua carreira solo, fez várias citações e homenagens à Melissa
durante a discografia da banda, a qual o próprio diz ter uma relação
de afeto que vem de outras vidas...
Excentricidade,
competência, carisma e uma voz extraordinária e original fazem
parte da carreira deste, que é um dos maiores ícones do Heavy
Metal.
LONG
LIVE TO THE KING!!!
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