Review de show: Sebastian Bach (Sociedade Orfeu, São Leopoldo, 21/09/2013)

sábado, 28 de setembro de 2013


Fotos por Tiago Alano e Martha Buzin
Texto por Tiago Alano


Confira galeria de imagens exclusivas do ATM no final do post

Muitas pessoas ficaram surpresas com o anúncio de um show de Sebastian Bach em São Leopoldo, cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Alguns até acharam estranho um show deste porte ser realizado fora da capital gaúcha e criticaram a iniciativa. Mal sabem essas pessoas o quão enganadas estavam, pois foi apresentado um espetáculo com ótima estrutura em uma noite memorável para os fãs de Hard Rock e Heavy Metal. O local escolhido para receber o ex-vocalista do Skid Row foi o clube Sociedade Orfeu, o mais antigo da cidade, e o show principal contou com a abertura das bandas Maça de Pedra e Hipercubo. O evento foi produzido pela Makbo em uma parceria com a escola InFlux

Quem deu o pontapé inicial da noite foi a banda Maça de Pedra, apresentando um Rock'N'Roll de altíssima qualidade. Abriram com "Não Tem Mais Como Controlar" e "Alucinação", aquecendo o público para a longa noite que seguiria-se. A vocalista Caren Suzana demonstrou-se muito empolgada com a ocasião e desejou a todos uma noite cheia de orgasmos. Vale falar que a vocalista é uma ótima performer, com uma presença de palco e atitude raramente encontrada. O guitarrista Rodrigo Java é outro que chama muita atenção, pois é um músico dotado de estilo próprio, outra característica que não estamos acostumados a ver por aí, considerando a enorme quantidade de virtuoses das seis cordas que não tem um mínimo de criatividade. Ainda tocaram mais dois sons próprios, "Sinceridade" e "Como É Que Vai Da Maçã", para logo depois encerrar com um cover do Led Zeppelin, "Whole Lotta Love", que caiu como uma luva na voz de Caren. Espero ver a banda novamente em breve, certamente um nome promisso da cena atual.

Maça de Pedra

A segunda banda a subir no palco foi o Hipercubo, quinteto com uma proposta bem tradicional dentro do Hard Rock. Assim como a banda anterior, apresentaram um set curto, porém muito eficiente. Tocaram algumas composições próprias, "Meu Amor", "Dance" e "Noite de Sexo", que cumpriram muito bem a tarefa de manter o público animado para a atração principal. Sejamos francos, boa parte do público não cria grandes expectativas sobre as bandas de abertura, mas podemos afirmar que as pessoas presentes no Sociedade Orpheu tiveram agradáveis surpresas. A banda ainda tocou um cover de "It's So Easy", do Guns N' Roses, com uma ótima interpretação do vocalista J. Kid, um frontman como poucos em nossa cena atual. 

Hipercubo

Enfim, havia chegado o momento aguardado por todos: a banda de Sebastian Bach sobe ao palco e tem início o show principal do evento. Logo de cara já mandam ver em "Slave To The Grind", faixa título do segundo álbum do Skid Row, um dos maiores clássicos da década de 90. Bach já chegou mostrando que ainda é um dos maiores frontman do mundo, pois o vocalista não para um segundo sequer e comanda o público de forma inigualável. Sem nem ao menos deixar a platéia respirar já tocaram "Kicking & Screaming" na sequência, faixa título do mais recente álbum de estúdio do vocalista.


Um fato curioso: durante o início do show, o redator que vos escreve estava entre a grade e o palco fotografando a banda. Próximo do fim da segunda canção, Bach fez um sinal para mim, aparentemente pedindo para não fotografar seu lado direito. No intervalo que antecedeu a música seguinte, até falou no microfone "esse não é um ângulo bom" com um tom de muito humor, olhando diretamente para mim. Teria o vocalista algum problema com fotos do seu lado direito? Vai saber! De fato, não contente em comandar a platéia, ele também faz questão de coordenar os fotógrafos, o que gerou situações inusitadas, como levar um dos fotógrafos para cima do palco.

Tião: "That's not a good angle."
O show continuou com mais uma canção do álbum mais recente de Bach, "Dirty Power", mostrando uma boa recepção por parte dos fãs. Mas não podemos ignorar a verdade: boa parte do público estava lá por causa dos clássicos do Skid Row, isso é óbvio! Sendo assim, para a felicidade geral dos presentes, tivemos duas músicas do primeiro álbum de sua ex-banda, "Here I Am" e "Big Guns", cantadas do início ao fim pelos fãs. Logicamente, não podemos esperar que o vocalista ainda seja capaz de fazer uma performance idêntica a versão original, afinal de contas, já passaram-se mais de 20 anos. Só que ele está muito longe de fazer feio, pelo contrário, ainda manda muito bem nas faixas antigas e afirma-se como uma das vozes mais poderosas do Hard Rock e do Heavy Metal mundial.

O álbum "Angel Down", particularmente meu favorito de sua carreira solo, foi muito bem representado por "(Love Is) A Bitchslap" e a pesada "Stuck Inside". Além da ótima presença de palco de Bach, o resto da banda destaca-se pela ótima interação com o público, com destaque especial para o baixista Jason Christopher. Devin Bronson demonstrou ser uma ótima adição a banda, mantendo-se fiel aos solos e fazendo ótimos duetos com Johnny Chromatic, guitarrista que já está com Bach desde 2005. E o que falar do baterista Bobby Jarzombek? Acredito que um baterista que tem no currículo bandas como Halford, Fates Warning, Iced Earth e Riot dispensa apresentações, certo? Como o próprio Bach disse ao final do show, um dos melhores bateristas do gênero!


Mais um clássico do Skid Row veio logo a seguir, "Piece Of Me", mais uma vez com a participação essencial do público que cantou o refrão a plenos pulmões. Mas o delírio generalizado surgiu foi na canção seguinte: "18 & Life". Precisa falar algo a respeito da reação do público? Tenho plena certeza que foi um momento de pura nostalgia para muitos. Bach também não decepcionou durante a execução da faixa, ainda mais considerando que não é uma canção muito fácil de cantar.

A canção seguinte era um dos momentos pela qual mais aguardava, a faixa "American Metalhead", originalmente gravada pelo Painmuseum e regravada por Bach no álbum "Angel Down" (o guitarrista do Painmuseum, Metal Mike Chlasciak, integrou a banda do vocalista entre 2005 e 2008). Como já é tradicional em seus shows, o vocalista adaptou o título e o refrão da música de acordo com o local onde estavam tocando, batizando a mesma como "Brazilian Metalhead". Depois desse momento com muito peso e altamente convidativo a bater cabeça, tivemos mais uma balada, especial para o público brasileiro. "In A Darkened Room", faixa do "Slave To The Grind", criou um laço muito forte entre Bach e o público tupiniquim, tornando-se uma música obrigatória no repertório toda vez que ele apresenta-se em nosso país. Mas, sejamos francos, acredito que a música poderia estar melhor posicionada dentro do set ao invés de ficar entre duas músicas mais pesadas.

"Monkey Business" foi a próxima canção que ecoou pela Sociedade Orfeu, clássico absoluto do Skid Row e uma das mais esperadas da noite. Um dos momentos mais memoráveis da apresentação! Rolou também o tradicional improviso no meio da canção. Bach começou a apresentar a próxima música, mas depois falou que aquele era o momento em que a banda precisava sair do palco e fingir que estava encerrando o show, para logo depois retornar e terminar de anunciar "Tunnelvision". A faixa em questão foi escrita em parceria com John 5 (Rob Zombie, ex-Marilyn Manson) e é uma das melhores do trabalho mais recente de Bach.




Infelizmente, percebemos a clara indicação de que estávamos próximo ao fim da apresentação quando Devin pegou um violão e começou a tocar as primeiras notas de "I Remember You". A banda começou a tocar a clássica balada do Skid Row, mas logo interrompeu ela para tocar outra música que aparentemente chama-se "One Picture". Vou ser bem honesto com os leitores, não faço ideia de que música seja. Mas logo depois seguiram tocando "I Remember You" normalmente e foi possível até mesmo escutar o eco de todas as vozes no local que estavam cantando a música junto do vocalista. O final não poderia ser diferente, com "Youth Gone Wild" gerando a catarse final na pista. Duvido que pudesse existir uma pessoa no local que não estivesse erguendo seu braço e cantando o refrão o mais alto possível. Encerramento épico para um show que ficará marcado como um dos mais empolgantes do ano.

O único ponto negativo da apresentação acabou sendo sua curta duração, que não chegou nem a uma hora e meia, além de algumas músicas que foram cortadas do set list. "Dance On Your Grave" e "My Own Worst Enemy", por exemplo, estavam inicialmente cotadas para integrar o set, mas acabaram não sendo tocadas. Outras ótimas canções de sua carreira solo também ficaram faltando, como "You Don't Understand" e "As Long As I Got The Music". E, é claro, sempre haverá algumas músicas do Skid Row que os fãs sentirão falta. De minha parte, acho que seria muito agradável ter "Psycho Love" no repertório, o que possivelmente nunca vai acontecer pelo simples fato de ter sido escrita pelo baixista que impede seu retorno a banda...

No começo do texto comentei sobre a reação de algumas pessoas sobre o anúncio do show em uma cidade do interior. Acho muito válida a iniciativa de buscar outras alternativas e locais para a cena gaúcha, ao invés de pensar que tudo deve estar centralizado na capital. Mais uma vez, a produtora Makbo está de parabéns pelo ótimo trabalho desempenhado, aprimorando a produção do evento em relação ao show do Moonspell no ano passado e servindo de exemplo no que diz respeito ao tratamento com o público. Preços justos, ótima produção de palco e som e local apropriado para receber o público. Portando, deixo registrado meu agradecimento ao Márcio por mais uma oportunidade de participar de um evento memorável e garanto que apoio e espaço no All That Metal é algo que a produtora sempre vai ter. E dia 26 de outubro estaremos na Sociedade Orfeu novamente com Hibria, Dyingbreed e A Sorrowful Dream, em mais um capítulo da construção de uma nova alternativa para o público gaúcho.

Confira galeria de imagens exclusivas do All That Metal:


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