por Lucas Queiroz
E aí Tr00zerada de todas as querências, como estão todos vocês?! Andam acompanhando o ATM? Espero que sim, o pessoal anda fazendo um trabalho macanudo e de muita responsabilidade. O nosso "chefe", Tiago Alano, até anda dando uma de radialista (pra quem não sabe, o Tiago está de parceiro durante uns tempos na Rádio Putzgrila, no programa NEW KIDZ ON DEAD ROCK, rádio online, muito bacana). Mas vamos ao que interessa...
Crisix é uma banda espanhola de Thrash Metal criada em 2008
Já, faz quase duas semanas que eu venho colhendo informações e "hematomas psicológicos", por estar debatendo com amigos (músicos ou não) sobre a importância da composição, estruturação musical e outros adendos, para a criação da coluna desta semana, que vai tocar na ferida de muitos guitarristas: os SOLOS!! Ainda mais tratando-se de bandas que marcaram época com riffs e também solos memoráveis .
O que muitos me comentam, é que atualmente há uma exacerbação no ego do músico, ou seja, os caras querem encher a música de firulas, detalhes e acabam esquecendo da essência que sempre vem bem a calhar. Seja simples ou complexa, a música sendo feita com sinceridade do que queremos transmitir, sempre atrairá pessoas interessadas.
Vamos deixar claro que montar uma lista do tipo "10 melhores, ou 10 piores" é uma questão de opinião, que você vai ou não se identificar. O meu intuito com isso é gerar debates saudáveis, apresentação de pontos de vistas técnicos, ou não, nada de "FULANINHO É MELHOR E PONTO". A música toca cada um de uma forma e temos que saber respeitar, como diria minha avó: "Gosto é gosto, já diria a véia comendo sabão".
Como foi dito no começo, essa listagem foi montada a partir de conversas e discussões que tive durante as 2 semanas decorrentes. Explicações a parte, vamos descer a lenha...
10 - RAMONES - THIS AIN'T HAVANA
Albúm: End of The Century (1980)
Erro: Se você não está habituado a fazer solos, não faça!
A ideologia punk é o faça você mesmo, dentro disso surge uma gurizada que estava cansada da onda Prog que assolava os EUA e a Europa nas décadas de 60 e 70. Então pensaram, vamos para a garagem, meter o volume no 11, falar das revoluções, do anarquismo e etc.
Agora pensem comigo, Ramones, expoentes do seu gênero, pais do "Blitzkrieg Bop", som visceral reto e direto, 1,2,3,4, fazendo um CD com um cara que respirava o POP da época. Seu nome era Phil Spector, produtor de algumas músicas do albúm "Let It Be", dos Beatles....Obviamente não deu certo, tanto que temos esse petardo que leva a décima posição da nossa listinha
9 - SEPULTURA - TERRITORY
Albúm: Chaos A.D (1993)
Erro: Se vai gravar um solo no improviso, pense bem antes de lançar o CD.
Aqui vou tomar muita tijolada, eu sei. Ainda mais dos entusiastas do "faço o solo no feeling e azar". Entenda, ideias e "brainstorm" são fundamentais na hora da criação do tema da sua composição. A opinião da sua banda também é. Grave, regrave, "trigrave" (isso não existe) a faixa, o que for, para ter certeza de que você está fazendo o melhor trabalho.
O Sepultura já gravou muitos dos seus trabalhos "ao vivo", todos tocando juntos dentro do estúdio, nada de pistas separadas. É um modo de trabalho? Com certeza. Isso faz alguma diferença no som? Com certeza. Todo detalhe vai estar gravado para a eternidade, o mínimo chiado, ruído, "solo improvisado", tudo. Pense, reflita, o detalhe é tudo.
8 - DOKKEN - BREAKING THE CHAINS
Albúm: Breaking The Chains (1983)
Erro: Conheci outros albúns do Dokken antes.
George Lynch, não esqueçam esse nome fãs da guitarra. Esse cara, mesmo que você não conheça, já levou o status de Guitar God mundial nos anos 80. Atualmente ele está meio afastado do seu brilho, afinal de contas, o gênero que ele ajudou a solidificar caiu por terra (para a tristeza do que vos escreve).
O Dokken era uma máquina de Hits nos anos 80, ganhou inúmeros prêmios e reconhecimentos pelo seu trabalho. O ego foi o motivador do declínio da banda, ou dos seus dois líderes, Don Dokken (Vocal) e o tio George. Aqui a falha não é do próprio Lynch, digamos que quem primeiro ouviu o "Tooth And Nail" (84) ou "Back for The Attack" (87), se decepcionaria com o primeiro álbum da banda. Vamos levar em conta que o som ainda não estava amadurecido, eles ainda não contavam com o grande visionário Jeff Pilson no baixo, dentre outros fatores.
O álbum passa longe de ser fraco ou desestimulante, só que comparado ao que estaria por vir, podemos dizer que está longe de ser o melhor de George Lynch
PS: sou fanático pela banda, essa aqui foi difícil de colocar na lista
7 - AC/DC - DIRTY DEEDS DONE DIRT CHEAP
Albúm: Dirty Deeds Done Dirt Cheap (1976)
Erro: Músicas de sucesso precisam de solos de sucesso
Acho que este erro fica subjetivo a todas as músicas que apareceram, ou vão aparecer aqui, mas o que acontece, em um albúm que temos "Jailbreak" no repertório, e temos outro Hit estourado como "Dirty Deeds"? O solo que é um dos ápices da música, deve ser tão ou mais extasiante que seu riff principal.
Angus Young é um guitarrista de energia que incendeia a multidão com seu jeito e com sua marca registrada (school boy from hell), não podíamos esperar menos do que isso. Mas né, acontece.
6 - METALLICA - KIRK HAMMET AO VIVO
Álbum: Qualquer um após o Black Album
Erro: 1- Não se deixe levar pela fama e sucesso
2- Sempre observe sua técnica
3- Cuidado com os vícios de vocabulário musical
Juro por tudo que não é pegação com o velho Kirk. Se vocês observarem vídeos, shows até meados dos anos 90, ele era quase impecável ao vivo, cometia pouquíssimos erros, aceitáveis para um músico profissional; claro, somos humanos, sempre erramos.
O grande problema é a sucessão de erros, e a falta de correção dos mesmos. Eu não sei o que houve com ele após essa época. Notas mastigadas, exagero no famoso efeito "wha", atraso nas temporizações, entre outros que todos os fãs do Metallica podem observar. Alguns não gostam de assumir, outros preferem nem ver, mas convenhamos, não podemos ser hipócritas com algo que ressoa em nossos ouvidos quando estamos na primeira fileira de um show.
Kirk já está com o nome garantido na história do Metal, tem sua legião de fãs, criou grandes riffs e com certeza tem seus méritos, só não pode esquecer do nome que ele tem a zelar. E não é Hammet, é METALLICA!
Assistam com bom senso
5 - PANTERA - DRAG THE WATERS
Álbum: The Great Southern Trendkill (1996)
Erro: Quando você chega no status de que em todo solo meus ouvidos devem espirrar sangue, não faça menos que isso.
Colocar o Mestre Dimebag nessa lista é quase um ultraje, sei disso. Mas o negócio é polemizar, então vamos lá.
"Fucking Hostile", "Domination", "Mouth For War", "Walk"... só os sucessos. Você sabe o que todas essas músicas tem em comum? O solo não me faz querer derrubar a parede a cabeçadas, são solos empolgantes, fortes, monstruosos, que culminam no restante de uma porrada que é o som do Pantera.
O erro de "Drag The Waters"? No máximo fico batendo o pé. Solo ruim? De forma alguma, apenas morno (ponto). "The Great Southern Trendkill" não foi um dos melhores álbuns do Pantera, na realidade após o "Far Beyond The Driven" dificilmente algum seria ("Reinventing Steel" é do caralho). Talvez na pressa por prazo da gravadora, o Pantera não tenha conseguido jogar todos os tijolos que poderia dentro de um álbum, após uma enorme tour que foi a do "Far Beyond" e direto para dentro do estúdio... o gás acaba. Quatro anos após o TGST, "Reinventing Steel" viria com tudo, para mais uma vez quebrar pescoços!
Isso que o "The Great Southern Trendkill" não é um álbum ruim, apenas mediano.
4 - IRON MAIDEN - FEAR IS THE KEY
Albúm: Fear of The Dark (1992)
Erro: Se o guitarra é novato na banda, a responsabilidade fica para a banda.
Dave Murray, Janick Gers, você tem ideia do que é o peso de ter dois nomes desses numa banda? (O Adrian estava passeando por aí, deixando toda responsa para o novato Janick). Ah, e claro com o chefão Harris, comandando a bagaça toda...é muita coisa para se relevar.
O Maiden sempre fez flertes com uma sonoridade alternativa, fãs de progressivo assumidos, nunca tiveram medo de arriscar. "Fear Is The Key" é uma prova disso, temporizações intrincadas, melodias diversificadas, para alguns, o grande trufo do Maiden.
Janick respondeu bem as expectativas, cumpriu o papel dele, a meleca do solo foi uma simples questão de estética e mudança de sonoridade da banda. Não adianta, onde troca um componente muda tudo, tanto muda que...
Agora chegamos ao Top 3...
3 - LIVING COLOUR - CULT OF PERSONALITY
Álbum: Vivid (1988)
Erro: Ah a empolgação do primeiro álbum...
Já falamos aqui algumas vezes sobre a questão de avaliar-se muito bem todos os detalhes do lançamento do albúm, equipamentos, equalização, composição. É tudo um jogo, e quando você tem um nome como Mick Jagger por trás da sua produção, você precisa fazer tudo com muito cuidado...
Adoro o Living Colour, a proposta deles, Funk Metal, com variações rítmicas incríveis, todos grandes músicos e com muita ENERGIA. Energia essa que marca o porque o solo de Vernon Reid está nessa lista, é um solo demasiado rápido, porém perde-se em meio a um timbre que não proporciona um entendimento das notas e da execução.
Criticar um guitarrista por causa do seu timbre é sacanagem, é questão de gosto pessoal, muito difícil de definir o que é bom e o que é ruim. Mas se estamos fazendo uma listagem sobre isso, com certeza temos que citá-lo.
2 - IMPELLITTERI - STAND IN LINE
Álbum: Stand In Line (1988)
Erro: Técnica 10, Bom senso 0
Nesse caso vou postar o vídeo antes da descrição para vocês entenderem o que estou dizendo:
Bom pessoal, notem a velocidade deste EQUINO, Chris Impellitteri já foi considerado muitas vezes um dos, quiça o mais veloz guitarrista do mundo. Os anos dedicados ao instrumento para chegar neste nível técnico são inúmeros, horas e mais horas de treino, muito esforço e um toque de dom.
Tudo isso forma um exímio guitarrista (diga-se, Malmsteen de passagem). O grande detalhe é, e já remetendo a posição 3 da nossa lista, o maldito do timbre. À uma extrema velocidade e com um nível muito alto de saturação, o solo torna-se quase imperceptível. Talvez fosse esse o intuito do mesmo, porém não deixaremos passar limpo, bobeou dançou, meu amigo!
1 - PAT BENATAR - SHADOWS OF THE NIGHT
Albúm: Get Nervous (1982)
Erro: Super Rock Star e com um amador na guitarra
Pessoal, para finalizar a lista, e já a coluna dessa semana, quero deixá-los com a seguinte lição: se você alcançou o topo, deve trabalhar com gente que está no seu nível, com capacidade para criar, interpretar e agir conforme sua necessidade. Isso não significa esculachar ninguém, nem destratar outros músicos. Mas entendam:
Sete discos de platina
Três álbuns de ouro,
19 músicas no Top 40 das paradas americanas
Ninguém alcança isso tudo com amadorismo e música de baixa qualidade. Neil Giraldo, guitarrista de Pat no albúm "Get Nervous", não pode ser culpado com honras. O pobre do homem também é backing vocal, faz arranjos no teclado e único guitarrista da banda. Ou seja, ele obviamente estava sobrecarregado de tarefas.
Vejo essa música em primeiro lugar pois esse solo possui todos os defeitos que todos os outro 9 colocados também tem: má escolha de timbre, falta de construção e percepção da musicalidade. Enfim, tudo que já citamos antes. Da mesma forma que vemos esse solo desta maneira, o mundo o recebeu muito bem, é premiadíssimo e foi uma sensação americana nos anos 80. Já o solo... bem, confira e tire suas conclusões:
Pessoal, lembrem-se: o intuito desse artigo é gerar discussões amigáveis, debates e colocações com uma boa base teórica. Todos os escolhidos são bandas de sucesso, que não devem provar nada a ninguém, jamais uma lista poderá tirar seus méritos e tudo que conquistaram e construiram ;)
Por essa semana é isso pessoal, forte abraço e STAY HEAVY \../
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