Ao longo dos últimos 10 anos, a cena mundial assistiu a ascensão de inúmeras bandas novas de Death Metal nos Estados Unidos. Muitas dessas bandas não restringiram-se a seguir os caminhos mais convencionais desse subgênero, optando por adicionar algumas influências diferentes e gerando uma certa resistência por parte dos fãs mais radicais. Tanto que é comum ver algumas dessas bandas sendo erroneamente associadas ao popular Deathcore, que alcançou seu apogeu no início da década atual. The Black Dahlia Murder foi uma dessas bandas que expandiu os horizontes com um Death Metal melódico bem distante dos clichês e com muita identidade própria.
"Everblack" foi o nome escolhido para o 6º álbum de estúdio da banda de Waterford, Michigan. O lançamento é um passo adiante em relação ao trabalho anterior, "Ritual", de 2011. É aquele tipo de álbum que basta você dar o play na primeira música e depois apenas curtir toda a sua brutalidade ao longo das 10 faixas. Em "Everblack" temos um peso intenso do início ao fim, canções que conseguem ser diretas e tecnicamente complexas ao mesmo tempo, tudo na medida certa e sem exageros.
Logo na primeira faixa, "In Hell Is Where She Waits For Me", já dá para ter uma noção que aqui a coisa é brutalidade o tempo inteiro. "Goat Of Depature" segue a mesma linha, com destaque especial para os blast beats do novo baterista da banda, Alan Cassidy (ex-Abigail Williams), certamente um dos melhores do metal extremo na atualidade. As duas canções que abrem o álbum também ressaltam outra grande qualidade do Black Dahlia: as letras bem elaboradas com temáticas de horror e suspense, muitas vezes inspiradas em obras de H.P. Lovecraft. Certamente, um diferencial que vale como atrativo a mais para quem curte sua música.
Em "Into The Everblack" o peso segue, mas no meio da canção temos um trecho com guitarras mais melódicas e teclados que dão um clima grandioso para a faixa. É inegável o fato de que é um dos destaques do petardo, isso para não dizer que podemos considerá-la uma das melhores músicas lançadas em 2013. "Raped In Hatred By Vines Of Thorn" e "Phantom Limb Masturbation" seguem a mesma linha de agressividade intercalada por melodias marcantes dos guitarristas Brian Eschbach e Ryan Knight.
Em "Control" nos deparamos com um breve momento de peso cadenciado que depois é acelerado pelo pedal duplo de Cassidy. Ainda temos um dos melhores solos de guitarra do álbum em "Control", além do espetacular dueto de guitarras próximo ao fim. "Blood Mine" é curta e vai direto ao ponto, sem frescuras. Mas é na faixa seguinte que o ouvinte é conquistado de vez pelo álbum, com "Every Rope A Noose", outro destaque de "Everblack". Um peso absurdo, destruição total! Isso sem contar o vocal sobre-humano de Trevor Strnad, literalmente apavorante o que ele fez nessa que é uma das melhores faixas do trabalho.
Para encerrar temos "Their Beloved Absentee" e "Map Of Scars", duas canções que seguem a linha tradicional da banda, ou seja, muito peso, agressividade e melodias bem trabalhadas. Vale ressaltar que "Their Beloved Absentee" tem uma letra bem criativa e interessante. E eu sei que parece estranho alguém dar atenção para letras de uma banda onde parece impossível entender o que o vocalista está cantando, mas é que o Black Dahlia realmente é uma excessão. A banda tem conteúdo e acho importante destacar isso.
Pode não ser o melhor álbum do The Black Dahlia Murder, ainda mais considerando que "Nocturnal" (2007) e "Miasma" (2005) são duas pérolas que dificilmente serão superadas. Mesmo assim, "Everblack" não é um álbum que deve passar despercebido, pelo contrário, marca um passo adiante na carreira da banda e é obrigatório para quem curte um som extremo bem trabalhado. Forte candidato para listas de melhores do ano!
Nota: 4,5
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