Uma banda de garagem, surgida de uma conversa entre amigos, que se reuniu para tocar os clássicos do thrash metal. A história, que poderia ser o início de inúmeras bandas por aí, também é da santa-mariense Human Plague, que aos poucos vem ganhando espaço nos palcos gaúchos e deixando para trás o estigma de banda do interior que não consegue conquistar representatividade na cena de um estado.
Formada em outubro de 2011, a banda já tocou em inúmeras cidades pelo estado, como Porto Alegre, São Leopoldo e São Sepé, sem deixar de ser presente nos festivais que rolam por Santa Maria. Alguns desses, eventos já consagrados dentro do underground, como o Obscure Faith Festival e o Storm Festival, sempre ao lado de boas bandas.
Segundo a
própria Human Plague, as influências são diferentes de cada
membro, o que talvez justifique o som único da banda e o que,
segundo eles, torna interessante o trabalho durante a criação das
músicas, pois cada um traz referências distintas. Dentre as bandas,
eles citam Sepultura, Slayer, Amon Amarth, Deicide, Sarcófago,
Burzum, Dark Throne e outras, passando pelo hardcore, death, thrash,
black metal e até mesmo outros estilos.
Durante o processo de ensaios e composições, a banda mesclou ao clássico thrash metal o peso do death metal nas composições próprias, e é isso que poderemos conferir no primeiro EP da banda, o "Marching Through the Fields of Desolation", que deve sair em breve. Mas, enquanto o EP não sai, a banda lançou hoje o single de estreia "Below the Nothingness". Confere aí:
ALL THAT METAL - A Human Plague é
uma banda nova, mas que já é bem representativa na cena gaúcha. Ao
que vocês acreditam que se deve isso?
HUMAN PLAGUE - É até
uma surpresa ouvir que a banda é representativa na cena gaúcha. Até
acho que dentro de Santa Maria ela tem aparecido, pois atualmente são
poucas as bandas de metal na ativa por aqui. Mas que bom que estamos
sendo reconhecidos pelo estado! Hehe
Acredito que esse
reconhecimento se deva ao nosso trabalho constante em sempre tentar
fazer o melhor possível nos shows. Como ainda não temos nenhum
lançamento, fica difícil das pessoas conhecerem a banda. O que
ajuda nesse reconhecimento é também a troca de contatos e a
parceria com as bandas com quem tocamos nos eventos.
ATM - Em Santa Maria há
festivais de metal extremo bem representativos e tradicionais, como o
Obscure, que vocês inclusive já tocaram. Quanto as outras cidades
que vocês já tocaram, vocês sentem alguma diferença em tocar "em
casa" (onde o público em geral já conhece o trabalho de vocês)
para outras cidades e como vocês veem a aceitação da banda nestes
lugares?
HP - Santa
Maria é especial por ser a “casa” da banda. Quando tocamos por
aqui, sempre tem a presença de amigos e conhecidos, o que é legal.
O interessante de tocar em outras cidades é poder ter contato com
pessoas que ainda não conhecem a banda, poder mostrar nosso trabalho
e quem sabe ter esse reconhecimento do público. A aceitação tem
sido boa, com diversas pessoas que nos viram tocar entrando em
contato. Além disso, conhecer a galera de outras bandas é muito
positivo, pois além de fazer novas amizades, surgem bons contatos
para shows, por exemplo, como havia mencionado na resposta anterior.
ATM - Santa Maria é uma
referência para o metal extremo no sul do país, por bandas como a
Serpent Rise, que de certa forma trouxe o doom metal ao Brasil e
outras, mas a maioria delas está inativa. Vocês são uma das poucas
bandas em atividade de metal extremo na cidade, ao que vocês
acreditam que se deve essa baixa, que também é perceptível em
outras cidades?
HP - Santa
Maria realmente sempre teve ótimas bandas de metal, não só entre
as mais extremas. Bandas como Serpent Rise, Damage , Swampy, Souls
Gallery, Thy Devise, Scarpast (única dessas ainda na ativa), entre
diversas outras. Acredito que um dos motivos das bandas não durarem
muito é por Santa Maria não “segurar” as pessoas aqui. É uma
cidade universitária, normalmente de passagem, então o pessoal fica
um tempo, forma uma banda, e depois vai embora, encerrando as
atividades. Vejo esse mesmo problema em cidades menores, onde a
gurizada começa uma banda, depois acaba saindo da cidade, em busca
de estudo ou trabalho e também encerra as atividades da banda. Mas
isso não é regra, vemos boas bandas que estão há anos firmes
fazendo seu som, onde quer que seja, o que é ótimo!
Como várias coisas da
vida, é um ciclo. Durante um tempo tem diversas bandas na ativa,
depois fica um tempo com a cena meio estagnada, depois volta a ter
movimentação, e por aí vai... Acho que é normal isso, mesmo não
sendo o melhor.
Isso inclusive
aconteceu com as bandas de origem de alguns integrantes da Human
Plague. O André tocava na Brutaldeth, em Caçapava, que encerrou as
atividades, pois cada integrante foi para um lado. O mesmo aconteceu
com as bandas de origem do Cássio e do Marcelo. Os dois tocavam
juntos em São Gabriel, na Anymore e na Verminose, e nenhuma existe
mais há bastante tempo.
ATM - De onde surgiu a
inspiração para Below the Nothingness e quem é responsável pelo
single?
HP - Essa foi
a primeira música composta pela banda, no final de 2011, ainda com
poucos ensaios de vida. O Marcelo (guitarrista) levou uns riffs no
ensaio, meio tímido pra mostrar o que tinha feito, e começamos a
trabalhar na música. O Armani (baterista) tinha algumas letras
prontas já, e a intitulada “Sem deuses nem demônios” encaixou
bem no som. Durante a gravação do EP, o Ricardo (produtor) deu a
ideia de gravarmos ela em inglês. Seria somente ela em português,
diferenciando das demais, além de que foi a música que ele mais
gostou do trabalho, e não curte vocal gutural cantando em português
hehe.
Decidimos gravar ela
nas duas versões, e achamos que a em inglês ficou muito boa.
Tínhamos escolhido outra música para ser o single de prévia do EP,
mas gostamos tanto da música que decidimos lançar ela. E a versão
em português sairá como bônus no EP.
Quanto ao nome da
música, ainda não tínhamos definido o da versão em inglês. A
tradução direta do nome original não tinha ficado interessante.
“Below the nothingness” é uma frase presente na letra da música,
e que tem um significado forte, representando que estamos abaixo do
nada, que não há porque perder tempo rezando, pois não há ninguém
para ‘escutar’.
ATM - Embora vocês
façam alguns covers nos shows, é perceptível a preocupação em
apresentar composições próprias Como é esse processo para vocês?
Cada um faz sua parte ou é algo em conjunto?
HP - Sempre
tivemos essa intenção de mostrar o nosso trabalho, focando em
composições próprias. Ensaiamos uma vez por semana, e normalmente
trabalhamos em músicas novas durante os ensaios. Alguém leva algum
riff (geralmente o Marcelo), e começamos a montar a música. Criamos
algumas partes durante o próprio ensaio ou então deixamos incubando
um tempo, e para a próxima semana levamos outras partes para a
música.
Outro meio para a
criação das músicas é quando nos reunimos pra jogar videogame e
fazer um som. Assim, temos mais liberdade de tempo para criar e
testar riffs, e também há maior participação da banda toda.
Aproveitamos também para escrever letras ou encaixar nas músicas as
letras que já temos escritas. É um ótimo método de criação,
pois assim já chegamos no ensaio com a música praticamente pronta.
ATM - Quem acompanha
vocês pelo Facebook já teve alguma prévia das gravações do que
está por vir. Como foi esse lance de ir pra estúdio para vocês?
HP - Foi um
processo muito interessante, pois de todos da banda, só o Armani já
tinha gravado em estúdio. Foi tudo novidade hehe. A gente tinha
planejado ir pra Porto Alegre gravar no Hurricane, mas como não
tínhamos nenhuma experiência, ia acabar dando errado e íamos
gastar demais a toa. Depois, pensamos em fazer uma gravação de
ensaio bem feitinha, mas ainda não era o ideal. Logo depois de
tocarmos no Obscure, o Ricardo nos procurou para conversar a respeito
da gravação. Mostrou uns sons que ele já tinha feito e fechamos
com ele. O Ricardo foi realmente muito competente, atencioso e
principalmente paciente durante a gravação. Deu dicas legais em
algumas músicas. Enfim, recomendamos o trabalho do cara!
Foi realmente muito
válido o processo, pois serviu como aprendizado.
ATM - E quanto ao que
está por vir, o que o público pode esperar do EP "Marching
Through the Fields of Desolation" que sairá em breve?
HP - O EP
está com uma qualidade muito boa, superou muito as nossas
expectativas. Esperamos que todos gostem tanto quanto nós. Há
músicas com diferentes “climas”, cadenciadas ou mais rápidas.
Pra quem já conhece o nosso som, vai poder conferir as músicas com
uma gravação boa, diferente das toscas gravações de ensaio que
divulgamos de vez em quando. E pra quem ainda não conhece a banda,
esperamos que o material agrade e que nos dê oportunidades de
participar de mais evento e divulgar nosso trabalho.
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