Todos os anos acompanhamos dezenas de bandas nascerem no underground para logo depois encerrarem suas atividades pelos mais diversos motivos. Poucos conseguem ter profissionalismo e dedicação para levar adiante um trabalho sério e estabelecer seu nome no cenário nacional. Sendo assim, é louvável e digno de destaque quando uma banda produz música com personalidade e forma uma boa base de fãs, gerando reconhecimento como consequência de um bom trabalho. Esse é o caso da banda Save Our Souls, formada em Porto Alegre e que desde sua estreia nos palcos, em 2009, vem afirmando-se como um dos grupos mais promissores do gênero.
A Save Our Souls conseguiu conquistas muito importantes desde o início de suas atividades. Em 2011, lançaram seu primeiro registro em estúdio, um EP batizado como "Find The Way", contendo 4 faixas que mostram todo o poder e técnica do quarteto. Em tempos de saturação no cenário nacional, a Save Our Souls conseguiu criar algo inovador através de suas influências de Prog e Gothic Metal. Agora o grupo prepara-se para voltar ao estúdio e finalizar seu primeiro full-length, que já recebeu o título de "Soul Domination".
Atualmente, a banda conta com Melissa Ironn (vocal e teclado), Marlon Lago (guitarra), Jackson Harvelle (baixo) e Andrêss Fontanella (bateria). Não vou negar, sou suspeito para falar da banda e o talento de seus integrantes, pois acompanho a carreira da Save Our Souls desde sua abertura para Paul Di'Anno, em 2009. Depois disso a banda já realizou outros feitos que marcaram sua carreira e é motivo de orgulho, como o show que abriram para o Kamelot e, mais recentemente, a apresentação com o Nightwish em dezembro do ano passado.
Conversamos com Andrêss e Jackson sobre os planos para o futuro da banda, o crescente reconhecimento e muitos outros assuntos. O resultado da entrevista você confere agora mesmo! Assista também vídeos da abertura para o Nightwish ao final do post.
ALL THAT METAL: Olá pessoal, como estão? Em primeiro lugar, gostaria que vocês contassem um breve histórico da Save Our Souls aos nossos leitores.
ANDRÊSS FONTANELLA: A Save Our Souls começou comigo, Marlon e a Melissa por volta de 2006. Em 2009 nos sentimos seguros o suficiente como banda para começarmos a fazer shows e já tínhamos um baixista, Cassiano Diesel, fizemos muitos shows inclusive o festival Zeppelin In Concert e a abertura do show do Paul D'ianno. Terminamos o ano gravando o nossa EP, "Find the Way". Em 2010, abrimos os shows do Hangar e do Soulspell Metal Opera com o Tierramystica, sendo esse último feito em Ijuí e Porto Alegre. 2011 foi o ano que abrimos para o Kamelot onde lançamos oficialmente o EP "Find the Way", nesse ano também tivemos a primeira baixa na banda com a saída do Cassiano e a entrada do Andi Castro na banda, que também acabou saindo um tempo depois. Em 2012 nos focamos em começar as composições para o nosso primeiro CD, nesse ano também tivemos a entrada do nosso atual baixista, Jackson Harvelle. Logo em seguida tivemos o convite para o show de abertura do Nightwish. Atualmente estamos nos focando em terminar as composições para em agosto entrar em estúdio e começar a gravação do CD.
ATM: A Save Our Souls tem um som bem diferenciado que consegue agregar várias influências. Mas como vocês mesmos definem essa sonoridade além dos rótulos?
FONTANELLA: Eu pessoalmente não gosto de colocar rótulos, mas é muito difícil hoje em dia não se rotular algo. Por mais diferente que seja, a melhor maneira que encontramos de definir o nosso som é como Symphonic/Prog Metal, muito porque as influências na banda são bem variadas. Eu escuto muito bandas de Prog, Alternativo e Death Prog. O Marlon escuta muito metal clássico, Thrash e New Metal, e a Vivian e o Jackson transitam entre o Symphonic e Prog Metal. Dentro disso tentamos sempre manter um equilíbrio na hora de compor.
JACKSON HARVELLE: É interessante porque pode-se dizer que os membros da Save Our Souls tem gostos musicais muito diferentes uns dos outros. Desta forma o momento de compor é sempre muito rico, porque todos tem ideias diferentes, então a diversidade de possibilidades é muito grande! Filtramos as ideias que achamos que combinam com o tema ou o clima da musica, as vezes modificamos quase no final ou mesmo com a musica já pronta, pensando sempre no melhor para os ouvidos do público.
ATM: Já faz algum tempo agora que o EP "Find The Way" foi lançado. Como foi a recepção por parte de público e imprensa?
HARVELLE: É sempre muito bom receber criticas construtivas sobre nosso trabalho, pois nos ajudam a melhorar a forma com que a banda soa. Incrivelmente o EP "Find The Way" foi sempre muito bem comentado e aplaudido, de forma que nos impulsiona para frente e nos deixa com mais vontade de continuar!
ATM: Até onde eu sei, a banda já está trabalhando em músicas para um próximo lançamento. Como tem sido o processo de composição? Acredito que a banda está levando seu som além do que já foi apresentado em "Find The Way", certo?
FONTANELLA: Com certeza, vamos mostrar uma Save Our Souls bem diferente da Save Our Souls de "Find the Way". Houve uma evolução musical bem evidente na banda e uma busca por um diferencial, eu acredito que estamos conseguindo alcançar esse diferencial aos poucos, construindo um estilo próprio. Em relação ao processo de composição, estamos quase no fim e está sendo ótimo, estamos muito satisfeitos com as músicas e o fator do Jackson estar participando do processo de composição, dando ideias novas nas composições e inclusive contribuindo nas letras, está sendo muito legal.
HARVELLE: Sim, a banda está passando por um processo criativo muito interessante e me atrevo a dizer que a banda jamais passou por um período de conexão tão forte, no que diz respeito tanto musicalmente quanto pessoalmente. Acho que é a melhor combinação que uma banda pode ter, se os músicos estão conectados de fato como companheiros, sem dúvida alguma o resultado disso é um clima extremamente leve e intenso ao mesmo tempo. Posso dizer, com certeza, de que as composições estão muito mais maduras e que vão acrescentar muitas coisas boas ao já conhecido “Find The Way”. Tenho que dizer que pessoalmente me sinto muito afortunado por ter esses meus parceiros como membros deste majestoso sonho, cada um agrega de formas que indiscutivelmente definem o som da S.O.S. Marlon geralmente traz as ideias dos riffs, eu e o Andrêss geralmente damos o andamento e criamos os ritmos das músicas. E o que dizer sobre a nossa frontwoman Melissa, não canso de dizer que sem dúvidas foi a musicista mais espetacular com quem já tive o prazer de tocar, tem uma memoria, criatividade e o feeling que na minha opinião é o que causa o efeito das nossas composições, é a brisa da tempestade se é que me entendem, consegue criar linhas vocais intensas, com teclados mais intensos ainda e em uma dosagem perfeita!
ATM: Tem alguma previsão de quando pode ser gravado e lançado?
FONTANELLA: Temos sim, vamos começar as gravações do CD em agosto, no UFO estúdio em Capão da Canoa, pretendemos lançar talvez no começo do ano que vem.
HARVELLE: Sim, estamos muito felizes em anunciar que antes do fim do 1º semestre de 2014 o primeiro Full Length intitulado “SOUL DOMINATION” será lançado e as gravações começam em agosto. Será gravado no estúdio da UFO PRODUTORA em Capão da Canoa/ RS.
ATM: Quanto as letras do álbum, existe algum tipo de conceito por trás delas? Quais os temas que a banda costuma abordar?
HARVELLE: Sempre procuramos escrever letras que levam a algum tipo de reflexão, sendo assim usamos sempre questões de nosso próprio dia-a-dia. Algumas letras são escritas por mais de um membro, depende do quão conectado o musico sente-se em escrever, como eu sempre tive uma relação praticamente de irmão com os membros da S.O.S, acabei por escrever a letra da faixa de encerramento do CD.
FONTANELLA: Normalmente abordamos assuntos variados, que vão desde experiências pessoais até histórias fictícias, essa última sendo no meu caso quando escrevo alguma letra. Mas queremos sempre que as nossas letras gerem alguma reflexão para a pessoa que está lendo, principalmente porque a letra é tão importante quanto a música.
ATM: Imagino que muitos fãs aguardam por um vídeo oficial da banda. Vocês já tem planos para gravar algum para um das faixas novas?
FONTANELLA: Temos sim, esperamos conseguir gravar antes do lançamento oficial do CD, provavelmente faremos um clipe da faixa "Soul Domination".
HARVELLE: Sim, temos a ideia de fazer um vídeo oficial e provavelmente será produzido antes do termino da produção do “Soul Domination”.
ATM: A banda já tem um currículo invejável de shows que abriu para grandes nomes como Kamelot e Nightwish. Contem como foram essas experiências. Jackson, seu primeiro show na banda para um público maior foi justamente com o Nightwish, conte-nos o que isso representou para você como músico.
HARVELLE: Esse é um assunto que me arrepia sempre que falo, sem dúvida nenhuma, foi a experiência mais rica em sentimentos misturados ao mesmo tempo que já passei. Melhor ainda foi realizar este sonho com os meus brothers de banda! Foi emocionante, ainda me emociono muito quando assisto aos vídeos de abertura. O Nightwish foi a banda que me impulsionou a pegar o contrabaixo e começar a estudar, era o tema da minha primeira banda, então sem dúvidas foi a realização de um sonho, um sonho que sempre tive, porém nunca me passou pela cabeça que fosse acontecer tão rápido e da forma que aconteceu.
ATM: Todos sabemos que a base de uma banda é justamente o baixo e a bateria. Então pergunto a vocês: como é um entrosamento da cozinha da Save Our Souls, tanto nos shows quanto na hora de trabalhar em músicas novas?
HARVELLE: Acho que a química é essencial para qualquer relacionamento (risos) e eu e o Andrêss nos damos muito bem, justamente por um gosto que temos em comum que é o Prog Metal (Dream Theater, Symphony X, Rush, Circus Maximus). Então os momentos de criação de ritmos são incríveis, justamente porque colocamos além de muito feeling toda a nossa influência nas linhas que estamos criando! E é claro, ajuda muito o fato de que o Andrêss é um baterista monstruoso, a mente do cara é um enigma, sempre muita ideia legal rolando ali e é um fato que essas coisas refletem diretamente no produto final!
FONTANELLA: É ótimo!!!! É sempre uma honra trabalhar com uma pessoa como o Jackson, ele é um ótimo músico e extremamente criativo, além de ser uma pessoa super fácil de lidar. Um fator que também torna a relação na hora de compor tão fácil é porque escutamos muitas coisas parecidas, como Dream Theater, Symphony X, Rush, o que acaba fazendo com que na hora compormos apareceram muitas ideias parecidas.
ATM: Considerando que a banda já está na atividade por um certo tempo, já conhecem muito bem a cena do underground gaúcho. O que vocês acham que essa cena tem de melhor e o que ainda precisa melhorar para as bandas?
FONTANELLA: A cena gaúcha possui grandes bandas com Scelerata, Tierramystica, Distraught e Hibria, que servem como exemplo de que se você se esforçar no seu trabalho pode alcançar coisas grandes. Vejo que cada vez mais há uma movimentação maior para as bandas se ajudarem, divulgarem mais os seus trabalhos e fazerem mais shows tanto aqui no sul quanto no eixo Rio-São Paulo. Infelizmente, ainda existem muitas situações que devem mudar, como descaso com o trabalho do músico por parte de produtoras, casas de shows e as próprias bandas que não valorizam o seu trabalho.
HARVELLE: Percebo que as bandas estão se movimentando mais para divulgar o trabalho em grupo, estão mais unidas, produzindo festivais, ensaios de rua e uma porção de eventos que visam divulgar o máximo possível de bandas. Acho que temos grandes nomes já no metal gaúcho que devem sim ser usados como exemplo para que as bandas não desistam. Temos como exemplo Hibria, Tierramystica, Scelerata, Distraught e tantas outras que estão sempre buscando formas de enriquecer o nosso “menu” de bandas, com álbuns incríveis, DVD’s, show magníficos, então o meu recado para os nossos amigos de bandas é “não desistam”, lutem e principalmente valorizem as horas de estúdio que gastam, valorizem as passagens que gastam para ir ensaiar. Sou da opinião que se as bandas pensassem que as casas de shows só funcionam porque dependem delas, então não teríamos mais músicos com sede durante um show porque a casa não disponibiliza muitas vezes nem o básico para as bandas. Enquanto tocar de graça for um hábito, as bandas continuarão a ser desvalorizadas. E principalmente as bandas que já possuem trabalhos autorais são as que mais perdem com isso, porque geralmente são aquelas que já procuram tocar em lugares que pagam cachê, que tenham uma boa estrutura, um bom back line. O mais incrível disso tudo é que infelizmente os donos de casas e produtoras ainda tem o pensamento de “se vocês não querem, tem outra banda que toca e não cobra”, em quanto esse tipo de pensamento perdurar e pior ainda ser aceito pelas bandas, cada vez mais produtoras e casas de shows enriquecem e as bandas que realmente tem o intuito de levar um trabalho sério vão parando aos poucos, porque gastar uma fortuna produzindo um álbum, marketing, artes, material e ainda ter que receber propostas que eu chamo de indecorosas. É uma puta de uma sacanagem!
ATM: Ainda sobre a cena, eu notei que a Save Our Souls é o tipo de banda que pode ser inserida em várias meios. Por exemplo, geralmente bandas de Death ou Black acabam realizando shows e festivais apenas com outros grupos do mesmo gênero. Mas a Save Our Souls pode-se encaixar em vários contextos diversos, vocês concordam? Consideram isso uma vantagem?
HARVELLE: Isso é sem dúvidas uma coisa muito legal que ocorre com nós, justamente por causa dos elementos da banda, como guitarras agressivas, cozinhas com trechos intrincados, vocais líricos e guturais, teclados intensos, é que temos este espaço entre estes festivais e shows. Hoje nos sentimos muito seguros de tocar em qualquer tipo de festival, pois sentimos que não deixamos espaço para dúvidas durante um show da S.O.S, as pessoas que vão buscando agressividade certamente encontraram em músicas como “Web Of Lies" e "The Judgement Day”, aquelas que procuram linhas mais suaves encontram isso em faixas como “The Sound Of Heart" e "Find The Way“ e por aí vai. Inclusive temos como hábito de sempre incluir um ou dois covers durante o show, que geralmente são escolhidos a dedo para determinado tipo de festival. Temos consciência de que é muito difícil agradar a todos, mas se conseguirmos atingir a grande maioria, já saímos extremamente satisfeitos do palco!
FONTANELLA: Pois então, isso ocorre muito pelo fato de que como adicionamos muitas influências no som da banda, conseguimos atingir públicos diversificados. O que pessoalmente me deixa muito orgulhoso, pois é muito legal ver uma pessoa que curte Thrash ou Death Metal elogiando o trabalho da banda e falando que curtiu o nosso som. E eu não diria exatamente que isso é uma vantagem, isso é sim o resultado do trabalho que temos com o direcionamento musical da banda. Outro fator que pensamos muito na hora de tocar em festivais são os covers, sempre escolhemos covers direcionados mais ao público do tipo de festival que vamos tocar.
ATM: Por favor, me digam o que tem tocado na playlist de vocês? Seja na frente do PC ou no celular, só que não digam as bandas óbvias, gostaria de saber os sons que vocês escutam e que não tem nada a ver com a Save Our Souls.
FONTANELLA: Tenho escutado muitas coisas, como Two Steps From Hell, trilhas sonoras de filmes e jogos, o último CD do Devin Townsend e o último do Lamb Of God.
HARVELLE: Nas últimas semanas tenho escutado o último álbum do Oficina G3 – "Histórias e Bicicletas", uma banda da Finlândia também chamada Amoral e aguardando ansiosamente pelo próximo álbum do Dream Theater (risos).
ATM: Pessoal, valeu pela atenção. Fica o espaço para vocês para deixarem uma mensagem aos nossos leitores e aos fãs da banda.
FONTANELLA: Queria agradecer pelo convite para esta entrevista, agradecer a todas que tem nos ajudado nessa caminhada e a todas as pessoas que tem curtido nosso trabalho, vocês nos dão força para continuar. Quero dizer também que logo logo estaremos anunciando novidades bem legais da banda, fiquem ligados pois os resultados estão ficando ótimos e estamos loucos para divulgar as novidades para vocês. Novamente muito obrigado e um abraço!!!!!!
HARVELLE: Galera, a Save Our Souls está trabalhando duro e pedimos que aguardem os próximos meses. O material está magnifico, as artes da banda estão incríveis, as músicas estão magnificas e em breve anunciaremos muitas novidades para vocês! Um Abraço do Jackson Harvelle e Keep Saving Our Souls!
LINKS DA SAVE OUR SOULS:
Confira os vídeos da apresentação com o Nightwish:
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