Esse é o segundo de uma série de reviews que estamos postando do novo álbum do Black Sabbath. Para ler todas as resenhas, clique na tag review 13.
Falar sobre o novo álbum do Black Sabbath é uma tarefa mais difícil do que vocês pensam. A primeira reação óbvia que alguém tem ao escutar "13" é uma grande empolgação, afinal de contas, a espera por um trabalho de estúdio foi longa. Muitos fãs nem eram nascidos quando Ozzy Osbourne ainda integrava a banda nos anos 70. Mas fazer uma resenha do disco é algo que requer uma audição mais cautelosa, a emoção deve ficar de lado por alguns instantes para a razão sobressair-se e a avaliação ser a mais justa possível.
É inegável o fato de que "13" é um ótimo trabalho, superou muitas expectativas e impressionou até os fãs mais pessimistas. Ainda assim, não acredito que deve ser um álbum elevado ao status de clássico instantâneo, por favor, vamos conter os exageros. É simplesmente o som típico do Black Sabbath, sem mais nem menos. Tony Iommi segue criando riffs simples e magníficos, daquela maneira totalmente única e característica que ele evoluiu em mais de 40 anos de carreira. A presença marcante do baixo de Geezer Butler é um diferencial em "13", possivelmente uma das melhores perfomances já apresentadas em um disco do Sabbath. Vale lembrar que Butler também foi responsável pelas letras das canções, outra função bem desempenhada pelo mestre das 4 cordas.
E o Ozzy?! Bem... o Ozzy? Ah, é 2013! Já existe o Auto-Tune. Falando sério: não adianta negar, Ozzy é muito mais um showman do que um vocalista mesmo. Mas tudo bem, ele é Ozzy Osbourne, fuckin' Prince Of Darkness, não precisa provar nada para ninguém e não vai ser a minha opinião que vai mudar sua imagem. É óbvio que ele deu muito trabalho para os engenheiros de som do estúdio, basta assistir os vídeos recentes da banda ao vivo. Ainda assim, seu timbre característico faz o Sabbath soar novamente como foi na década de 70, com aquele clima sombrio e embalado por riffs influenciados por Blues.
O álbum abre com "End Of Beginning" e "God Is Dead", as duas faixas que foram apresentadas aos fãs antes do lançamento de "13". É um ótimo começo para os 53 minutos que temos pela frente, ambas trazem o velho som que popularizou o Sabbath, lembrando um pouco os dois primeiros álbuns dos ingleses. A primeira começa com um peso arrastado que conduz a um trecho mais calmo e sombrio, para depois despejar os riffs sensacionais de Iommi com uma levada que alterna entre momentos mais rápidos e outros levemente cadenciados. "God Is Dead" é uma síntese de tudo que o Sabbath sempre foi com Ozzy nos vocais, começa lenta para depois trazer riffs mais pesados ao ouvinte.
Em "Loner" temos alguns momentos mais influenciados por Blues, influência evidente para Iommi desde a formação da banda. Chama muita atenção nessa faixa o momento com guitarras mais limpas, nada impressionante mas muito bem sacado. No geral, "Loner" é um dos melhores momentos de "13" e de fácil assimilação por parte do ouvinte. "Zeitgeist" vem na sequência e aqui cabe um comentário desagradável: por qual motivo eles decidiram gravar uma nova "Planet Caravan"? Até a duração de "Zeitgeist" é quase a mesma do clássico presente em "Paranoid"! Não é música ruim, muito longe disso, é apenas desnecessária. Honestamente, seria muito mais interessante se essa música fizesse parte de "The Devil You Know", considerando que o vocal de Ozzy simplesmente não combinou direito com o instrumental de "Zeitgeist".
Dando continuidade ao peso arrastado que permeia boa parte do lançamento, temos "Age Of Reason", mais uma vez marcada pelos riffs de Iommi. Destaque especial para os teclados que dão um clima grandioso em certos momentos e o belo solo ao final da música. Já "Live Forever" é quase um single pronto, música que facilmente vai ser lembrada pelos fãs e cantada em massa nos shows da banda.
Em minha singela opinião, "Damaged Soul" é a melhor canção de "13", de longe a melhor composição. Mais uma vez as guitarras com aquela pegada blueseira, Butler destacando-se com ótimas linhas de baixo e uma harmônica cromática (vulgo gaita de boca) mandando ver alguns bends. Absurdamente épica! Fechando o álbum temos "Dear Father", que segue quase a mesma linha das faixas de abertura, alternando entre momentos com um peso mais lento e outros trechos mais harmoniosos. Detalhe: os instantes finais do disco são exatamente iguais ao início do álbum de 1970 que deu origem ao Heavy Metal.
Confesso que fiquei impressionado com o trabalho de produção de Rick Rubin, pois todos os trabalhos que escutei dele nos últimos anos deixaram a desejar em muitos aspectos. Já o baterista Brad Wilk (Rage Against The Machine, ex-Audioslave) poderia ter feito melhor, na minha opinião, ele fez exatamente o que foi requisitado. Acredito que está aquém de sua habilidade, é um baterista experiente que poderia ter contribuído para dar ainda mais personalidade às músicas. Quem sabe Tommy Clufetos consegue dar mais peso nas baquetas quando as faixas de "13" forem executadas ao vivo.
Enfim, o álbum é ótimo, isso é inegável. É Sabbath puro e não consigo imaginar como isso não poderia agradar em cheio aos fãs. Mas ainda acredito ser um exagero colocá-lo em um pedestal e considerá-lo um clássico da banda. Se tocarem apenas duas ou três músicas de "13" no show de outubro em Porto Alegre, já está ótimo. Além do mais, o ano de 2013 tem nos proporcionado uma série de ótimos lançamentos, para mim ao menos, vai ser bem difícil o disco estar entre os melhores.
Nota: 4
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