Especial Angra pt.2: Angels Cry

quarta-feira, 10 de julho de 2013


Clique aqui para ler a primeira parte do Especial Angra (matéria sobre Fabio Lione).
Clique aqui para conferir a entrevista exclusiva com Rafael Bittencourt para o ATM. 
Clique aqui para saber como foi o show de Andre Matos tocando "Angels Cry" na íntegra em Porto Alegre (inclui galeria de fotos exclusivas).

No dia 1º de agosto o Angra deve apresentar-se no palco do Bar Opinião, em Porto Alegre, em sua turnê comemorativa com Fabio Lione nos vocais. O evento é uma produção da Abstratti Produtora e Urânio Produtora, e se você ainda não adquiriu seu ingresso CLIQUE AQUI para todos os detalhes. O All That Metal está realizando uma série de posts especiais sobre o Angra com o intuito de preparar os fãs para esse grande evento. Na primeira parte falamos sobre a carreira de Fabio Lione. A segunda parte acabou sendo adiada devido a entrevista exclusiva com Rafael Bittencourt que publicamos. Hoje o especial está de volta e vamos falar sobre o debut da banda, "Angels Cry". Confira os detalhes sobre a gravação do disco, as participações especiais e várias curiosidades que envolvem o primeiro trabalho de uma das maiores bandas brasileiras de Heavy Metal. 



Considerado um dos maiores clássicos da história do Metal nacional, "Angels Cry", álbum de estreia do Angra, foi originalmente lançado em 1993 pela Rising Sun Records. O produto foi resultado de alguns anos de trabalho em cima de composições capazes de expressar a ideia inicial da banda: o peso do Heavy Metal misturado com ritmos brasileiros e a técnica da música erudita. A proposta teve origem em 1991, quando Andre Matos, Rafael Bittencourt e Andre Linhares se conheceram na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, onde os três cursavam composição e regência. Andre Matos havia deixado o Viper no ano anterior, enquanto Rafael Bittencourt acabara de retornar dos Estados Unidos com o intuito de formar uma super banda.
A primeira amostra do vindouro debut do Angra apareceu em 1992, com a demo "Reaching Horizons". Na época, a banda já contava com o guitarrista Kiko Loureiro, o baixista Hugo Mariutti e o baterista Marco Antunes. O trabalho contava com 6 faixas (e mais duas bônus) e foi totalmente produzido de forma independente. Na verdade, nem todas as canções da demo acabaram indo para o primeiro álbum, faixas como "Reaching Horizons" e "Queen Of The Night" só foram lançadas com uma produção melhor no EP "Freedom Call", em 1996. Faixas que estiveram presentes no primeiro registro profissional incluem "Carry On" (em uma versão com "Unfinished Allegro" no início), "Angels Cry", "Evil Warning" e "Time". Todas podem ser escutadas em versões mais rústicas e não tão polidas quanto no álbum de estreia. A demo ainda tem uma versão mais rápida de "Wuthering Heights" e "Don't Despair", uma canção visivelmente influenciada por Iron Maiden e que foi regravada por Andre Matos em seu segundo álbum solo, "Mentalize" (2009).

 

Em meados de 1993 a banda viajou para Hannover, Alemanha, para gravar seu primeiro álbum. Pouco antes, o baterista Marco Antunes deixou a banda. Para assumir as baquetas no primeiro trabalho a banda chamou Alex Holzwarth, que na época estava no Sieges Even e hoje integra o Rhapsody Of Fire ao lado de Fabio Lione. Apenas "Wuthering Heights" não foi gravada por Holzwarth, a faixa ficou por conta de Thomas Nack (Iron Saviour, Savage Circus, ex-Gamma Ray). A produção ficou a cargo de Sascha Paeth (Avantasia, Virgo, ex-Heavens Gate) e Charlie Bauerfeind, que já produziu bandas como Helloween, Blind Guardian, Saxon, Running Wild e várias outras. Bauerfeind também mixou o álbum.
"Angels Cry" foi um marco para a cena nacional e também fez história como um dos álbuns mais importantes de Power Metal nos anos 90. É evidente o quanto as músicas foram aprimoradas em relação a demo lançada um ano antes, tanto tem termos de produção quanto em relação a qualidade técnica. Canções como "Time", "Evil Warning" e a própria faixa título tornaram-se verdadeiros hinos do Heavy Metal. Isso para não falar de "Carry On", maior clássico da carreira do Angra, aquele tipo de música que qualquer fã do gênero conhece. O álbum ainda tem outras pérolas nem sempre lembradas, mas tão importantes e relevantes quanto as faixas anteriormente citadas. "Stand Away" e "Never Understand" são ótimos exemplos disso. 

 

O fato curioso sobre "Angels Cry" são as referências a clássicos eruditos ao longo de algumas músicas. A introdução do disco, por exemplo, batizada como "Unfinished Allegro", nada mais é do que um trecho da Allegro Moderat, que faz parte da Symphony No. 8 de Schubert. Na faixa título encontramos um trecho de Caprice No. 24 em A menor, de Paganini, que logo depois é concluídos com referências a Sonata KV331 e Alla Turca, ambas de Mozart. Em "Evil Warning" temos a primeira parte do Allegro Non Molto, presente no Inverno em As Quatro Estações de Antonio de Vivaldi.
O álbum também conta com algumas participações especiais na faixa "Never Understand". Ao final da música temos uma série de cinco solos de guitarra tocados na sequência. Os dois primeiros são dos próprios guitarristas da banda, Rafael e Kiko. Dentre os convidados temos o ilustre Kai Hansen, líder do Gamma Ray e eterno ex-guitarrista do Helloween, certamente um nome de peso para o debut do Angra. Ainda temos solos de Dirk Schlächter (também do Gamma Ray) e do produtor Sascha Paeth. 


Uma faixa que gerou vários comentários foi "Wuthering Heights", um cover da Kate Bush. A canção foi originalmente lançada no primeiro álbum da cantora inglesa, "The Kick Inside", de 1978. O single alcançou o primeiro lugar das paradas britânicas e tornou-se a maior sucesso da carreira de Kate. A letra é inspirada no livro de mesmo nome da autora Emily Brontë (no Brasil é chamado de "Morro dos Ventos Uivantes"), que conta a história trágica dos amantes Heathcliff e Catarina Earnshaw. Definitivamente, um clássico da literatura mundial. O cover foi sugerido por Luis Mariutti como uma forma de homenagem e marca uma grande realização na carreira de Andre Matos, não apenas por ser um grande admirador de Kate Bush, mas também considerando a incrível performance do vocalista. 
Apesar do álbum ter sido lançado em 1993, em maio do ano seguinte a banda retornou ao estúdio para fazer algumas gravações adicionais para o relançamento do disco através da Lucretia Records/Dream Circle Records. Vale lembrar também que existe uma versão de "Angels Cry" relançada pela Century Media em 1999 e que foi comercializada no Brasil. O relançamento possui três faixas bônus: "Evil Warning" com vocais diferentes e versões remixadas de "Carry On" e a faixa título. Em todas as versões do álbum o baterista Ricardo Confessori está presente nas fotos de divulgação, mas ele não participou das gravações.


Após o lançamento do primeiro álbum, o Angra passou a ser internacionalmente reconhecido e estabeleceu seu nome entre os grandes da cena nacional. Tamanho reconhecimento abriu oportunidades como abrir um show do AC/DC e a participação do Monsters Of Rock de 1994, ao lado de bandas como Kiss, Black Sabbath, Slayer, Suicidal Tendencies, Viper, Raimundos e Dr. Sin. Era apenas o começo de uma carreira cheia de vitórias e conquistas.


No próximo post, vamos falar sobre o segundo álbum do Angra: "Holy Land".


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