Review de show: Arkona (Beco203, Porto Alegre, 02/12/2013)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013


Texto: Paola Rebelo
Fotos: Tiago Alano e Paola Rebelo

Na noite de ontem (2/12), Porto Alegre recebeu pela segunda vez um dos maiores expoentes do folk/pagan metal internacional. O grupo russo Arkona se apresentou no Beco 203, em um evento organizado pela Abstratti Produtora. O show havia sido originalmente marcado para a quinta-feira, porém teve de ser adiado devido a complicações da viagem do Chile ao Brasil.

As portas da casa se abriram dez minutos antes das 21h, o horário marcado, porém a banda só subiu ao palco cerca de meia hora depois, após a introdução instrumental "Az'". A teatralidade da banda se mostrou presente em todos elementos do espetáculo que haviam preparado para aquela noite, desde o figurino medievalesco e os instrumentos folclóricos até a exótica interpretação que a vocalista Masha "Scream" Archipova depositava nas canções.

A música escolhida para abrir o espetáculo foi "Arkaim", do último álbum de estúdio do grupo, Slovo (2011). Desde o início do show, todos os membros do Arkona demonstraram grande energia e entusiasmo, e souberam proporcionar os momentos melodiosos, brutais e de interação com a plateia sem jamais sair dos papéis que eles criaram para a temática proposta. Os russos provaram para a capital gaúcha que, muito mais do que boas músicas, o profissionalismo de uma banda caminha lado a lado com o modo como ela se porta perante seus fãs.


O show seguiu com "Ot Serdtsa k Nebu" e "Goi, Rode, Goi!" cujo idioma, assim como a maior parte das músicas tocadas durante a noite, não impediu que o público cantasse junto com Masha os refrões. Durante todo o show, o fato de a banda não saber falar inglês não a impediu de incitar os metaleiros que enchiam o Beco 203 a pularem e cantarem mais alto, em russo, inglês e até mesmo português.

Após as faixas "Zakliatie" e "Pamiat", respectivamente pertencentes aos álbuns Slovo (2011) e Goi, Rode, Goi! (2009), a vocalista anunciou que a próxima se tratava de uma música fria, que nada mais era do que a canção homônima ao nome da banda, cujo significado remete ao último castelo-cidade pagão dos povos eslavos. Uma das coisas que mais chama atenção no Arkona é o fato de todos os seus integrantes serem multi-instrumentistas. Além dos vocais limpos e guturais, Masha ajudou na percussão de algumas músicas, enquanto Sergey "Lasar" assumiu as guitarras e a balalaica e o baixista Ruslan "Kniaz" também tomou o papel de flautista. Vladimir "Artist" Sokolov, por sua vez, se restringiu as suas baquetas.

No entanto, depois da performance das canções "Slav'sja, Rus'!" e "Kolo Navi", quem conseguiu roubar a cena foi ninguém menos do que Vladimir "Volk" Reshetnikov. O responsável pelos instrumentos de sopro étnicos chamou a atenção do público com seu incrível solo de gaita de fole que, sem qualquer auxílio de guitarras ou distorções, pertencia legitimamente a um show de metal. A maior prova disso foi ver o primeiro mosh pit da noite se formar durante o solo de Vladimir.


Um dos momentos que marcaram a noite foi quando a incansável e feroz Masha começou a incentivar os fãs a formarem um wall of death no meio do limitado espaço do local do show. O engraçado é que ele acabou se formando em um dos momentos mais leves do show, em que o peso do metal era abrandado pela essência folclórica dos instrumentos étnicos e a banda pulava uma dança estranha e alegre no palco enquanto assistia seus fãs se jogando uns nos outros em frente ao palco.

O show continuou com "Maslenitsa", "Po Syroi Zemle", "Stenka na Stenku" e, finalmente se encerrou com "Yarilo", um dos maiores sucessos de Arkona, e "Kupala i Kostroma". Sem bis, a banda deixou o palco por volta das 22h30. Apesar de o show ter sido bastante curto, com apenas 14 músicas, os fãs de folk metal do Rio Grande do Sul tiveram uma noite memorável. A remarcação da data do show, o atraso e o tempo que ele durou nada significou para os fãs de Arkona, que deixaram o beco exaustos e satisfeitos.

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