Review de CD: The Ocean - Pelagial

terça-feira, 7 de maio de 2013


Fiquei um bom tempo pensando em como deveria começar esse review, muito tempo mesmo. No final das contas, posso resumir tudo em uma única frase: melhor álbum do ano até o momento! Disparado, nem tem como comparar com qualquer outro trabalho lançado nesse 1/3 de 2013 que já passou. Obviamente, vocês devem ter em mente que isso parte muito do meu gosto pessoal por bandas diferentes, com sonoridades mais experimentais. Não é atoa que na minha lista da melhor de 2012, quem ficou em primeiro foi o Between The Buried And Me com o espetacular "The Parallax II Future Sequence".
Para quem não está familiarizado com o The Ocean, a banda foi formada na cidade de Berlim, no ano 2000, e "Pelagial" é o sexto álbum de estúdio lançado. A sonoridade explorada pela banda é bem diversa, com elementos de Metal extremo, Prog, Atmospheric Sludge e até mesmo Post-Hardcore e Post-Metal. Em certos momentos, ela pode lembrar um pouco o Opeth do começo da década passada, mas com uma abordagem mais moderna. 
"Pelagial" é um álbum conceitual sobre as camadas do oceano, partindo da superfície rumo ao mais profundo abismo. As canções acompanham essa jornada criando um clima envolvente para o ouvinte, soando cada vez mais pesadas e tensas conforme você evolui dentro do conceito.  A introdução "Epipelagic" e a faixa "Mesopelagic: Into The Uncanny" abrem o álbum com um clima mais ameno, crescendo lentamente para uma sonoridade mais pesada e flertando com o Shoegaze. A partir desse momento, o álbum é dividido em três partes: "Bathyalpelagic", "Abyssopelagic" e "Hadopelagic". 


Em "Bathyalpelagic", temos três faixas que dão continuidade ao princípio da história. "Impasses" segue a linha de sua antecessora, alternando entre momentos de muito peso intercalados pela calmaria de belas melodias de teclado. Logo depois, temos "The Wish In Dreams", a canção que vai conduzir o ouvinte a todo o caos que o aguarda. É uma música repleta de trechos bem trabalhados, exibindo a maestral técnicas dos integrantes do The Ocean. Determinados momentos chegam ao ponto de fazer o ouvinte acreditar que está escutando uma banda de Math Metal (vulgo 'Metal Matemática' ou 'Metal para adultos'). O apogeu desse trecho do álbum é a faixa chamada "Disequilibrated", quase um Death Metal puro em determinados momentos, absurdamente brutal e agressiva.
A divisão seguinte chama-se "Abyssopelagic", onde o The Ocean parte para uma abordagem mais melancólica com melodias emocionantes e um peso mais arrastado. São duas faixas, sendo a primeira "Boundless Vasts", canção que começa bem pesada e vai pisando no freio aos poucos. Ao final, toda a brutalidade vai embora e um trecho mais atmosférico passa a predominar. "Signals Of Anxiety" finalizada essa camada do oceano de maneira épica. É aquele tipo de música que te faz pensar como ainda podem existir pessoas de mal gosto nesse mundo. Música lenta, dando continuidade ao clima atmosférico da faixa anterior, ótimas melodias embalando um momento mais intimista em "Pelagial".
"Hadopelagic" começa com uma curta vinheta chamada "Omen Of The Deep", nada mais que um faixa que prepara o ouvinte para a canção seguinte. A épica "Let Them Believe" vem logo a seguir com seus 9 minutos de pura intensidade e variações climáticas. A canção viaja por momentos mais calmos que crescem gradativamente até chegar a um peso absurdo. 
Finalizadas essas 3 partes do álbum, ainda temos as duas músicas que encerram o trabalho. "Demersal: Cognitive Dissonance" é outra faixa épica de 9 minutos, possivelmente o melhor momento do álbum. Essa canção faz um apanhado geral dos momentos mais pesados do álbum. Próximo ao final, ele fica cada vez mais arrastada e mais pesada, encerrando com o som atmosférico de teclado e o mar ao fundo. O clima fica perfeito para a chegada da faixa de encerramento, "Benthic: The Origin Of Our Wishes", literalmente um Doom Metal dos mais pesados e arrastados. "Pelagial" é encerrado com esse clima de alta tensão e agonia. 
Em suma, esse álbum é uma obra-prima da música pesada. Mas como todo bom trabalho digno de tal citação, é um álbum para poucos, recomendado especialmente para quem curte um som mais experimental. Digo por experiência própria, escutar esse álbum com fones na hora de ir dormir é literalmente uma viagem astral. 
Vale citar também que "Pelagial" é um lançamento duplo, com o segundo álbum contendo as mesmas músicas em versões instrumentais, sem os vocais de Loïc Rossetti. Peça obrigatória para qualquer fã de música pesada que procura por algo inovador e diferente. Fãs de Prog, Doom, Shoegaze e/ou Post-Hardcore certamente vão curtir o álbum também. E se você curte todos esses gêneros, então vai entender o motivo do disco levar a nota máxima. Mas se você acha que estou exagerando, não tem problema, pode tirar suas próprias dúvidas logo abaixo, inclui vídeo de todas as faixas do álbum que já estão no You Tube.

Nota: 5



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