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Review de show: Black Sabbath + Megadeth

quinta-feira, 10 de outubro de 2013


Foto: Emerson Langie
Texto: Tiago Alano

A espera foi longa, mas valeu a pena. Depois de quatro décadas fazendo história, o Black Sabbath finalmente aportou em terras gaúchas com sua formação (quase) original. Fãs de todas as gerações reuniram-se na FIERGS para assistir um concerto histórico. A noite ainda contou com os norte-americanos do Megadeth e abertura do Hibria, banda de Porto Alegre que vem tornando-se maior a cada lançamento.

Infelizmente, devo começar o review com um "agradecimento" aos ótimos engenheiros de trânsito que temos em Porto Alegre, bem como a todos os responsáveis pelo caos das vias públicas na capital gaúcha. Graças a eles acabei perdendo o show do Hibria, pois a FIERGS situa-se em um local de difícil acesso (fora outros problemas que trataremos mais adiante). Quando cheguei ao local, a banda estava anunciando sua última música, "Tiger Punch", faixa que já pode-se considerar um clássico do Metal nacional. Ao menos poderei assistir um show completo deles dia 26 de outubro em São Leopoldo, na Sociedade Orpheu.

Quando a maior parte do público finalmente adentrou o local do evento, começa a soar nos PA's uma canção chamada "Prince Of Darkness", enquanto o nome da próxima atração formava-se em um telão: Megadeth. A troupe de Dave Mustaine já chegou mandando ver em uma trinca de clássicos, "Hangar 18", "Wake Up Dead" e "In My Darkest Hour". A produção de palco era realmente impressionante, com um telão alternando entre imagens da banda e outras imagens relacionadas as músicas. O Megadeth deixou bem claro o motivo pela qual ainda é considerada uma das melhores bandas de Metal em um palco.

Sem falar muito com a plateia, Mustaine começa a tocar o riff de "She-Wolf", imediatamente seguida de "Sweating Bullets". Pois é, a banda realmente não estava para brincadeiras e fez muito bem ao escolher um set repleto de clássicos ao abrir o show de uma lenda como o Sabbath. A única faixa que representou o álbum mais recente, "Super Collider", veio logo a seguir, "Kingmaker".

Na sequência, voltamos aos clássicos da banda com "Tornado Of Souls", do clássico disco "Rust In Peace", tocado na íntegra na passagem da banda por Porto Alegre em 2010. Particularmente, era um dos momentos mais esperados por este que vos escreve e é impossível não destacar o guitarrista Chris Broderick. Desde que entrou na banda, em 2008, sempre mostrou que manteria-se fiel aos solos gravados por guitarritas anteriores, e é exatamente isso que percebemos na faixa em questão, onde Broderick reproduz nota por nota do lendário solo gravado por Marty Friedman.

"Symphony Of Destruction" foi uma das que mais empolgou o público, mas fez falta o tradicional coro do "megadeth, megadeth, avante megadeth!". Quem assistiu ao "That One Night", DVD gravado na Argentina, sabe muito bem do que estou falando. Tudo bem que todos estavam lá para a atração principal da noite, mas foi decepcionante ver o Megadeth fazer uma performance primorosa para um público tão morno. O baixista David Ellefson convocou os fãs para baterem palmas para dar início a "Peace Sells", outro clássico absoluto.

A banda deixou o palco por alguns instantes para logo depois retornar tocando "Holy Wars... The Punishment Due", canção já tradicional para encerrar as apresentações. Por fim, rolou "Silent Scorn" e "My Way" (do Sid Vicious) nos PA's enquanto a banda fazia suas despedidas ao público porto alegrense. Uma apresentação mais que digna para abrir um show do Black Sabbath.

Em meio a espera para o início da atração principal da noite, escuta-se uma voz familiar incentivando o público com o coro "oô oôoôoô"... era o próprio Ozzy Osbourne! Poucos instantes depois começam a soar as sirenes que indicavam o início da apresentação com "Wars Pigs". Um começo alucinante com todos cantando os versos com Ozzy, boa amostra da performance histórica que testemunharíamos ao longo da noite. Ao contrário do que afirmavam os boatos do dia anterior, Tony Iommi parecia ótimo e movimentou-se bastante enquanto tocava seus riffs e solos imortais. E do lado direito do madman estava Geezer Butler, não apenas o baixista do Black Sabbath, mas uma das mentes criadoras que mantêm a banda viva.

A sequência foi com "Into The Void", momento que nos levou a certa reflexão. Por que? Como todos sabem, o baterista Bill Ward acabou não participando da turnê de reunião, assim como não gravou o álbum "13". O responsável pelas baquetas nas apresentações da banda é Tommy Clufetos, que também integra a banda solo do frontman e já tocou com Rob Zombie e Alice Cooper. O fato é: Clufetos mandou muito bem! "Into The Void" é a prova máxima de que ele foi a escolha certa e, perdoem-me os fãs de Ward, a verdade é que o baterista original não fez falta. Não adianta colocar ele em um pedestal só por causa de sua importância na história do Sabbath, Ward não tem mais condições físicas de tocar uma música como essa.

O show teve continuidade com "Under The Sun/Every Day Comes And Goes" e "Snowblind", ambas do disco "Vol. 4", de 1972. "Snowblind" é o tipo de música que te faz identificar os verdadeiros fãs de Sabbath que estavam lá, bastava olhar para o lado e ver quem estava gritando "cocaine". A primeira faixa de "13" executada foi "Age Of Reason", com uma recepção levemente mais fria por parte da plateia. A canção do trabalho mais recente foi logo esquecida com o som de chuva, trovões, um sino e o trítono tocado por Iommi em sua guitarra. É isso mesmo, meus caros, a primeira faixa do primeiro disco, "Black Sabbath", ecoava em alto e bom som em terras gaúchas. Não dá para negar que esse foi o ponto alto da noite, literalmente um êxtase coletivo que fez o show parecer muito mais uma missa negra. Épico!

A apresentação teve sequência com mais dois clássicos do primeiro disco, com "Behind The Wall Of Sleep" sendo finalizada com um breve solo de baixo de Butler que nos conduziu a "N.I.B.", outra canção entonada a plenos pulmões pelos presentes. A faixa de abertura de "13" veio logo a seguir, "End Of The Beginning", bem melhor recepcionada do que "Age Of Reason". Anteriormente tivemos a trinca de clássicos do primeiro disco, e logo depois era a vez de "Paranoid" ter três faixas executas. Começando por "Fairies Wear Boots", muito bem acompanhada por uma série de imagens lascivas no telão, seguida por "Rat Salad" em meio a um solo de bateria de Clufetos. Mal terminou o solo e o baterista já levou o pessoal no bumbo junto a Ozzy Osbourne, indicando o início de mais uma das canções aguardadas por quase todos: "Iron Man"! Preciso falar qual foi a reação do público?

A última faixa apresentada do novo disco foi "God Is Dead?", primeiro single de "13" e com recepção imediata dos fãs, que a essa altura já consideram um novo clássico do Sabbath. Próximo ao fim da apresentação, ainda tivemos "Dirty Women", mais uma vez acompanhada por uma série de imagens libidinosas no telão. O lendário riff de "Children Of The Grave" foi executo por Iommi, mais uma vez levando o público ao delírio. Deixaram o palco logo ao final da música, prometendo um retorno se o público enlouquecesse.

O regresso ao palco da FIERGS foi com "Sabbath Bloody Sabbath", mas infelizmente foi tocado apenas o início da música, que acabou sendo emendada com "Paranoid". Fim da apresentação, o quarteto deixa o palco e ficamos com a sensação de que eles deveriam seguir tocando por mais três horas. É óbvio que poderíamos listar dezenas de clássicos que ficaram de fora, mas não tem como reclamar do repertório ou mesmo da performance da banda. Mesmo com a idade avançada, os integrantes do Sabbath ainda fazem um dos melhores shows do mundo.

Por fim, foi citado no início do texto alguns problemas relacionados ao local escolhido para o show. A FIERGS localiza-se em um local muito afastado e com difícil acesso. E isso é apenas um dos problemas, pois alguns outros surgiram devido a produção do evento. Alguns deles incluem o fato de que não foram usados telões nas laterais do palco, ou seja, quem estava na pista normal realmente teve problemas para ver o palco. A saída do local também foi algo tenso, com pessoas ameaçando derrubar a entrada do local. Enfim, apenas confirmamos o fato de que Porto Alegre precisa urgentemente de um novo local para shows desse porte e isso tudo é apenas uma pequena parte do problema. Mas, felizmente, nada conseguiu estragar a noite memorável que todos presenciaram.

SET LISTS

Hibria:
Nonconforming Minds
Silent Revenge
Shoot Me Down
Silence Will Make You Suffer
Blinded By Faith
Tiger Punch

Megadeth:
Hangar 18
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
She-Wolf
Sweating Bullets
Kingmaker
Tornado of Souls
Symphony of Destruction
Peace Sells
Holy Wars... The Punishment Due

Black Sabbath:
War Pigs
Into the Void
Under the Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad/solo de bateria de Tommy Clufetos
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave
Sabbath Bloody Sabbath/Paranoid

Review de CD: Black Sabbath - 13 [Por Paola Rebelo]

quarta-feira, 26 de junho de 2013



Para ler todas as resenhas do All That Metal sobre o novo álbum do Black Sabbath, clique na tag review 13.

Falar sobre Black Sabbath é como pisar em ovos. É preciso ter em mente que está lidando com lendas, e como qualquer ídolo desse porte, existem legiões de fãs com as mãos cheias de pedras para atirar em qualquer um que ouse discordar. Durante os meses de espera pelo lançamento de 13 já eram lançados alguns previews de músicas que não eram exatamente tudo aquilo que se esperava, mas a expectativa continuou alta, afinal, estamos falando dos inventores do heavy metal.

E a verdade é que o 13 realmente não se fez presente como deveria. Com certeza é um ótimo álbum. Com certeza ele está acima da média dos álbuns lançados esse ano, ou no ano passado, ou ainda no anterior. Com certeza manteve o mesmo estilo do Sabbath das antigas... Mas apenas com mais do mesmo. Não importa nesse aspecto a qualidade das músicas em si, mas o fato é que se esperava muito mais desse quarteto (ops, trio e um convidado) tão renomado.

"End of the Beginning" abre o álbum com um sonoridade inicialmente mais sombria e carregada, e se estende lentamente até os riffs mais pesados se revelarem por detrás daquele pano introdutório com clima de teatro de horrores. O destoante negativo dessa música, que se segue presente em outras faixas do álbum, acabou sendo realmente o trabalho do baterista Brad Wilk (Rage Against the Machine, Audioslave). Logicamente, já havia um preconceito geral da escolha de quem assumiria as baquetas no lugar de Bill Ward, porém só se pode fazer esse tipo de crítica depois de o trabalho ter sido lançado... E Wilk realmente não convenceu. Evidenciou-se a bateria simplista da música em contraste com os riffs brilhantes de Tony Iommi.

A canção mais longa é a "God is Dead", que todo mundo já conhecia pelas previews do álbum. Ela demora a engrenar, e mantém sua passada lenta, porém sem perder a gravidade proposta por Iommi e Geezer Butler, que se mantiveram alinhados em sintonia durante grande parte da música, salvo alguns riffs de guitarra que se destacam nas notas mais altas da duvidosa técnica vocal de Ozzy Osbourne.

A seguir temos "Loner", um dos carros-chefe de 13. Trata-se de uma faixa bastante comercial, sim, porém isso não diminui a sua qualidade. Ela começa forte, com um toque que mistura o rock clássico com o hard rock dos anos 90 e uma pitada de blues. Os riffs acentuados e pegajosos criaram uma harmonia interessante com a voz de Ozzy. Uma voz limpa com certeza não daria a essa música a atmosfera que ela precisa para funcionar.

"Planet Caravan", é você? Muitos fãs de Black Sabbath devem ter pensado isso ao ouvir "Zeitgeist", de extrema semelhança com a canção do álbum Paranoid, lançado em 1970. Não há nada de inovador, mas é agradável aos ouvidos, bastante calma, com o violão como um tranquilo e frio substituto da guitarra de Iommi. A psicodelia setentista marca as batidas entre violão e bateria num clima que beira o western. Uma combinação interessante com bom resultado, porém, repetindo o que o Tiago já havia dito em sua crítica, ela é uma canção desnecessária. O que pedem os fãs não são clássicos antigos reescritos, mas sim novos clássicos.

"Age of Reason" é o momento dourado de Brad Wilk, e talvez o seu único destaque em todo o álbum. Ao contrário das demais faixas longas do álbum, ela já começa com força e velocidade, e possui variações em diversas passagens ao longo da música. Pode não ser a sonoridade mais marcante do 13, mas é uma daquelas raras canções em que todos os instrumentos recebem sua devida ênfase nos momentos mais adequados. Quem se sobressai, entretanto, é mais uma vez Tony Iommi, com um solo cujas virtudes não se baseiam em velocidade, mas sim em uma evolução gradativa em uma dança bem construída ao longo das notas. Um bom solo é comparável a um bom discurso, afinal, deve ter início, meio e fim.

"Live Forever", por sua vez, ataca com um riff poderoso logo de início, e ganhou o carinho imediato da grande massa de fãs de rock e metal. Ela é o pacote completo: solos constantes, riffs definidos, uma bateria simplória, porém funcional... Se há uma canção de 13 que todos nos shows da turnê que vem aí saberão cantar, minhas apostas caem em um coro uníssono cantando "But I don't wanna live forever, but I don't want to die". Não é a melhor do álbum, porém está longe de passar despercebida.

Não há palavras suficientes para descrever "Damaged Soul". É o retorno magistral ao Sabbath das antigas, com aquele pé enfiado fundo no blues e uma letra com deus, demônio e apocalipse ao estilo mais tradicional dos primeiros álbuns da banda. Geezer Butler e Tony Iommi disputam destaque ao longo dos oito minutos de duração da faixa, mas, por fim, quem acaba subindo no pedestal é mais uma vez Iommi.

"Dear Father" pode não ser a melhor faixa de 13, contudo com certeza é a que ganhou a letra mais interessante. As intensas linhas de baixo de Butler, o peso da agressividade dos dedos metálicos de Iommi sobre suas cordas e o vocal mais sombrio de Ozzy contam a história de um garoto abusado sexualmente por um padre. Mais uma vez, a bateria se perde entre o modesto e o clichê, porém os demais elementos dessa canção se mostraram tão fortes que as habilidades de Brad Wilk não se mostraram tão ofensivas.

Na Deluxe Version de 13, os velhinhos presenteiam os fãs com mais quatro faixas arrebatadoras. "Methademic" começa com uma guitarra lenta e solitária, mais uma vez com certa alusão western, e em uma virada repentina de estourar as caixas de som, torna-se rápida e forte, com o tipo de riff que gruda na cabeça e fica se repetindo por horas após a música ter sido ouvida. É uma música a ser lembrada, que mereceria um espaço maior dentro do disco, talvez até mesmo substituindo canções como "Zeitgeist" ou "God is Dead". Talvez seja a única faixa que possa bater de frente com "Damaged Soul" ou "Loner".

"Peace of Mind" é uma surpresa agradável para quem já havia perdido completamente as esperanças em Brad Wilk. É uma música que se mantém constante, sem abusar das trocas de velocidade, e bastante curta se comparada a qualquer faixa da banda, com apenas três minutos e 41 segundos. Não é uma música feita para ser a favorita de ninguém, mas possui as linhas clássicas do Sabbath antigo em boa evidência. 

"Pariah", ouso dizer, é a música abençoada com o solo mais bonito que Iommi preparou para esse disco, embora não se possa dizer que é o mais elaborado. Também é uma faixa relativamente curta (embora não tão curta quanto "Peace of Mind"), e com um refrão grudento que poderia funcionar muito bem na turnê que vem por aí. Ela gradativamente aumenta seu ritmo ao longo da música até encontrar um momento de estabilidade, de forma absolutamente natural. Uma ótima faixa que talvez muitos não venham a conhecer por ser uma bônus, infelizmente.

"Naïveté in Black" provavelmente é a música do Black Sabbath mais difícil de ser ouvida. A quarta e última faixa bônus de 13 só está presente na versão americana do disco (versão Best Buy), e mesmo na internet foi difícil encontrar sinais de que ela realmente existia mesmo dias após o lançamento do álbum. A canção adiciona um pouco mais de distorção na guitarra e soa um pouco mais pesada do que as demais. É uma canção interessante, porém ordinária, o que faz questionar o porquê o tamanho exclusivismo em relação a ela ter sido lançada em só um país. Remete mais aos trabalhos da carreira solo de Ozzy Osbourne do que ao próprio Black Sabbath.

13 foi gravado entre agosto de 2012 e janeiro de 2013 nos estúdios Sangri La Studios (Califórnia, EUA) e Tone Hall (Warwickshire, England), com a produção de Rick Rubin. Sob o selo da Vertigo e da Universal, o álbum foi lançado oficialmente no dia 10 de junho de 2013, e se encontra em 1º lugar nos Music Charts em cerca de dez países, incluindo o Billaboard 200 (EUA).

Uma curiosidade a respeito desse álbum é como foi feita a sua arte de capa. Seguindo a aura retrô setentista que domina 13 do início ao fim, a empresa londrina Zip Design decidiu que tudo deveria ser natural e sem computadores. Assim, contrataram o escultor Spencer Jenkins para construir o número 13 de vime, com oito metros de altura. A escultura foi incendiada na zona rural de Buckinghamshire e fotografada por Jonathan Knowles. Foi lançado um vídeo de Behind the Scenes da produção da arte de capa, em uma parceria da equipe de filmagem de Knowles com a Zip Design, que pode ser visto neste link.

Nota: 4

Review de CD: Black Sabbath - 13 [por Tiago Alano]

sábado, 8 de junho de 2013


Esse é o segundo de uma série de reviews que estamos postando do novo álbum do Black Sabbath. Para ler todas as resenhas, clique na tag review 13.

Falar sobre o novo álbum do Black Sabbath é uma tarefa mais difícil do que vocês pensam. A primeira reação óbvia que alguém tem ao escutar "13" é uma grande empolgação, afinal de contas, a espera por um trabalho de estúdio foi longa. Muitos fãs nem eram nascidos quando Ozzy Osbourne ainda integrava a banda nos anos 70. Mas fazer uma resenha do disco é algo que requer uma audição mais cautelosa, a emoção deve ficar de lado por alguns instantes para a razão sobressair-se e a avaliação ser a mais justa possível. 

É inegável o fato de que "13" é um ótimo trabalho, superou muitas expectativas e impressionou até os fãs mais pessimistas. Ainda assim, não acredito que deve ser um álbum elevado ao status de clássico instantâneo, por favor, vamos conter os exageros. É simplesmente o som típico do Black Sabbath, sem mais nem menos. Tony Iommi segue criando riffs simples e magníficos, daquela maneira totalmente única e característica que ele evoluiu em mais de 40 anos de carreira. A presença marcante do baixo de Geezer Butler é um diferencial em "13", possivelmente uma das melhores perfomances já apresentadas em um disco do Sabbath. Vale lembrar que Butler também foi responsável pelas letras das canções, outra função bem desempenhada pelo mestre das 4 cordas. 

E o Ozzy?! Bem... o Ozzy? Ah, é 2013! Já existe o Auto-Tune. Falando sério: não adianta negar, Ozzy é muito mais um showman do que um vocalista mesmo. Mas tudo bem, ele é Ozzy Osbourne, fuckin' Prince Of Darkness, não precisa provar nada para ninguém e não vai ser a minha opinião que vai mudar sua imagem. É óbvio que ele deu muito trabalho para os engenheiros de som do estúdio, basta assistir os vídeos recentes da banda ao vivo. Ainda assim, seu timbre característico faz o Sabbath soar novamente como foi na década de 70, com aquele clima sombrio e embalado por riffs influenciados por Blues.

O álbum abre com "End Of Beginning" e "God Is Dead", as duas faixas que foram apresentadas aos fãs antes do lançamento de "13". É um ótimo começo para os 53 minutos que temos pela frente, ambas trazem o velho som que popularizou o Sabbath, lembrando um pouco os dois primeiros álbuns dos ingleses. A primeira começa com um peso arrastado que conduz a um trecho mais calmo e sombrio, para depois despejar os riffs sensacionais de Iommi com uma levada que alterna entre momentos mais rápidos e outros levemente cadenciados. "God Is Dead" é uma síntese de tudo que o Sabbath sempre foi com Ozzy nos vocais, começa lenta para depois trazer riffs mais pesados ao ouvinte.

Em "Loner" temos alguns momentos mais influenciados por Blues, influência evidente para Iommi desde a formação da banda. Chama muita atenção nessa faixa o momento com guitarras mais limpas, nada impressionante mas muito bem sacado. No geral, "Loner" é um dos melhores momentos de "13" e de fácil assimilação por parte do ouvinte. "Zeitgeist" vem na sequência e aqui cabe um comentário desagradável: por qual motivo eles decidiram gravar uma nova "Planet Caravan"? Até a duração de "Zeitgeist" é quase a mesma do clássico presente em "Paranoid"! Não é música ruim, muito longe disso, é apenas desnecessária. Honestamente, seria muito mais interessante se essa música fizesse parte de "The Devil You Know", considerando que o vocal de Ozzy simplesmente não combinou direito com o instrumental de "Zeitgeist". 

Dando continuidade ao peso arrastado que permeia boa parte do lançamento, temos "Age Of Reason", mais uma vez marcada pelos riffs de Iommi. Destaque especial para os teclados que dão um clima grandioso em certos momentos e o belo solo ao final da música. Já "Live Forever" é quase um single pronto, música que facilmente vai ser lembrada pelos fãs e cantada em massa nos shows da banda.

Em minha singela opinião, "Damaged Soul" é a melhor canção de "13", de longe a melhor composição. Mais uma vez as guitarras com aquela pegada blueseira, Butler destacando-se com ótimas linhas de baixo e uma harmônica cromática (vulgo gaita de boca) mandando ver alguns bends. Absurdamente épica! Fechando o álbum temos "Dear Father", que segue quase a mesma linha das faixas de abertura, alternando entre momentos com um peso mais lento e outros trechos mais harmoniosos. Detalhe: os instantes finais do disco são exatamente iguais ao início do álbum de 1970 que deu origem ao Heavy Metal.

Confesso que fiquei impressionado com o trabalho de produção de Rick Rubin, pois todos os trabalhos que escutei dele nos últimos anos deixaram a desejar em muitos aspectos. Já o baterista Brad Wilk (Rage Against The Machine, ex-Audioslave) poderia ter feito melhor, na minha opinião, ele fez exatamente o que foi requisitado. Acredito que está aquém de sua habilidade, é um baterista experiente que poderia ter contribuído para dar ainda mais personalidade às músicas. Quem sabe Tommy Clufetos consegue dar mais peso nas baquetas quando as faixas de "13" forem executadas ao vivo.

Enfim, o álbum é ótimo, isso é inegável. É Sabbath puro e não consigo imaginar como isso não poderia agradar em cheio aos fãs. Mas ainda acredito ser um exagero colocá-lo em um pedestal e considerá-lo um clássico da banda. Se tocarem apenas duas ou três músicas de "13" no show de outubro em Porto Alegre, já está ótimo. Além do mais, o ano de 2013 tem nos proporcionado uma série de ótimos lançamentos, para mim ao menos, vai ser bem difícil o disco estar entre os melhores.

Nota: 4