por Paulo Momento
Desta vez estive no ensaio da banda Bloodytrap, power trio que pratica um brutal black death metal aqui em Pelotas, que está há alguns anos na batalha, passando por cima de todas as adversidades imagináveis e inimagináveis. Num sábado ensolarado de inverno, tomando um bom vinho, pude conferir os novos sons, nos quais a banda está trabalhando para uma futura gravação. Também fiz um vídeo e uma sessão de fotos com a nova formação. Em seguida fiz esta entrevista com o guitarrista Onofry Wasz. Confira o vídeo e as fotos, feitos com exclusividade para o All That Metal, e saiba mais sobre esta máquina de destruição chamada Bloodytrap!
ALL THAT METAL: Como e quando surgiu a Bloodytrap? Fale um pouco sobre a história da banda.
ONOFRY WAZS: A banda começou por volta de 2007. Já tivemos vários integrantes e atuais músicos como: Moacir na bateria, Alessandro Macedo no baixo e Daniel Devon que foi o 1º vocalista da banda. Quando eu Onofry Wazs entrei na banda em março de 2010, já tinha essa formação, depois com o tempo Daniel Devon alega que não poderia mais assumir o posto de vocalista e passamos por um período sem vocal, de onde passou o tempo e nós nos acertamos com o próprio Alessandro Macedo vocalista e baixista que assumiu os vocais. Moacir na bateria e Onofry Wazs na guitarra e vocais e Alessandro no baixo e vocalista principal. Com o tempo andamos vendo que precisávamos de um empurrão a mais foi onde conversei com pessoal da banda para integrar o Ronaldo Campello, foi bem legal, mas também tivemos a saída de Alessandro, fazendo a banda ser trio novamente. Com a entrada do Ronaldo ele mostrou suas experiências de outras bandas que ja participou fizemos alguns shows aqui na cidade e em Rio Grande, que foram muito bons e esse período ficou marcado para nós porque passamos a tocar sem baixista e não nos intimidamos com isso, levamos adiante. Passou-se o tempo combinamos a possibilidade da volta de Alessandro novamente formando um quarteto e deu certo. No entanto, no fim do mês de abril de 2013, Ronaldo Campello teve que abandonar nosso trabalho por ter se mudado da nossa cidade e teve que residir onde mora sua família, tornando-se impossível manter sua frequência nos ensaios, e a banda retomou-se novamente a ser um trio. Com novas experiências, agora com novos trabalhos e com essa fase de gravação do EP ensaiado e pronto a serem gravados, também entrou elementos do Black Metal nas nossas composições e estilo. Não nos misturamos com religiões e politicagem.
ATM: Mudanças de formação tem ocorrido e isto é algo que acaba por atrasar o bom andamento de uma banda. Será que agora como um trio, após a saída do Ronaldo Campello (ex M26), a Bloodytrap vai se estabilizar?
WAZS: Ronaldo Campello foi um membro que nos ajudou muito, deu bastante visão a gente, porem, alguma coisa eu já tinha sempre em vista com os outros integrantes da banda, caso isso fosse acontecer (como aconteceu) sua saída. Acreditamos que temos nossa capacidade de contornarmos esse problema resolvido, só temos que se concentrar nos nossos objetivos, estamos trabalhando no nosso EP em breve estará disponível esse material ao público.
ATM: Como definirias o estilo da banda? Fale sobre a idéia de misturar elementos do black metal no som, algo que me pareceu muito bem vindo.
WAZS: Para ser franco isso já vinha há muito tempo, na minha cabeça e também em algumas conversas perdidas com baixista e vocalista da nossa banda. Alessandro Macedo sempre teve vontade de poder explorar esse lado, também eu gosto muito da antiga banda de black metal Mayhem da fase Euronymous e Dead, e isso me fez encorajar assimilando com a nossa banda que foi sempre brutal death metal, para mim o universo underground ficou mais amplo quando a gente se acertou assim. O nosso baterista Moacir Ness topou essa ideia de transformar a banda em brutal black death metal, foi tudo que eu precisava no momento, e com isso veio as ideas de apresentações de Corpse paint e tudo mais que podemos fazer na linha do metal.
ATM: Elementos extra-musicais (rixas, fofocas e picuinhas, muitas vezes infundadas) infelizmente parecem acompanhar a trajetória da banda. A que se deve isso? Como vês esta situação? O que fazer para se livrar deste estigma e mostrar as reais intenções da banda junto à cena underground?
WAZS: (Risos) Parece meio sarcástico isso que irei contar, mas a verdade é que nós da Bloodytrap sempre trabalhamos em equipe!!! Por mais que as pessoas não tenham essa nossa visão, sempre nos demos bem dentro da banda, sempre ouvi algumas interferências externas do tipo, falta possibilidade, pois a banda é nova e não tínhamos material para apresentar para o público. Na época que a banda tinha outra cara talvez o público não se identificou com o nosso trabalho e como nós passamos por vários altos e baixos, membros entrando e saindo, fazendo o foco se dispersar um pouco, até certo ponto isso nos desanimou bastante. Não acredito que tenhamos rixas, porque somos bem diferentes das propostas do pessoal de outras bandas, mas fofoca e picuinhas são coisas lançadas realmente por alguém que não tem o que fazer na vida e não querem ver a gente se dando bem com o resto do pessoal underground. Isso é bem normal e visível em qualquer lugar da vida, já fui um cara mais esquentado com isso, hoje em dia só deixo rolar e mostro o meu trabalho, que é mais importante do que ficar tentando agradar a todos.
ATM: A banda ainda não tem um material oficial gravado. Mas parece que estão em negociação para a gravação de um EP. O que podes nos adiantar a respeito?
WAZS: Buenas, andamos negociando com Bruno Añaña, guitarrista da Postmortem, como ele vai abrir um estúdio em breve, está com bom equipamento investido e entende bem do assunto, decidimos procura-lo para fazer o nosso trabalho de estúdio, será um EP com 4 faixas, ainda estamos decidindo o lance da arte da capa, mas estamos chegando lá, porque a banda faz tempo que está na estrada e precisamos desse material na mão.
ATM: Um passarinho gordo me contou que a Bloodytrap vai participar do próximo evento da Bokada Produções, o Dia Mundial do Rock. Qual a expectativa da banda para esse show e o que o público de Pelotas e região podem esperar?
WAZS: Esse passarinho é um coringa muito legal com a gente, sempre quando pode nos encaixa, da maneira que dá, para nós fazermos o nosso trabalho heheheh! Pena que não existem mais passarinhos como ele, pois poderíamos ter mais possibilidades para outros eventos na cidade e região, porque nós da banda curtimos muito é estrada, isso renova as nossas ideias e também ajuda a levarmos nosso trabalho para outros lugares, juntamente com outras bandas que querem enfrentar outros lugares com a gente e sempre serão bem vindos. Também podemos sempre fazer novas amizades, que é o mais importante na cena underground, juntamente com as divulgações.
ATM: Além dessa apresentação, vocês irão fazer seu primeiro show internacional este ano. Fale mais a respeito, como foram as negociações, onde e quando será realizado, e com quais bandas irão dividir o palco nessa empreitada.
WAZS: Bom! Recebemos o convite do vocalista da banda Licaón de montevideo para tocar lá dia 5 de outubro, juntamente com as bandas Licaón (death metal - Uruguay), Apneuma (death metal - Uruguay) e Carnage Of Deformed (death metal - Rio Grande). O festival intitulado "Coven of Demons”, irá ocorrer no Amarcord Pub localizado no centro da cidade, o público e o pessoal das bandas estão muito empolgados com esse festival, particularmente a Bloodytrap está muito honrada em receber este convite e dará tudo de si para fazer um ótimo show dividindo o palco com grandes bandas do underground.
ATM: A teu ver, quais são as maiores dificuldades para conseguir manter uma banda de black death metal na ativa atualmente? Nunca pensou em desistir?
WAZS: Eu fui um cara que já me ergui várias vezes, e caí muitos tombos e não é nada fácil, teve vezes que pensei em me acomodar por falta de poder aquisitivo, por falta de cooperativismo, porque ninguém queria levar as coisas a sério como eu faço, mesmo a banda sendo uma diversão, pois aí resolvi dar um tempo, em seguida que sai da banda Attro (Thrash metal) só para ver as coisas de outro ângulo. Já participei de varias bandas, sou guitarrista há 15 anos, tenho várias amizades que mantenho até hoje, outras a tal morte enfim levou, como sempre falo do meu caro amigo Mateus Fernandes Carvalho, falecido em 2005, o qual foi o cara que sempre me deu bola, força e incentivo, me ensinou a tocar, tínhamos uma banda quando éramos bem jovens e toda vez que eu desanimo penso na energia que aquele cara me deu para eu continuar o que ele infelizmente não conseguiu aqui nesta vida. Mas o negócio é ter perseverança sempre pensar nas coisas conquistadas que deram certo e nunca invejar se a grama do seu vizinho aparenta estar mais verde do que a sua, nós sempre pensamos na política da boa vizinhança, por mais que isso não parecesse real.
ATM: Fale sobre a cena underground de Pelotas e as tuas impressões sobre ela. Cite bandas da região que merecem reconhecimento e fale dos pontos positivos e negativos da nossa cena.
WAZS: A cena underground está melhorando no meu ponto de vista, mas pode ficar melhor!!! Antigamente tínhamos mais lugares para se apresentar, o que deveria surgir, para melhorar, era mais locais para eventos porque nós temos a aparelhagem atualmente do nosso amigo Rubira Gordão, que sempre coloca nos eventos, que está muito boa, gosto muito do lugar onde atualmente são feito os festivais, mas seria bem interessante pensarem nisso, também em outras partes de Pelotas tem bastante lugar legal a ser explorado para isso. Tanto vemos que sempre tem festas de tudo que é tipo na nossa cidade. Falando sobre bandas a serem reconhecidas, para mim seria a banda que está correndo atrás do seu objetivo hoje em dia, e está conseguindo fazer seu trabalho. Temos ótimas bandas na cidade e região, se eu apontar uma aqui, terei que falar de todas um pouco, então prefiro elogiar todas que estão mergulhadas de cabeça nos seus trabalhos, que possam sempre contar conosco, e nós com vocês. Pontos negativos que eu vejo seriam as fofocas e picuinhas de pessoal que não apoia a diversão e nem status de cada um que esta se doando para fazer o melhor, e pontos positivos, a meu ver, que hoje em dia as coisas estão sendo mais pensadas do que antes, está havendo mais diálogos entre o pessoal das bandas e não como já foi, que cada um fazia a sua e era tudo muito quieto e calado, espero que isso cada vez mais possa ser melhor, porque isso é para todos nós que respiramos a cena underground. E para difamadores que insistem em colaborar fazendo as suas calúnias e afastando um do outro, só tenho um recado para eles: “O mundo não é dos espertos... é das pessoas que querem se dar bem entre as outras e uma hora essa bobagem de rotulação chegará ao fim”.
ATM: Por fim, agradeço pela hospitalidade e camaradagem, e também pela atenção dedicada ao All That Metal e seu público. Deixe suas últimas palavras aos nossos amigos leitores! Muito obrigado!
WAZS: Agradeço você Paulo Momento pela oportunidade de nos expressar, por você ter ido ao nosso humilde canto onde ensaiamos, e as portas sempre estarão abertas para você e qualquer um que precisar. Sempre digo e direi, cooperativismo e perseverança, sem isso não se faz nada na vida... Esperamos ter colaborado com seu trabalho, das bandas da cena Underground, assim como colaboram com o nosso e esse encontro que tivemos mostrou cada vez mais o seu outro lado que pouco tivemos contato, que foi de grande ajuda, essa que é a ideia e espero que todas as bandas leiam nossa entrevista e vejam o que rola entre nós porque essa é nossa realidade nua e crua de todos os fins de semana, madrugadas adentro fazendo músicas e estabelecendo contatos com esse mundo afora.
Foi um grande prazer realizar esta entrevista, agradecemos o espaço cedido pelo All That Metal e a todos os bangers, amigos e bandas o nosso muito obrigado por nos apoiarem.
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