Entrevista: Kito Vallim (Hellarise, The Apple)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

 

por Caio Botrel

Kito Vallim é músico, compositor, vocalista e baixista e toca nas bandas Hellarise (death metal melódico) e na banda The Apple (rock n roll, hard rock, heavy metal). Kito começou seus primeiros contatos com a música aos 14 anos de idade começando a escrever letras, compor músicas etc. Nesta entrevista, Kito nos contou um pouco de como foi sua trajetória desde o ínico de sua carreira até agora ao entrar para uma banda que já tem certo renome aqui no Brasil e fora, a Hellarise. Fiquem aqui com esta entrevista divertida e com este grande músico!



ALL THAT METAL: Olá Kito Vallim, como vai?
KITO VALLIM:
Vou bem, Caio, e você? Quer tc? (risos)

ATM: Bom, você é o vocalista da banda The Apple e baixista da banda Hellarise, você poderia nos contar como você começou seus estudos em música, e qual foi o caminho trilhado até hoje?
VALLIM:
Bom, eu comecei tocando teclado, com 13 anos, se não me engano, mas eu nunca fiz aula, porque eu sou um gênio hehe. Como eu era o cara que cantava menos pior, acabei virando vocalista nas primeiras bandas e a falta de baixista em todas elas me fez ir atrás de instrumentos de cordas, sempre aprendendo na raça. Atualmente eu faço aula de canto com o Edu Falaschi e isso representou um salto pra mim, tanto em qualidade como vocalista e músico, quanto como desenvolvimento pessoal. Estar ali, do lado de alguém que já passou por tanta coisa boa e ruim na vida, te faz crescer muito.
Depois de algumas tentativas de fazer a banda The Apple alavancar, a gente acabou entrando em um hiato que parecia ser permanente e eu resolvi buscar coisas novas, comecei um projeto novo que ainda não saiu do papel, chamado Final Disaster e acabei conhecendo a Flávia e a Mirella da HellArise pela internet, conversamos, acabei indo em um ensaio, em dois, em três, em quatro, em cinco... e acho que vou continuar indo por algum tempo, já que acabei entrando pra banda de vez.

ATM: Legal! Você entrou para a banda Hellarise como você disse, qual é a experiência de entrar para uma banda que já tem um certo reconhecimento em território nacional e como é fazer parte disso?
VALLIM:
Cara... é uma viagem. Um dia eu entro no estúdio e a Mirella entra com uma revista "olha, saiu uma entrevista nossa nessa revista da Malásia"... tipo QUÊ?!?!?! Minha vida inteira eu comecei bandas do zero, a única experiência que eu tive em que entrei em uma banda foi com a banda Supernova, com um direcionamento mais pop/comercial e fiquei pouco tempo, mas a banda estava bem no começo. Então é meio que bizarro, porque eu realmente não sabia como muitas coisas funcionavam e estou aprendendo a lidar com isso da melhor forma possível porque, na prática, é só chegar no ensaio e tocar, dar o melhor de si como músico. E essa parte mais de administração da banda fica com quem já está lá dentro a mais tempo, mas eu gosto muito dessa parte, então tento aprender o máximo possível para poder ser útil quando for necessário.

ATM: Bom, quais são os próximos planos para a Hellarise e para a sua carreira?
VALLIM:
Bom, eu pretendo ficar famoso e milionário do dia pra noite, acho que seria bem legal.  Mas, no improvável cenário em que meus planos falhem, eu planejo seguir sim com a música, eu vivo e respiro música 24 horas por dia sem exagero. Eu tenho um emprego chato fixo, mas estou o tempo todo pensando e fazendo coisas relacionadas à música. Eu divulgo bandas e faço piadas sem graça em uma página que tenho no facebook chamada Meavy Hetal, eu estou tentando, aos poucos entrar no mercado de produção de shows - mercado nada profissional e cheio de pessoas de intenções duvidosas e que carece de gente querendo atuar de forma positiva para as bandas - e continuar estudando música da forma que eu puder. Amo cantar, amo compor, amo tocar baixo e teclado!
Em relação à banda, estamos em estúdio gravando um EP que vai contar com 5 faixas. Uma delas é a já gravada More Mindless Violence que pode ser baixada no nosso facebook oficial. As outras estão sendo gravadas e estão matadoras! E não, não vou entregar com antecedência o título do EP (risos).... (na verdade o título ainda não foi definido)

ATM: Então, falando sobre a Meavy Hetal, conte nos mais um pouco sobre seu trabalho?
VALLIM:
Aaaah... surgiu como uma piada que virou séria! Eu queria fazer uma página estilo 9gag com piadas apenas voltadas ao metal, aquelas páginas de memes estúpidas que vc encontra facebook afora? então Meavy Hetal é mais uma! Mas é a mais legal. O detalhe é que, com o passar do tempo a coisa foi tomando uma proporção grande e resolvemos abrir um espaço para divulgar bandas. Aos poucos foram surgindo oportunidades maiores de divulgação e acabamos entrevistando algumas delas. Tray Of Gift, Aneurose, Mundo Cao, Maldita... bandas que eu admiro muito. Surgiu, também a ideia de fazer um podcast semanal e a gente tenta fazer semanalmente, mas nunca dá tempo.  Nele eu falo bobagens sobre notícias atuais, rolo uma sonzeira e divulgo bandas. Com mais de 12mil likes e uma audiência média de 100 plays por episódio, eu julgo o resultado satisfatório, lembrando que a equipe não gasta um centavo com nada relacionado ao Meavy Hetal, então é algo legal. Que eu sei que dá pra fazer crescer muito mais. Também realizamos promoções, de vez em quando, com jogos interativos entre os usuários, tentamos tornar o Meavy Hetal uma experiência divertida e descompromissada para o banger, raramente há discussões como em outras páginas/fóruns sobre metal internet afora e isso me deixa contente, significa que ainda há respeito entre as pessoas e o fã de metal, tido como intolerante em muitos casos.
vê se vai



ATM: Bem, voltando a Hellarise e The Apple, como funciona o processo de composição em ambas as bandas?
VALLIM:
Putz, composição é algo bem complexo de se colocar em palavras. No caso da banda The Apple, passamos por várias fases, houve a fase em que eu apresentava a música para os integrantes que tocavam, apenas. A fase em que eu mostrava e cada um colocava a sua cara, e a fase em que qualquer um trazia ideias e a banda ia dando uma cara de música finalizada para aquele embrião (minha fase favorita da banda), mas vale lembrar que hoje, a banda é um projeto que se encontra adormecido. É certo que a banda vai, gravar alguma coisa já acordamos que vamos gravar um EP de 4 faixas e já temos até aonde e com quem gravar, mas quando isso vai acontecer ainda é um dos muitos mistérios que existem entre o céu e a terra (ainda precisaríamos chamar mais gente pois a banda não estaria completa se voltasse hoje). Mas HellArise é minha prioridade. Não vou me abrir para projetos paralelos que prejudiquem o andamento das coisas, temos um EP, um vídeo clipe, shows e mais algumas novidades para o futuro e é nisso que eu estou focando agora 100% da minha energia, gravar com The Apple é uma vontade que todos temos, mas não são planos, de fato, que estamos fazendo. Com relação à HellArise, eu cheguei no time logo depois do processo de composição, então não sei detalhar como é o processo, essa pergunta você pode me fazer na próxima vez que quiser me entrevistar, nesse caso, com melhor e maior convívio com os demais integrantes da banda, eu poderei falar com mais autoridade e compreensão das coisas. Mas, uma coisa é certa: a Mirella (guitarrista) tem grande parte de méritos nas composições e, com certeza vai merecer os parabéns de muita gente quando ouvirem o EP.

ATM: Sobre a cena do metal nacional, o que você acha?
VALLIM:
Como aluno e fã do Edu, eu vou evitar piadinhas nessa questão (risos). Cara, eu vejo muita coisa boa e muita coisa ruim. É até complicado, se você quisesse, poderia fazer uma entrevista comigo em que essa fosse a única pergunta, mas vamos lá. A cena nacional já teve momentos melhores e momentos piores. Estamos em ascensão na cena e isso é, em geral, bom. Muito disso deve-se às próprias bandas que começaram a sair da mesmisse e se mexer à favor da cena e não mais delas mesmas. Então existem polos interessantes. Em Minas Gerais, eu enxergo um mundo mágico em que alguém colocou algo na água lá e só vejo surgirem bandas sensacionais dos mais variados estilos, Aneurose, Tray Of Gift, Motosserra Truck Clube, Hagbard e muitas outras, incontáveis. Basta ir ao Roça N Roll para ver! Agora, aqui em SP, a coisa é mais complexa, existem alguns movimentos coletivos tentando criar um cenário unido, mas eu, particularmente, acho que, para dar certo de verdade, a coisa tem que ser mais espontânea. O ponto é: todas aquelas porcarias que vemos os mais veteranos falando ainda existe amadorismo na produção de realização de eventos, existe preconceito da mídia e existe SIM (por mais que alguns neguem ou, pior, se neguem a enxergar) uma ridícula concorrência individualista entre bandas e músicos. Por outro lado, isso não é mais unanimidade na cena. Músicos estão se unindo, bandas estão caminhando juntas e temos veículos de comunicação dignos como Wikimetal, Lokaos, Heavy Nation, Maloik entre tantos outros que nos mostram como podemos crescer se fizermos as coisas direito. E, também, está cada vez mais fácil conseguirmos boas produções com gente como Brenda Duffey do Norcal Studios, Vitor Rodrigues, Irmãos Falaschi no Do It! Studios e outros grandes nomes que estão ajudando a alavancar as bandas realizando belíssimos trabalhos em seus estúdios

ATM: Dito isto, sobre a cena do Metal nacional, quais conselhos voce daria para novos musicos e novas bandas?
VALLIM:
Estude. Estude tudo. escute bandas que gosta, bandas que não gosta. estude o instrumento que vc toca (ou vocal), estude pelo menos mais um instrumento, estude a composição da música em si. Arme-se do maior leque possível de recursos para fazer a melhor música possível. E evite cair na mesmisse... nada de "que legal essa música, tá parecendo a banda X" ERRADO! Se tá parecendo a banda X, vc está copiando a banda e seu som não é original. Ninguém vai escutar uma banda que parece Iron Maiden se pode ouvir o próprio Iron Maiden, então não tente imitar o som das bandas consagradas, tente ser MELHOR que as bandas consagradas. Só assim vc vai ter alguma chance como músico/banda.

ATM: Você poderia nos contar uma história engraçada de show?
VALLIM:
História engraçada? Pior que eu acho que não... eu já cometi umas gafes. Teve um show que eu quebrei a base do pedestal do microfone. Outro show que a gente combinou de apresentar a banda durante uma parte da música e, depois de eu apresentar o guitarrista, o baterista seguiu na música e o resto da banda teve que acompanhar, então ficou meio... "a banda é só o guitarrista" e eu tive que apresentar a banda de novo depois... mas escorregão no palco, confundir músicas...
Bom.. teve uma vez... (risos)... que o zíper da minha calça quebrou durante o show e eu cantei de braguilha aperta. Acho que esse foi o maior mico que eu paguei hahaha, mas fora isso, nenhuma gafe gigante... (ainda)

ATM: Quais bandas novas você mais gostou?
VALLIM:
Existem dois conceitos para bandas novas, né? Bandas que começaram agora a carreira e bandas que eu descobri à pouco tempo. Recentemente eu tenho ouvido muito aquilo tudo que eu já comentei sobre  cena mineira. Tray of Gift, Aneurose, Motosserra Truck Clube.. e, além disso, No Way daqui de SP, Mundo Cao que já ta na ativa desde 2006 mas lançou o 1o CD em 2011 e eu só descobri ano passado, VoodooPriest e Nervosa, também. Mas também, para não me prender apenas às bandas nacionais, existem grandes bandas novas surgindo lá fora, como Outliar (EUA), Tersivel (Arg), gosto muito do Adrenaline Mob (EUA) e toda a cena de metal da Suécia, como um todo! São as bandas que eu conheci há pouco tempo que eu aconselho para as pessoas, basicamente!

ATM: Bem, obrigado pela entrevista Kito! Você gostaria de deixar uma mensagem para as pessoas que estão lendo?
VALLIM
: Ah, não... quero agradecer ninguém, não obrigado. O prazer foi todo seu. Tá, brincadeiras à parte, eu queria agradecer a vocês pelo espaço cedido para os músicos. Este tipo de iniciativa é muito legal e muito importante para todos no meio musical. Queria convidar as pessoas que tiveram paciência de ler a entrevista até o final para conhecer o meu trabalho com a banda HellArise, com o Meavy Hetal e mesmo com a banda The Apple, apesar de não estarmos mais em atividade há um tempo. E queria dizer que eu não ando com seguranças na rua justamente porque eu não me importo com os fãs vindo pedir autógrafos e tirar foto, okay? Não precisam ficar acanhados, eu sei como é estar cara a cara com uma estrela da música mundial, mas eu sou uma pessoa normal e entendo pelo que vocês estão passando ao me ver, já fui um reles mortal uma vez, então tudo bem me pedir autógrafos okay? Não se acanhem! (risos) Como é bom sonhar.

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